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S49

Suplemento dos Anais do IHMT

sociados à infeção bem como descrever o acesso aos serviços

de saúde. Os estudos foram conduzidos através da realização

de um inquérito por questionário e teste rápido para oVIH, e

incorporando uma ação de prevenção. A segunda componen-

te do projeto consistiu na implementação de iniciativas para a

promoção da saúde sexual, prevenção doVIH e promoção do

acesso aos serviços de saúde, com base nas necessidades iden-

tificadas na componente de investigação e em estreita colabo-

ração com os diversos atores numa abordagem de investigação

participativa baseada na comunidade.

Como potenciar a produção

e translação de conhecimento numa

investigação participativa?

Ao longo da experiência do PREVIH pretendeu-se poten-

ciar a produção e tradução do conhecimento gerado. Para

a presente reflexão sobre como decorreu este processo de

translação do conhecimento nesta investigação participativa

surgem várias questões, nomeadamente:

1) Como é que a parceria foi criada, se desenvolveu e fun-

cionou como resposta às questões doVIH nas populações de

HSH eTS?

2) Como foi gerida a governança ao longo do projeto pelos

parceiros coordenadores, académico e comunitário?

3) Que abordagens e processos foram adotados na investiga-

ção intervencional?

4) Que oportunidades e desafios surgiram para a produção e

translação do conhecimento?

5) Que mudanças ocorreram nos diferentes

stakeholders

?

O projeto PREVIH adotou uma abordagem participativa

num quadro conceptual de investigação-ação [11,12]. En-

quanto investigação intervencional o PREVIH envolveu

tanto investigadores como profissionais de saúde, decisores

políticos, representantes de ONGs, membros da comunida-

de e sociedade civil no desenvolvimento das suas atividades,

tendo como princípios e pressupostos transversais a mul-

tissectorialidade, a participação ativa e a promoção do

em-

powerment

de todos os parceiros do projeto. Contribuindo

para um processo de inovação social, o PREVIH interagiu

com o contexto e simultaneamente produziu mudanças no

sistema, evidenciando a natureza dinâmica e complexa desta

investigação intervencional. Em particular, o projeto trans-

formou os atores, eventos e locais, teve impacto nas redes

de interação pessoa-tempo-espaço que se desenvolveram,

mudando relações, alterando atividades existentes, criando

novos papéis e redistribuindo e transformando recursos por

toda a rede. Desta forma, através da abordagem participativa

o PREVIH proporcionou a oportunidade de criar um novo

setting

com novas sinergias e novas formas sustentáveis de

trabalho na área doVIH (Figura 1). Este processo promoveu

a translação do conhecimento.

Desenvolvimento da parceria do projeto

Sendo o PREVIH um projeto pioneiro na área doVIH, com po-

pulações de difícil acesso, foi necessário perceber qual a viabili-

dade e aceitação das atividades de investigação e intervenção nas

comunidades envolvidas. Neste sentido optou-se por realizar

inicialmente uma pesquisa formativa para compreender o con-

texto onde o projeto se ia desenvolver, mapear exaustivamente

as organizações, serviços e instituições governamentais que tra-

balham com estas populações, conhecer as ações desenvolvidas

e áreas abrangidas. Esta pesquisa formativa foi muito importan-

te pois permitiu identificar estruturas de proximidade, organi-

zações e associações comunitárias como potenciais parceiros,

identificar pontos focais de ligação com a equipa do PREVIH e

também redes sociais e locais de socialização

gay

e de trabalho

sexual onde poderia vir a ser realizada a recolha de dados. Este

processo inicial foi diferente nos dois grupos. Relativamente ao

grupo de HSH, já existia um contexto de organização dos mo-

vimentos sociais e associações comunitárias

gay

o que facilitou a

identificação de parceiros comunitários. Já no caso do grupo de

TS, a sociedade civil não estava organizada, nem era facilmente

reconhecível e as ONGs desenvolviam a sua atividade de for-

ma fragmentada e isolada, implementando ações esporádicas

orientadas para TS. Nesta fase inicial, o parceiro comunitário

promotor do projeto teve um papel crucial na identificação de

parceiros comunitários e como mediador entre o projeto e as

comunidades no estabelecimento de relações de confiança.

No processo de desenvolvimento da parceria, várias questões

foram consideradas: Que organizações representavam melhor

a comunidade? E quais incluir na parceria? Como a relação

anterior entre as diferentes organizações iria influenciar o pro-

cesso? Como lidaríamos com organizações não interessadas/

oponentes?

O PREVIH conseguiu envolver ativamente diversos e numero-

sos parceiros, entre os quais 40 organizações comunitárias de

todo o país, todas asAdministrações Regionais de Saúde do país,

10 Centros deAconselhamento e Deteção Precoce doVIH, seis

hospitais e outras estruturas públicas de saúde como serviços es-

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oportunidade de criar um novo

setting

com novas sinergias e novas formas sustentáveis de

trabalho na área do VIH (Figura 1). Este processo promoveu a Translação do Conhecimento.

Figura 1. Dinâmica do processo de desenvolvimento do projecto PREVIH numa abordagem

participativa e de interacção com o contexto.

Desenvolvimento da parceria do projecto

Sendo o PREVIH um projecto pioneiro na área do VIH com populações de difícil acesso foi

n cessário per eber qual a viabilidade e aceitação das actividades de investigação e intervenção

nas comunidades envolvidas. Nest sentido optou-se por realizar inicialmente uma pesquisa

formativa para compreender o contexto onde o projecto se ia desenvolver, mapear

exaustivamente as organizações, serviços e instituições governamentais que trabalham com

estas populações, conhecer as acções desenvolvidas e áreas abrangidas. Esta pesquisa formativa

foi muito importante pois permitiu identificar estruturas de proximidade, organizações e

associações comunitárias como potenciais parceiros, identificar pontos focais de ligação com a

equipa do PREVIH, e também redes sociais e locais de socialização

gay

e de trabalho sexual

onde poderia vir a ser realizada a recolha de dados. Este processo inicial foi diferente nos dois

Figura 1.

Dinâmica do processo de desenvolvimento do projeto PREVIH

numa abordagem participativa e de interação com o contexto.