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Fig. 6 - Pupas de glossinas (Diptera, Glossinidae). Fotografia de Maria Odete Afonso (2000).

A larviposição é normalmente diurna e é

efetuada em locais favoráveis à larva,

nomeadamente junto aos locais habituais de

repouso dos adultos, em solos não compactos, por

vezes arenosos, sob troncos e ramos caídos de

árvores ou juntos às grandes raízes das mesmas, em

buracos existentes no solo, mas sempre à sombra.

A larva LIII apresenta movimentos de reptação e

tem um curto período de vida livre, à superfície, de

apenas alguns minutos. Depois, penetra no solo,

permanecendo a pouca profundidade, imobiliza-se,

o tegumento escurece, a cor passa de branca a

amarela, laranja, castanha e, por fim, endurece e

torna-se opaca. O pico de eclosão dos adultos

verifica-se, vulgarmente, a meio da tarde, não se

efetuando a temperaturas muito baixas ou muito

elevadas. No adulto recém-eclodido, ou teneral, as

asas, o tórax e o abdómen expandem-se, o

probóscis adquire a posição horizontal e a quitina

inicia o seu endurecimento, estando o inseto apto a

voar cerca de uma hora após a eclosão. Esta

glossina, um a dois dias depois, procura um

hospedeiro vertebrado para efetuar a sua primeira

refeição sanguínea, que se realiza durante o dia.

Na África Ocidental e Central, durante o dia, as

pessoas, em áreas florestais, rurais e periurbanas,

assim como o seu gado, estão sujeitas a serem

picadas e infetadas por espécies glossínicas do

grupo

palpalis.

Na África Oriental, caçadores,

lenhadores e turistas, em reservas de caça (entre

outros locais), estão sujeitos a serem picados e

infetados por espécies glossínicas do grupo

morsitans.

A tripanossomose humana africana

(THA), causada por

Trypanosoma brucei

gambiense

, ocorre na África Ocidental e Central e

pode ser transmitida, consoante as regiões, pelos

seguintes vetores:

Glossina palpalis palpalis

,

G.p.

gambiensis

,

G. tachinoides

,

G. fuscipes fuscipes

e

G. f. quanzensis.

Já a THA causada por

T. b.

rhodesiense

, que se observa predominantementena

África Oriental, pode ser transmitida por

G.

morsitans morsitans

,

G. m. centralis

,

G. pallidipes

e

G. swynnertoni.

Trypanosoma b. brucei

,

T.

congolense

e

T. vivax

são os tripanossomas animais

com maior importância em Medicina Veterinária e

podem ser transmitidos por glossinas de várias

espécies e subespécies.

Nas glossinas suscetíveis, os tripanossomas

apresentam

transformações

morfológicas,

metabólicas e multiplicações cujo local onde

ocorrem, no inseto, é variável segundo as espécies

tripanossómicas.

Assim,

Trypanosoma

(

Duttonella

)

vivax

, no vetor, apresenta o ciclo mais

simples, onde a quase totalidade do mesmo se

desenrola na armadura bucal.

T.

(

Nannomonas

)

congolense

apresenta um ciclo intermédio, onde

apenas o probóscis e o intestino médio, ou

estômago, estão envolvidos.

T.

(

Trypanozoon

)

brucei

ssp. apresenta o ciclo mais complexo,

implicando o estômago (formas procíclicas do

parasita),

o

proventrículo

(formas

proventriculares), o probóscis e, por último, as

glândulas

salivares

onde

as

formas

proventrículares se transformam em epimastigotas,

multiplicam-se e dão origem às formas

metacíclicas infectantes que, através da saliva,

serão inoculadas no hospedeiro vertebrado.

A

duração dos ciclos, consoante as espécies dos

tripanossomas, e as condições ambientais, podem

variar, nos vetores, em média de 6 a 30 dias

(Afonso, 2000).

Presentemente, devido à gravidade das

tripanossomoses africanas, vários investigadores

do IHMT, em colaboração com outras instituições,

têm realizado estudos sobre as glossinas, ainda que,

tal como os flebótomos, as moscas tsé-tsé sejam

consideradas de “menor importância” em relação a

outros vetores. Contudo, este “preconceito” está,

felizmente, a desaparecer (Dyer

et al

., 2009;

Ferreira

et al

., 2008).