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S44

ferência aqueles referentes ao período de implementação dos

cursos vinculados ao Teias, totalizando oito informantes. Os

informantes-chave, total de sete, foram selecionados conforme

critério de importância na gestão institucional do ensino, cursos

que mais possuem trabalhos voltados ao território e orientado-

res mais envolvidos com o território de Manguinhos, seja por

tempo de experiência, produtividade, orientação, participação

em grupo de pesquisa de maior proeminência na instituição, en-

tre outros aspetos.

Ao tomar como base a referência daTeoria doAtor Rede (TAR),

conforme apresentado anteriormente, para a análise do pre-

sente estudo, foram definidas as seguintes categorias de análise

baseadas no estudo de Figueiró

et al

, 2011: rede sociotécnica

(atores/atuantes), atores interessados, interações e consequên-

cias.As

categorias possibilitaram uma análise mais detalhada dos

dados coletados por meio do levantamento documental e das

entrevistas. Importante apenas assinalar que os interesses dos

atores e interações foram tratados como permeando e ou mate-

rializando as pontes ou possibilitando as consequências.

Os dados foram analisados pela técnica de análise de conteúdo,

com a realização de leituras sucessivas, buscando identificar os

temas previstos nas categorias de análise inicialmente formula-

das, bem como padrões emergentes, num processo de codifi-

cação aberta (Bardin, 2011; Minayo, 2006). Inicia-se com uma

análise prévia para a apreciação da qualidade do material e a or-

denação dos dados.Verificou-se, em seguida, se as informações

eram suficientes para interpretação sobre os aspetos importan-

tes, considerando os objetivos da avaliação. Por fim, a análise

final do material, procurando aprofundar as articulações esta-

belecidas entre os dados e os referenciais teóricos da pesquisa,

respondendo às questões com base nos seus objetivos.

3.

Resultados

A partir do levantamento realizado dos trabalhos dos cursos de

pós-graduação no período de 2004 a 2013 a respeito do territó-

rio de Manguinhos foram localizados 49 trabalhos, 37 orienta-

dores e 71 alunos.Todos os orientadores são vinculados à Escola

Nacional de Saúde Pública, alguns com vínculo com outra insti-

tuição de pesquisa e ensino e associados a 129 linhas de pesquisa,

conforme informações do Currículo Lattes.

Grande parte dos trabalhos é oriunda dos cursos de pós-gradua-

ção

stricto sensu

(88%), sendo que desse conjunto 46% trata-se

do Mestrado Académico em Saúde Pública, que é o curso mais

antigo da ENSP e concentra todas as linhas de pesquisa supra-

citadas. Importante mencionar a diferença da distribuição da

oferta de vagas no mestrado académico que é bem superior a

qualquer outra modalidade de formação.

Considera-se que no período estudado, mudanças e novas con-

figurações no contexto da Escola estabeleceram diferentes rela-

ções entre cursos, docentes, pesquisadores, gestores e suas insti-

tuições, que interferiram diretamente na relação do ensino com

o território – período este coordenado pelo mesmo diretor e

equipa por dois mandatos.Ainda que a Escola possua um histó-

rico de intervenções nas condições de saúde em Manguinhos,

nesse período um fator diferencial na relação estabelecida entre

a instituição e o território foi o contrato formalizado entre a

Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e a ENSP, com

o objetivo de ampliar a esfera da Atenção Básica em Saúde con-

forme os pressupostos do SUS, em consonância com iniciativas

a nível federal e no âmbito da própria Fiocruz.

Tais mudanças possibilitaram a criação de uma rede de ensino

e de pesquisa voltada para as necessidades de Manguinhos, de

novos cursos e a reformulação de outros, assim como, a reali-

zação de pesquisas aplicadas ao território. Ainda nesse período

constatou-se que consideráveis iniciativas no campo do ensino e

da pesquisa foram realizadas para o fortalecimento desse propó-

sito, em especial no que se refere ao aperfeiçoamento dos ser-

viços de saúde. No entanto, apesar de praticamente desde sua

origem o CSEGSF ter como área de abrangência o território de

Manguinhos, muitos ainda eram os desafios da atenção básica

nesse território a serem superados.

O curso de residência em saúde da família mostrou ser a mo-

dalidade de formação da ENSP com maior aproximação com o

território, pois trata-se de formação teórica e inserção na rede

de atenção à saúde, que tem ênfase na atenção primária em saú-

de, ainda que com menor capilaridade na difusão do conheci-

mento produzido.

“As áreas mais estudadas, os complexos de favelas mais estudados do Rio

de Janeiro, são Manguinhos e Maré. Mas isso não interfere em nada na

vida na Maré e em Manguinhos. Eu acho isso impressionante, como é

desgarrado uma coisa da outra? Então é assim,todo ano nós fazemos pelo

menos cinco trabalhos pequenos (TCC) mas bons,sobre a atenção do PSF

aqui, em todo Rio de Janeiro, seja em Manguinhos, seja no Alemão,mas

isso não é publicável numa revista boa,porque refere-se ao SUS,refere-se

a uma particularidade (...).(

Professor 1

)

Poucos são os trabalhos desenvolvidos que conseguem ser for-

malmente divulgados, publicados em revistas científicas por

tratarem de objetos tidos como restritos e particulares. Nes-

se ponto percebe-se não só a dificuldade de certos docentes/

orientadores lidarem com objetos de investigação do serviço

que orientam para um tipo de pesquisa operacional como tam-

bém para a produção de produtos que subsidiem a gestão de

curto a médio prazo.

Um fator importante a respeito do modo de construção do co-

nhecimento na formação da residência, que se vincula à pro-

dução coletiva do conhecimento, trata-se de, nas palavras de

um interlocutor,

“considerar importante o senso comum do morador”

,

como alguém que detém um conhecimento importante sobre

o local e que qualquer pesquisa deve dialogar saberes e práti-

cas entre moradores, pesquisadores e profissionais de saúde.Tal

perspetiva sustenta-se no intuito de formar o sanitarista como

profissional sensível à escuta das demandas e necessidades da

população em prol da melhoria dos serviços e da qualidade de

vida.

“A gente vai dizer que tanto o usuário tem o conhecimento daquele ter-

ritório quanto o profissional. Ninguém é dono desse saber, que precisa

Gestão, meta-avaliação e redes de conhecimento