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y de las medidas de protección a la raza Guayaki. Influyentes
miembros del Congreso,especialmente estadunidenses,manifesta-
ron el ato interés que esa conservación tiene para la ciencia. No
pude callara que tal conservación era muy duduosa;aun más que
las probabilidades eran de una próxima desaparición y que ofi-
cialmente no se habían tomado medidas eficaces especiales para
ayudar a la iniciativa particular, por carecer el Paaguay de una
ley general de protección al indígena (...)
[16: 34].
Sua principal intenção era a de demonstrar que os guaranis eram
uma raça superior, e que sua superioridade biológica se refletia
na moral, na alimentação e, inclusive, na medicina.
13
Para desfa-
zer a associação entre índio e selvagem, para reabilitar a “olvidada
y bella raza guarani” e comprovar sua superioridade, Bertoni se
utiliza do instrumental conceitual e técnico do racismo científico,
em especial, da idéia de uma hierarquia das raças demonstrável
cientificamente através de índices antropométricos.
14
Suas po-
sições ficam ainda mais evidentes nas críticas que tece a Silvio
Romero e aAdolfoVarnhagen:“Ya no se niegan más las capacida-
des el elemento americano, ni las posibilidades del africano, ni el
buenVarnhagen se atrevería hoy día a proponer el extermínio de
la raz indígena” [18: 115].
Em 1928, um ano antes de sua morte – aos 72 anos –, Bertoni
realizou um inventário de suas atividades científicas [35],
15
que
seria, posteriormente, publicado na revista Crítica Médica. Nes-
te texto, além relacionar atividades como experiências com uma
determinada planta medicinal, o estudo da composição química
de um solo a ser cultivado e a avaliação da melhor estação climá-
tica para determinado cultivo, fica bastante evidente sua posição
sobre a ligação entre o homem e a natureza: “(...) es sabido que
todo liga en la naturaleza, y todo puede influir sobre todo, en una
interrelación complicadísima y muchísimas veces imprevista.Y
muy especialmente lo sabe quien se dá cuenta de que el verda-
dero valor de toda cosa está en su función, en su relación con lo
demás” [10: 741].
Ao serem analisadas pelos historiadores Justo Pastor Benitez
(1931), Efraim Cardozo (1952) e Miguel Alberto Bartolomé
(1989) e, ainda, pela antropóloga Branislava Susnik (1995), as
teorias de Bertoni e, sobretudo, os dados etnográficos por ele
levantados, foram considerados como um verdadeiro “delírio
etnológico” [3: 46]. De acordo com o antropólogo paraguaio
Miguel Chase-Sardi, as conclusões de Bertoni derivam principal-
mente de suas leituras – “con lentes deformantes e una bibliogra-
fia impresionante” – e não de estudo de campo, já que, apesar de
seus rigorosos estudos empíricos das ciências naturais, “fue ar-
rastado por un romanticismo que hace a sus estúdios inservibles
para LaAntropologia paraguaya” [17: 95].
Hoje em dia, suas teses soam ingénuas e demasiadamente ideo-
lógicas,mas a importância deste estudo antropológico para a his-
tória político-cultural do Paraguai é quase inversamente propor-
cional ao seu valor científico. Com sua obra, Bertoni contribuiu
para o nascimento de uma geração cultural nacionalista-indige-
nista, assim chamada pela revalorização do elemento indígena
como essência da identidade nacional paraguaia. Consequente-
mente, Bertoni tornou-se alvo de críticas ferozes de intelectuais
positivistas e liberais que viam o índio como um peso social: “los
novecentistas aplicaron el evolucionismo positivista para consa-
grar la inferioridad del índio con respecto al componente blanco”
[18: 115].
Os três volumes publicados de
La Civilización Guarani
são apenas
uma parte do projeto editorial de Bertoni, que previa quatorze
volumes.
16
O volume III, intitulado
Conocimientos,
está dividido
emdois livros.Oprimeiro deles é
La Higiene Guarani
, que é com-
posto de três partes –
Importância prática e científica
;
Outros aspectos
da higiene física e sexual
e
Higiene moral
– e conta com 22 capítu-
los;
já o segundo livro é dedicado à
Medicina Guarani
e reúne 22
capítulos.
Em relação à higiene entre os Guarani, Bertoni informa que ti-
nham o cuidado em lavar as mãos antes e após as refeições, se-
guido de enxaguamento bucal. Diz, ainda, que, ao prepararem
os alimentos, os lavavam várias vezes e só os manuseavam com
as mãos limpas; embrulhavam as comidas em folhas de palha ou
de milho para que não as tocassem [2: 41-42]. O asseio do cor-
po era realizado nos rios, mais de uma vez ao dia, independen-
temente da estação climática, sendo extensivo ao cuidado com
as unhas, mãos e pés. Segundo Bertoni, os Guarani não tinham
receio de banhar-se com o corpo suado e nem após as refeições.
Toda atividade física requeria descanso, não ociosidade: “Velada
alegre, sueño tranquilo y buena cama; tales fueron las principales
reglas guaraníes” [2: 52].As mulheres, segundo ele, ocultavam a
menstruação, a ponto de alguns viajantes terem suposto que a
suprimiam através de uma dolorosa escarificação. Os indígenas
tomavam também cuidado com os excrementos que, geralmen-
te, eram enterrados, prática que levou Bertoni a refletir sobre os
cuidados com a higiene adotados na Europa:
Tan extraordinario horror no podia ser debido exclusivamente a
la sensibilidad de los órganos de los sentidos y a delicados concep-
tos de cultura y superoridad.Seguramente encerraba también un
conocimientyo del peligro para la salud pública.Pésimos ejemplos
actualmente presebtab algunso países,por lo demás adelantados,
tanto en Europa cuanto en America. Es una de las partes más
descuidadas de la higiene, y este descuido facilita de muchas
maneras al contagio, a la diseminación y persistencia de varias
graves enfermedades
[2: 46-47].
Numa das primeiras páginas do segundo livro, referindo-se à
condição de saúde dos Guarani, Bertoni afirmou que “la longevi-
dad depende esencialmente de la alimentación, del aseo y la ale-
gria.Y este concepto estaba fuertemente arraigado en la mente
de los Guaraníes, como más adelante se verá” [2: 19]. Segundo
ele, a alimentação entre os Guarani “resulta en todo conforme
con los últimos dictados de la ciencia. Era esencialmente vegeta-
riana, donde admitió carnes, fue con restricción” [2: 61].Cultiva-
vammandioca e batata, viviam de brotos, de ervas, de folhas e de
frutos. Não usavam sal, aguardavam a comida esfriar e comiam
lentamente e calados [2: 106].
No livro sobre a
Medicina Guarani
, Bertoni reuniu e compilou
Medicina tropical e ambiente