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Suplemento dos Anais do IHMT
O primeiro componente subjacente ao processo do modelo
de conhecimento para ação (
KTA
) diz respeito à
Criação do
Conhecimento
, que envolve três dimensões: 1) obtenção de
conhecimento a partir de estudos primários, tais como ensaios
clínicos randomizados; 2) sintetização de estudos primários
para formar conhecimento secundário, como revisões siste-
máticas ou meta análises; 3) elaboração de ferramentas de
conhecimento ou produtos (conhecimento de terceira gera-
ção), como
guidelines
, apoios de decisão baseados na melhor
evidência disponível e “retirados” de conhecimento sinteti-
zado.
O segundo componente do processo do modelo de conheci-
mento para ação (
KTA
) refere-se à
Aplicação do Conhe-
cimento
e tem os seguintes pressupostos: i) identificar o
problema, analisar e selecionar conhecimento; ii) adaptar o
conhecimento ao contexto local; iii) avaliar barreiras e facili-
tadores de utilização do conhecimento; iv) selecionar, “fazer
à medida” e implementar intervenções para lidar com as bar-
reiras ao uso de conhecimento; v) monitorizar a utilização
de conhecimento; vi) avaliar os resultados do uso de conhe-
cimento; vii) desenvolver mecanismos para manter o uso do
conhecimento.
4. Importância do papel das redes
de investigação na translação
do conhecimento
Existe uma reconhecida lacuna entre o conhecimento cien-
tífico e a sua tradução concreta na melhoria dos sistemas de
saúde e, em última análise, na qualidade de vida das pessoas.
Apesar de há mais de vinte anos ser descrita a importância
da utilização dos resultados das pesquisas
na saúde, bem como as dificuldades exis-
tentes na utilização dos mesmos (Hartz
et al
2007). Estas são algumas das razões
apontadas para a necessidade de tradu-
ção e/ou translação dos conhecimentos
de pesquisa para os decisores políticos,
bem como as questões dos decisores
para a pesquisa (Pouvourville, 1999 cit
in Hartz
et al
2007: 343).
Apesar de alguns autores já terem desen-
volvido quadros concetuais para a avalia-
ção das redes (Cressman 2009a), ainda
não há uma disciplina consistente para
a monitorização e avaliação da colabo-
ração entre redes (Wixted & Holbrook
2008).
Tendo em conta que existe esta neces-
sidade de uma base conceptual para de-
senvolver pesquisa para dar resposta a
essa lacuna, uma das possibilidades é usar
a “teoria da tradução” desenvolvida por
Calon e Latour, nos anos 80. E nesta perspetiva as “redes de
conhecimento”, na medida em que unem pesquisadores e
profissionais, são consideradas iniciativas promissoras. Mais
especificamente as “redes para a inovação em saúde”, basea-
das na tradução do conhecimento, que incluem um pressu-
posto de co-gestão por parte de utilizadores e pesquisadores,
que têm como finalidade última a apreensão dos benefícios
das pesquisas para as populações potenciando melhor saúde,
mas também serviços mais adequados e eficazes (Hartz
et al
2007).
Tem havido muita discussão em torno da importância das re-
des em inovação e desenvolvimento de conhecimento. Mas
a avaliação das redes continua a ser pouco explorada, bem
como a análise das atividades de translação de conhecimento
em configurações específicas e numa abordagem comparati-
va internacional (Wixted & Holbrook 2008; Scarbrough
et
al
2014).
É reconhecida a importância de avaliar os processos de
translação do conhecimento na área da saúde, existindo uma
longa tradição em países como o Canadá. Em Portugal e no
Brasil, estes processos avaliativos estão ainda em fase de im-
plementação. Embora no Brasil exista a registar a experiên-
cia de avaliação da gestão do programa de desenvolvimento
e inovação tecnológica de saúde pública (PDTSP-TEIAS), da
Fundação Osvaldo Cruz. O propósito avaliativo do mesmo,
com ênfase nos usos, permitiu a incorporação do processo
e dos resultados parciais. Esta característica permitiu consi-
derar este projeto inovador, na medida em que permitiu o
aperfeiçoamento na constituição das redes de pesquisa para
a implantação de novos modelos de gestão do conhecimento
(Figueiró
et al
2016).
Assim, torna-se imprescindível a continuação e o desenvol-
Figura 5.
Modelo de utilização da pesquisa de Ottawa
O modelo de Conhecimento para aAção (
Knowledge to action - KTA
) do CIRH (2005) tem dois componen-
tes chave: a) criação de conhecimento e b) aplicação do conhecimento, como está apresentado na figura.
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apresentado abaixo na Figura 5.
Figura 5: Modelo de conhecimento para a acção
CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO
Investigação
de conhecimento
Síntese
Produtos |
Ferramentas
Monitorizar a utilização de conhecimento
Selecionar, adaptar,
implementar intervenções
Avaliar barreiras
para a utilização de
conhecimento
Adaptar o Conhecimento ao
contexto local
Avaliar resultados
Sustentar o uso
do conhecimento
Identificar o problema
Rever, selecionar conhecimento
Adaptado de Graham et al. (2006)