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os milhares de esporozoítos. Contudo, dados mais

recentes apontam para um processo ativo que

envolve diversas moléculas do parasita, como a

proteína circum-esporozoítica (CSP) (Wang

et al.

,

2005) e proteases cisteínicas (Aly e Matuschewski,

2005).

Uma vez no hemocélio, os parasitas tornam-se

vulneráveis aos hemócitos, que medeiam a resposta

humoral e celular na hemolinfa. As contribuições

para a resposta humoral incluem a síntese de

péptidos antimicrobianos (AMP) e a produção e

secreção de proteases extracelulares, que

participam nas cascatas de ativação de processos

como a melanização e a coagulação. Durante as

respostas celulares, os hemócitos estão presente no

local da infeção e em contacto com o agente

patogénico, desencadeando mecanismos efetores,

como a fagocitose e a encapsulamento.

Os mosquitos possuem vários tipos de

hemócitos, que foram classificados por Hillyer e

Christensen (2002), para

Ae. Aegypti

, em quatro

tipos celulares, conforme a morfologia, a ligação a

lectinas e atividade enzimática: granulócitos,

oenocitóides, adipo-hemócitos e trombocitóides. O

mesmo tipo de hemócitos, com exceção de

trombocitóides, foi observado em

An.gambiae

por

Castillo

et al

. (2006). No entanto, ainda não está

claro, para ambas as espécies, qual o tipo de

hemócitos que é ativado ou os mecanismos

específicos que promovem.

Cada oocisto dá origem a cerca de 4000

esporozoítos repondo e aumentando o número de

parasitas de novo. Os esporozoítos fluem

juntamente com a hemolinfa até atingirem as GS.

Durante esta fase, os hemócitos desempenharam

um papel importante no controlo da infeção,

contudo, a grande redução do número de parasitas

não pode ser explicada exclusivamente por

mecanismos de fagocitose, estando provavelmente

envolvidos mecanismos de lise celular (Hillyer

et

al

. 2003). A rápida chegada às GS é importante

para o sucesso da invasão, estando envolvida a

mobilidade do parasita por deslizamento (

gliding

),

como demonstrado pelo silenciamento do gene da

proteína

anónima

relacionada

com

a

trombospodina (TRAP) de

Plasmodium

, que

codifica uma proteína fundamental a este processo

e cujo silenciamento impede a invasão das GS

(Sultan et al ., 1997)

. A melanização é um

mecanismo imunitário efetor que consiste na

deposição de uma camada de melanina sobre os

microrganismos para evitar a propagação da

infeção, permitindo a morte localizada do

microrganismo, seja por citotoxicidade através de

produtos secundários da melanização, como

intermediários reativos de oxigénio e nitrogénio

(ROI e RNI, respetivamente), seja por outros

mecanismos

efetores.

O

reconhecimento

microbiano ativa uma cascata de proteases

serínicas na hemolinfa que, sequencialmente, ativa,

através de proteólise, a protease seguinte,

culminando com a clivagem da profenoloxidase

(PPO), convertendo-a fenoloxidase (PO) e,

subsequentemente, conversão da tirosina em

melanina.

A melanização de oocinetos de

Plasmodium

em

An. gambiae

é regulada por moléculas, tais como

TEP1, SRPN6 e algumas proteases serínicas com

motivo CLIP (Abraham

et al

., 2005; Blandin

et al

.,

2004; Volz

et al

., 2006). A maioria dos estudos

realizados até agora refere-se à fase de intestino

médio de infeção por

Plasmodium

no mosquito.

Mesmo assim, a melanização de esporozoítos foi

demonstrada na hemolinfa de

Ae. aegypti

(Hillyer

et al

., 2003) e no nosso laboratório. O tratamento

de

An. gambiae

com

N

-feniltioureia, um inibidor

da PO, resultou num aumento significativo de

esporozoítos nas GS, sugerindo envolvimento

deste mecanismo efetor no controlo da infeção na

hemolinfa (dados não publicados).

O esporozoíto segue uma via intracelular através

do epitélio das GS, de modo a chegar até ao ducto

salivar. No entanto, os eventos biológicos

decorrentes da invasão pelos esporozoítos são

distintos dos que ocorrem na invasão pelos

oocinetos. O esporozoíto entra no epitélio pelo lado

basal e, durante a invasão celular, encontra-se

inicialmente envolvido

por

um

vacúolo

parasitóforo transitório (Rodriguez e Hernandez-

Hernandez, 2004) cuja formação não está ainda

totalmente esclarecida, assim como também não se

sabe exatamente como é que o parasita escapa deste

vacúolo e sai para a cavidade secretória.

Contrariamente ao que acontece no intestino

médio, nesta fase da invasão, não são observados

efeitos nas células hospedeiras invadidas, não

havendo registo de apoptose ou rearranjos na

actina. Inclusivamente, a expressão do gene da

sintetase de óxido nítrico (NOS) não se altera ou é

apenas sub-regulada (Dimopoulos

et al

., 1998;

Rosinski-Chupin

et al

., 2007), assim como não é

possível detetar a própria NOS (Pinto

et al

., 2008).

Apesar de contactarem com diferentes órgãos e

tipos de células, os esporozoítos libertados pelos

oocistos apenas invadem as GS, o que implica o

reconhecimento ativo deste órgão, processo

mediado

por

interações

receptor-ligando

específicas da espécie, conforme demonstrado por

Rosenberg (1985), associadas à mobilidade

específica dos esporozoítos e à formação de juntas