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do
lato
e
stricto sensu,
interno e externo à ENSP e destes com a
pesquisa, pode ser caracterizado pelo pouco envolvimento dos
pesquisadores com objetos de estudo de interesse dos serviços
de saúde e do território.Além disso, com poucas exceções, não
se identificou aproximação entre as linhas de pesquisa, os te-
mas e objetos de estudos dos trabalhos de conclusão de curso,
e modelos ou interesses em transladar esse conhecimento para
aqueles espaços sócio-sanitários.
4.
Algumas considerações finais
A análise da rede sociotécnica do ensino da ENSP revelou, como
apontado por Hartz
et al
(2008) e Potvin e Gendron (2006)
uma parte substancial da natureza dinâmica e social presente
nos programas de formação em saúde pública, em termos da
sua capacidade de adaptação, inovação e proposta de ação para
solução de problemas locais. No entanto, após a reconfiguração
da rede na sua relação com o território de Manguinhos, uma das
evidências encontradas foi a necessidade de atravessar o abismo
ruidoso que se estabeleceu entre os modelos de ensino em saú-
de do
stricto sensu
e
lato sensu
dentro da instituição, bem como
entre ensino e pesquisa e a baixa capacidade de comunicação
dos produtos e inovações advindas destes.Abismo este que não
é privilégio apenas da ENSP, mas que deve ser olhado com aten-
ção por ser a ENSP uma escola de referência no campo da saúde
pública tanto do Brasil como para outros países.
O risco da desconexão entre ensino e pesquisa reflete-se direta-
mente nas controvérsias encontradas no âmbito do SUS, no que
tange à relação empobrecida e irreal entre pesquisas-políticas-
-serviços. Se a produção do conhecimento cientifico, seja por
meio da pesquisa, seja por meio do ensino, visa responder às
lacunas do Sistema de Saúde, ainda aparece como um problema
na medida em que não há uma congruência entre as necessi-
dades e a produção disponível. Esta pesquisa buscou, de forma
ainda preliminar, encontrar caminhos para instaurar algumas
pontes entre estas fronteiras.
Na medida em que docentes não conseguem trocar experiên-
cias e menos ainda publicarem juntos os seus trabalhos e que
alguns se consideram mais conhecedores do que outros sobre o
território ou de ter maior bagagem intelectual porque possuem
maior publicação em revistas indexadas (exigência do modelo
institucional), isto reflete-se na promoção de pouca ou nenhu-
ma mudança nos contextos estudados, com pouca utilização
dos seus processos e resultados pelos vários possíveis usuários,
como outros pesquisadores gestores, profissionais e população
(Morel
et al
, 2004, 2009).
Há caminhos apontados, entre aproximações e obstáculos, para
a possível construção de pontes e parcerias como: discussões
em conjunto em fóruns permanentes de ensino; valorização
dos profissionais docentes/pesquisadores do
lato
e do
stricto
;
realização de parcerias intra ou interinstitucionais para além da
ENSP; aproximação do
stricto e do lato
para que possam pen-
sar, escrever e atender às demandas por melhor qualidade de
saúde; reorientação dos orientadores para repensarem sobre os
interesses das pesquisas voltadas para as necessidades e lacunas
existentes no território. A continuidade dos esforços em pro-
mover o uso de uma metodologia que propicie o pensamento
em rede, tanto no
lato
como no
stricto
, tanto na gestão quanto
na coordenação, orientação e sala de aula, pode potencializar os
espaços de reflexão para a produção de aproximações pesquisa-
-ensino-território.
Enfim, a finalidade foi contribuir com uma reflexão para a uti-
lização mais efetiva do conhecimento resultante de produção
científica sobre formulação e implementação de políticas na área
da saúde no âmbito do território de Manguinhos. Pois, acredita-
-se que os trabalhos de conclusão de curso de pós-graduação
que têm como foco o território de Manguinhos, possam contri-
buir tanto para a compreensão de aspetos voltados à melhoria da
gestão e práticas de saúde no âmbito do ProgramaTeias Escola
Manguinhos, com repercussão na melhoria das condições so-
ciosanitárias da população assistida, quanto possam servir como
referência ao desenvolvimento de processos de trabalhos seme-
lhantes em outros territórios.
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