![Show Menu](styles/mobile-menu.png)
![Page Background](./../common/page-substrates/page0060.png)
56
da população e, emCabo Verde, este resultado tem
importantes implicações para as estratégias de
controlo da malária pois, sendo uma área
epidémica, é recomendado, pela OMS, o uso de PQ
como fármaco bloqueador de transmissão.
A PQ, uma 8-aminoquinolina, é o único
antimalárico disponível ativo contra as formas
hepáticas (incluindo hipnozoítos), as formas
eritrocitárias e os gametócitos (bloqueando a
transmissão ao mosquito) (Vale
et al.
, 2009a).
Infelizmente, possui baixa biodisponibilidade oral
(por
conversão
no
metabolito
inativo
carboxiprimaquina), o que obriga à administração
frequente de doses elevadas, e é hemotóxica,
especialmente em populações vulneráveis, como
mulheres grávidas, crianças (inferiores a 4 anos) e
idosos. Estas limitações afetam, principalmente, a
sua utilização na profilaxia e no tratamento da
malária por
P. vivax
ou
P. ovale
(que formam
hipnozoítos), sendo a primeira a espécie mais
prevalente em áreas de clima temperado onde a
malária pode reemergir e causar morbilidade
considerável. Além disto, os efeitos deste fármaco
em indivíduos deficientes em G6PD causam
preocupação, sendo a frequência desta deficiência
enzimática elevada na maioria das áreas
endémicas.
A PQ foi aprovada pela FDA em 1952 e, apesar
dos esforços para desenvolver derivados, apenas a
bulaquina, na Índia, foi aprovada para uso clínico.
Os novos derivados deverão conservar as
excelentes propriedades como antimalárico multi-
estadio, aumentar a biodisponibilidade oral e
diminuir a toxicidade. Para isto têm sido feitas
abordagens químicas para “mascarar“ a amina
alifática da molécula da PQ, a fim de obter
derivados resistentes à desaminação oxidativa,
principal via subjacente à baixa biodisponibilidade
oral.
Foram
desenvolvidos
derivados
peptidomiméticos, as imidazoquinas, que testados
em modelo murino (
Plasmodium berghei
),
demonstraram ótimo potencial no bloqueio de
transmissão. Apesar de muito estáveis em meios
fisiológicos, as imidazoquinas são menos ativas
contra formas hepáticas (Vale
et al.
, 2008; Vale
et
al.
, 2009b; Vale
et al.
, 2009c). Em alternativa,
foram
também
desenhados
derivados
organometálicos, os primacenos, tendo sido
conseguido um metaloceno (ferroceno) com
atividade de bloqueio de transmissão e 45 vezes
mais ativo contra as formas hepáticas de
P. berghei
do que a PQ (Matos
et al.
, 2011).
Atualmente, por forma a poder aplicar-se este
fármaco mais eficazmente na terapêutica e controlo
da malária nas regiões endémicas e epidémicas, os
quatro derivados com melhores perfis de atividade
multi-estadio encontram-se em fase de
caracterização
das
suas
propriedades
farmacológicas
de
ADME
(Absorção-
Distribuição-Metabolismo-Excreção), estabilidade
metabólica
(meia-vida)
e
interações
medicamentosas (DDI).
Desta forma, esperamos contribuir para o
desenvolvimento de um antimalárico multi-
estadio, eficaz e seguro para o tratamento de
malária em pessoas com deficiência de G6PD e
outras populações vulneráveis, passível de ser
utilizado em maior escala do que, até ao momento,
tem sido possível com a primaquina.
AGRADECIMENTOS
Trabalho realizado com financiamento da
FCT/MEC.