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de RAPD e mitocondriais, permitiram avaliar o
grau de diversidade genética entre as populações de
moluscos e analisar a sua posição sistemática e
relação filogenética com outras espécies
homólogas. Com aplicação destes marcadores, foi
possível explicar a variabilidade genética intra- e
inter-populacional
de
duas
estirpes
de
Biomphalaria glabrata
(Figura 10D) nos períodos
pré e pós exposição a miracídios de
Schistosoma
mansoni
(Martins, 2010).
Se a schistosomose representa uma das
parasitoses mais importantes na saúde humana, a
fasciolose tem um grande impacte em saúde
animal. As espécies da família Lymnaeidae atuam
como hospedeiros intermediários de cerca de 71
espécies de tremátodes, pertencentes a 13 famílias,
cujos hospedeiros definitivos são aves e mamíferos
domésticos e silváticos (Bargues
et al
., 2001).
Fig. 10 - Moluscos hospedeiros intermediários de helmintoses. A)
Helisoma
sp.; B)
Planorbarius
metidjensis;
C)
Bulinus truncatus;
D)
Biomphalaria glabrata;
E)
Lymnaea truncatula.
Os estudos de transmissão de
F. hepatica
são
complicados devido à grande quantidade de
espécies
de
moluscos
morfologicamente
semelhantes que podem atuar como hospedeiros
intermediários (Bargues
et al
., 2007). Por exemplo,
foram consideradas duas espécies,
L. viatrix
e
L.
cubensis
, como estando envolvidas na transmissão
da fasciolose humana em zonas hiperendémicas do
Altiplano da Bolívia mas, posteriormente, provou-
se seremvariantes de
L. truncatula
, importadas da
Europa (Bargues
et al
., 2007; Bargues
et al
., 2011;
Jabbour-Zahab
et al.
, 1997; Mas-Coma
et al.
,
2001). Em Portugal, o molusco
Lymnaea
truncatula
(Figura 10E) foi alvo de vários estudos
sobre distribuição, variação da densidade
populacional ao longo do ano, diversidade
genética,
habitats
e influência de parâmetros
físicos, químicos e biológicos, na densidade
populacional de
L. truncatula
em cinco distritos
portugueses (Coimbra, Évora, Leiria, Lisboa e
Funchal) (Ferreira
et al.
, 2006). Neste estudo, foi
identificada, pela primeira vez, em Portugal
continental e na ilha da Madeira, a espécie
Lymnaea
schirazensis
,
morfologicamente
semelhante, mas geneticamente diferente, da
L.
truncatula.
Na ilha da Madeira, foi detetado,
inclusive, um haplotipo distinto do presente no
continente. Ainda nesta ilha, foi identificada a
espécie
L. truncatula
L.
(
Pseudosuccinea)
columella
, hospedeiro intermediário de
F. hepatica
emvárias regiões do globo. Encontram-se em curso
estudos moleculares com vista à deteção de ADN
de
F. hepatica
nas várias espécies lymnaeidicas
colhidas tanto no continente como na ilha da
Madeira (Afonso
et al.
, 2011).
Com base nos inquéritos malacológicos
efetuados desde o ano 2000, foram colhidos, em
Portugal continental e ilha da Madeira, moluscos
pertencentes a várias espécies (Figura 11):
Lymnaea truncatula
,
L. schirazensis
,
L. peregra
,
Planorbarius metidjensis
,
Physa acuta
,
Bithynia
tentaculata
,
Gyraulus
sp.,
Helisoma
sp.,
Ancylus
sp. e, ainda, alguns exemplares da subclasse
Prosobronchiata (Ferreira
et al
., 2006).