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não pode haver regras fixas, já queosplanosa pôr

emprática têmde ser adoptados às circunstâncias,

tendo em vista diversos aspectos do problema:

área a tratar, condições climáticas, orografia,

vegetação, biologia das glossinas, recursoslocais,

meios de transporte e tantos outros

.

No que diz respeito ao início do estudo dos

flebótomos em Portugal, não podemos esquecer o

médico, parasitologista e bacteriologista Dr. Carlos

França, que é também considerado o primeiro

entomologista médico português (Afonso

et al.

,

2007). Ainda que este investigador tenha efetuado

trabalhos sobre glossinas (França, 1905), foi sobre

o estudo dos flebótomos de Portugal e do Novo

Mundo (França e Parrot, 1921) que a sua

prestigiosa obra se tornou conhecida. Em 1913,

assinalou, pela primeira vez em Portugal, a

presença de

Phlebotomus papatasi

. Em 1918,

descreveu a fêmea de

Phlebotomus. sergenti

; em

1920, alterou, com Parrot, o nome de

Newsteadia

para

Sergentomyia

; em 1921, criou, conjuntamente

com Parrot, o género

Brumptomyia

(NovoMundo)

e, em 1924, criou o género

Lutzomyia

(Novo

Mundo).

Presentemente, estão assinaladas 800 espécies

flebotomínicas,

das

quais

98

são

comprovadamente, ou suspeitas de serem, vetores

de leishmanioses humanas. Destas, 42 espécies são

do género

Phlebotomus

,

no Velho Mundo, e 56

espécies do género

Lutzomyia

, no Novo Mundo

(Maroli

et al

., 2012). Morfologicamente, os

adultos, ou imagos, são dípteros de reduzidas

dimensões, com 2 a 5 mm de comprimento, de cor

castanha, clara ou escura, com antenas iguais em

ambos os sexos, aparelho bucal vulnerante nas

fêmeas, asas lanceoladas e pilosas, com seis

nervuras longitudinais, sendo a segunda bifurcada

duas vezes, e dimorfismo sexual acentuado. Os

imagos apresentam uma vida aérea e as fases

imaturas uma vida terrestre (Figura 1).

Fig. 1 - Ciclo de vida dos flebótomos (Diptera, Psychodidae).

Phlebotomus perniciosus

(colónia; IHMT).

Figura modificada e cedida por Branco (2011).

As fêmeas são hematófagas e fitófagas e os

machos somente fitófagos. As fêmeas efetuam as

posturas em solos húmidos, tais como tocas de

roedores, grutas, galinheiros, coelheiras, lixeiras,

buracos nos muros e outros, onde se desenvolvem

as larvas. Estas são saprófagas e apresentam

diapausa nas regiões temperadas. As pupas não se

alimentam até à eclosão dos adultos. O número de

gerações anuais, nos climas temperados, é de um a

dois e a atividade dos imagos é crepuscular e/ou

noturna, cessando entre os 12-16 ºC (Afonso e

Alves-Pires, 2008). Para o estudo flebotomínico de

uma determinada área, os adultos são normalmente

capturados através de armadilhas luminosas

(Figura 3) e/ou papeis impregnados com óleo de

rícino.