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S51

Suplemento dos Anais do IHMT

dos procedimentos de recolha de dados e na prática de técnicas

de entrevista através de

role-plays

. As sessões de treino foram

também momentos importantes para reforçar a sinergia e o

trabalho colaborativo entre a academia e a comunidade, forta-

lecendo o envolvimento dos parceiros como atores no projeto,

e incorporar as diferentes perspetivas das comunidades sobre as

temáticas em estudo e a adequação dos instrumentos e proce-

dimentos de recolha de dados. De forma global, este processo

contribuiu fortemente para a capacitação dos parceiros comu-

nitários sobre as questões do VIH e da investigação nesta área

para a adequação dos procedimentos de recolha de dados e ins-

trumentos e para a implementação de iniciativas e estratégias de

prevenção deVIH/SIDA.

Interpretação dos resultados

e co-produção de conhecimento

O processo de co-produção de conhecimento envolveu intera-

ção, partilha e integração das múltiplas perspetivas dos parceiros

sobre a interpretação dos resultados da investigação, uma con-

textualização e integração desses resultados no conhecimento

existente sobre a temática doVIH nos HSH eTS, e a identifica-

ção das lacunas que persistem no conhecimento e que precisam

de ser exploradas. Nesta fase foram ainda realizadas várias dis-

cussões em parceria sobre as formas de divulgar e disseminar os

resultados, que se pretendia que fossem abrangentes a diversas

audiências interessadas e afetadas pela problemática.

No processo participativo surgiram várias preocupações e ques-

tões de debate em parceria sobre a disseminação, nomeadamen-

te: Que resultados reportar e como? De que forma assegurar

que os resultados (e a forma como são divulgados) beneficiam e

não estigmatizam estas comunidades? Como utilizar este conhe-

cimento para potenciar os ganhos em saúde?

No âmbito da disseminação dos resultados do projeto realiza-

ram-se duas conferências internacionais em dois momentos-

-chave do desenvolvimento do projeto: a 1ª Conferência (em

março de 2011) destinou-se à divulgação dos primeiros resulta-

dos dos estudos desenvolvidos e discussão dos caminhos futuros

na investigação e intervenção; a 2ª Conferência (em março de

2013, por ocasião da conclusão do projeto) focou-se na apresen-

tação do balanço final do projeto, no debate sobre as questões da

avaliação e sobre a problemática doVIH nas vertentes de investi-

gação e intervenção.Ambas as conferências contaram com uma

vasta audiência de cerca de 500 intervenientes e participantes

de diferentes sectores, incluindo académicos, profissionais de

saúde, entidades governamentais de decisão política nacionais

e internacionais (ECDC e OMS), representantes de inúmeras

organizações não-governamentais e associações de base comu-

nitária, representantes da sociedade civil e media. Estes encon-

tros, organizados de forma conjunta pelo IHMT e o GAT, com

a participação ativa de outros parceiros, possibilitaram recolher

diferentes perspetivas sobre a problemática doVIH e discutir os

resultados do projeto com os diferentes intervenientes e espe-

cialistas. Por exemplo, as conferências integraram sessões ple-

nárias sobre políticas e estratégias de prevenção, de diagnóstico

precoce, de ligação com os cuidados de saúde baseadas na evi-

dência e numa perspetiva de direitos humanos. Integraram tam-

bém a dinamização de várias mesas redondas e

workshops

sobre

direitos dos HSH e dosTS, e acesso a prevenção, teste doVIH e

tratamento. Constituíram também uma oportunidade de divul-

gação do trabalho desenvolvido por projetos/organizações co-

munitárias na área. Foram ainda desenvolvidos

workshops

sobre a

investigação e intervenção com populações mais vulneráveis e

sobre a avaliação do projeto.

Uma forma de divulgação a nível comunitário, em linha com o

compromisso estabelecido com os parceiros e comunidades de

retorno dos resultados, foi a elaboração de Relatórios Comuni-

tários dos estudos focando os principais dados de interesse para

a atuação local dos parceiros.A nível académico, o projeto tem

ainda incorporado o trabalho de vários estudantes de mestrado

e de doutoramento nas áreas da Saúde e Ciências Sociais.

Um aspeto importante definido em parceria foi a partilha de

co-autorias em publicações em conferências e revistas científi-

cas. As conferências do PREVIH, e também a divulgação dos

seus resultados na comunidade científica, têm sido profícuas no

envolvimento dos parceiros comunitários que habitualmente

não têm participação na atividade e divulgação científica, e em

última análise na sua sensibilização para a importância da pro-

dução de conhecimento na melhoria da sua saúde. De facto, o

projeto tem sido apresentado à comunidade científica em diver-

sos congressos e sob a forma de artigos em revistas científicas

nacionais e internacionais, respeitando o princípio de partilha

das co-autorias entre os dois parceiros promotores do projeto.

Tradução do conhecimento em práticas

Numa perspetiva de desenvolver práticas efetivas de prevenção

e controlo doVIH com base na evidência e conhecimento ob-

tidos foi importante refletir sobre quest

ões

como: Como com-

preender e utilizar os resultados nos contextos das próprias co-

munidades? Como colocar os resultados na prática e traduzi-los

em ações efetivas? Na verdade, os resultados obtidos através da

investigação intervencional geraram informações e ferramen-

tas úteis para desenvolver a segunda componente do PREVIH

- delineamento e implementação de iniciativas inovadoras para

promoção da saúde sexual, prevenção do VIH e promoção do

acesso aos serviços de saúde. Outros produtos resultantes do

projeto constituíram importantes recursos de trabalho dos par-

ceiros comunitários, nomeadamente o mapeamento de organi-

zações/projetos dirigidos a homens que têm sexo com homens

e trabalhadores do sexo, e a recolha e avaliação de materiais de

Informação, Educação e Comunicação (IEC) dirigidos a estas

populações.

O processo de desenvolvimento do PREVIH contribuiu tam-

bém para a criação de um contexto favorável ao desenvolvi-

mento de competências e ferramentas de trabalho dos próprios