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S39

Suplemento dos Anais do IHMT

O primeiro componente subjacente ao processo do modelo

de conhecimento para ação (

KTA

) diz respeito à

Criação do

Conhecimento

, que envolve três dimensões: 1) obtenção de

conhecimento a partir de estudos primários, tais como ensaios

clínicos randomizados; 2) sintetização de estudos primários

para formar conhecimento secundário, como revisões siste-

máticas ou meta análises; 3) elaboração de ferramentas de

conhecimento ou produtos (conhecimento de terceira gera-

ção), como

guidelines

, apoios de decisão baseados na melhor

evidência disponível e “retirados” de conhecimento sinteti-

zado.

O segundo componente do processo do modelo de conheci-

mento para ação (

KTA

) refere-se à

Aplicação do Conhe-

cimento

e tem os seguintes pressupostos: i) identificar o

problema, analisar e selecionar conhecimento; ii) adaptar o

conhecimento ao contexto local; iii) avaliar barreiras e facili-

tadores de utilização do conhecimento; iv) selecionar, “fazer

à medida” e implementar intervenções para lidar com as bar-

reiras ao uso de conhecimento; v) monitorizar a utilização

de conhecimento; vi) avaliar os resultados do uso de conhe-

cimento; vii) desenvolver mecanismos para manter o uso do

conhecimento.

4. Importância do papel das redes

de investigação na translação

do conhecimento

Existe uma reconhecida lacuna entre o conhecimento cien-

tífico e a sua tradução concreta na melhoria dos sistemas de

saúde e, em última análise, na qualidade de vida das pessoas.

Apesar de há mais de vinte anos ser descrita a importância

da utilização dos resultados das pesquisas

na saúde, bem como as dificuldades exis-

tentes na utilização dos mesmos (Hartz

et al

2007). Estas são algumas das razões

apontadas para a necessidade de tradu-

ção e/ou translação dos conhecimentos

de pesquisa para os decisores políticos,

bem como as questões dos decisores

para a pesquisa (Pouvourville, 1999 cit

in Hartz

et al

2007: 343).

Apesar de alguns autores já terem desen-

volvido quadros concetuais para a avalia-

ção das redes (Cressman 2009a), ainda

não há uma disciplina consistente para

a monitorização e avaliação da colabo-

ração entre redes (Wixted & Holbrook

2008).

Tendo em conta que existe esta neces-

sidade de uma base conceptual para de-

senvolver pesquisa para dar resposta a

essa lacuna, uma das possibilidades é usar

a “teoria da tradução” desenvolvida por

Calon e Latour, nos anos 80. E nesta perspetiva as “redes de

conhecimento”, na medida em que unem pesquisadores e

profissionais, são consideradas iniciativas promissoras. Mais

especificamente as “redes para a inovação em saúde”, basea-

das na tradução do conhecimento, que incluem um pressu-

posto de co-gestão por parte de utilizadores e pesquisadores,

que têm como finalidade última a apreensão dos benefícios

das pesquisas para as populações potenciando melhor saúde,

mas também serviços mais adequados e eficazes (Hartz

et al

2007).

Tem havido muita discussão em torno da importância das re-

des em inovação e desenvolvimento de conhecimento. Mas

a avaliação das redes continua a ser pouco explorada, bem

como a análise das atividades de translação de conhecimento

em configurações específicas e numa abordagem comparati-

va internacional (Wixted & Holbrook 2008; Scarbrough

et

al

2014).

É reconhecida a importância de avaliar os processos de

translação do conhecimento na área da saúde, existindo uma

longa tradição em países como o Canadá. Em Portugal e no

Brasil, estes processos avaliativos estão ainda em fase de im-

plementação. Embora no Brasil exista a registar a experiên-

cia de avaliação da gestão do programa de desenvolvimento

e inovação tecnológica de saúde pública (PDTSP-TEIAS), da

Fundação Osvaldo Cruz. O propósito avaliativo do mesmo,

com ênfase nos usos, permitiu a incorporação do processo

e dos resultados parciais. Esta característica permitiu consi-

derar este projeto inovador, na medida em que permitiu o

aperfeiçoamento na constituição das redes de pesquisa para

a implantação de novos modelos de gestão do conhecimento

(Figueiró

et al

2016).

Assim, torna-se imprescindível a continuação e o desenvol-

Figura 5.

Modelo de utilização da pesquisa de Ottawa

O modelo de Conhecimento para aAção (

Knowledge to action - KTA

) do CIRH (2005) tem dois componen-

tes chave: a) criação de conhecimento e b) aplicação do conhecimento, como está apresentado na figura.

8

apresentado abaixo na Figura 5.

Figura 5: Modelo de conhecimento para a acção

CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO

Investigação

de conhecimento

Síntese

Produtos |

Ferramentas

Monitorizar a utilização de conhecimento

Selecionar, adaptar,

implementar intervenções

Avaliar barreiras

para a utilização de

conhecimento

Adaptar o Conhecimento ao

contexto local

Avaliar resultados

Sustentar o uso

do conhecimento

Identificar o problema

Rever, selecionar conhecimento

Adaptado de Graham et al. (2006)