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Angola, localizada na sub-região central de África (OMS) tem uma prevalência

actual média estimada em 2.4%, estando rodeada a Sul e Leste por países de

prevalências mais elevadas. Em Angola, predomina o VIH-1. Os dados

publicados sobre a epidemiologia molecular do VIH em Angola mostram uma

grande diversidade de subtipos e formas recombinantes circulantes (CRF),

recombinantes circulantes únicas (URF) e amostras não tipificadas.

A motivação para o estudo presente foi o conhecimento ainda limitado sobre a

infeção por VIH em Angola, desde a epidemiologia molecular às características

clínicas, imunológicas, virológicas, resposta à terapêutica anti-retrovírica

combinada (TARVc) e perfil de resistência do VIH à TARVc.

Foi estudado um coorte de 300 doentes adultos, com infecção por VIH, de 15

de Junho de 2006 a 15 de Junho de 2010. Predomina o género feminino, 65%

(194/300) e o grupo etário dos 25 aos 39 anos, 62% (186/300). A mediana de

idades é 33 anos, residem em Luanda 98% (295/300), 94% são angolanos,

sendo os estrangeiros de S. Tomé e RDC. A Classificação CDC de 1993 na

linha de base mostrou um predomínio de doentes da categoria clínica C, 53%

(160/300), com uma ou duas doenças definidoras; 34% (101/300) dos doentes

eram da Categoria C3 do CDC e 49% (147/300) tinham linfócitos T CD4+

abaixo das 200 cel/ l. A doença definidora mais frequente foi a Tuberculose,

em 39% dos doentes (117/300). A mediana de linfócitos T CD4+ na linha de

base foi de 195 cel/μl [1-1076]. Apenas 12,2% dos doentes (37/302) tinha T

CD4+ de base superior a 500 células/ l. Determinou-se a carga vírica na linha

de base, em 213 dos doentes (71%), verificando-se que 46% destes doentes

(97/213) tinham cargas virícas superiores a 100.000 cp/ml, 32% (69/213) entre

10001 e 100000, 21% (45/213) entre 400 e 10000, 0,9% (2/213) abaixo de 400

cp/ml.

Iniciaram terapêutica anti-retrovírica no período de estudo 206 doentes (69%)

com esquemas terapêuticos baseados em NNRTI, sendo 131 (64%) medicados

com a associação d4t+3TC+ NVP. Ao fim de 4 anos, em Junho de 2010, havia

126 doentes monitorizados com contagem de linfócitos T CD4+ e CV, estando

62% dos doentes com CV indetectável (79/126). Os doentes em falência

virológica corresponderam a 16% (20/126), 9% (11/126) tinham resultados

discordantes (boa resposta imunológica mas carga viral detectável) e 13%

(16/126) foram inconclusivos. Foi mudada a terapêutica para esquema de 2ª

linha em 5 doentes, 4 dos 5 doentes com critérios de falência virológica e 1

sem critérios de falência virológica, por toxicidade ao EFV.

Os doentes com critérios de falência imunológica ou virológica segundo a OMS

e os doentes com dados inconclusivos foram seleccionados para testes

genotípicos de resistência aos anti-retrovíricos (TR). Foram realizados TR e

subtipagem em 37 doentes. Nos doentes que realizaram TR sob TARVc, as

mutações de resistência mais frequentemente encontradas foram a M184V, em

16 doentes, a K103N em 12 doentes e a Y181C em 7 doentes. O subtipo C, foi

o subtipo predominante em 30% (11/37) dos casos.

Para avaliar a adesão à TARVc, foram estudados 63 doentes, faltosos a

consultas ou demonstrado sinais de falência clínica, imunológica ou virológica.

O método realizado foi o auto-relato por entrevista. Verificou-se uma adesão à

TARVc de 100% em 33% (21/63), adesão entre 100% e 90% em 7% (4/63), de

50 a 90% em 7% (4/63) e inferior a 50% em 54% (34/63). Como factores de

não-adesão, predominavam a mobilidade no emprego e factores familiares e

sociais, apontados como razão para a falta às consultas que davam acesso

aos medicamentos ARV. Fazendo corresponder os resultados dos testes de

resistência realizados à adesão de todos os doentes entrevistados, verifica-se

que o grupo de 34 doentes com menos de 50% de adesão, 19 realizaram TR e