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A n a i s d o I HM T

gica. Definidos os papéis, caberia ao SNL [18] exercer forte

controle a fim de que fossem cumpridos a contento.

Outra preocupação que esteve presente na estruturação do

SNL foi o incentivo à pesquisa no campo da lepra, assim, a

criação de um concurso de monografias foi uma das grandes

iniciativas neste sentido,

7

pois proporcionava a publicação de

trabalhos sobre a temática. Além disso, o Serviço incentiva-

va a cultura de plantas com propriedades terapêuticas contra

a lepra nas regiões apropriadas. Para divulgar as atividades

executadas, criou-se o

Boletim do SNL

. Com a finalidade de

promover um intercâmbio das pesquisas desenvolvidas por

leprólogos brasileiros - aquelas que não eram contempladas

nos concursos de monografia -, foi lançado o periódico

Ar-

quivos do Serviço Nacional de Lepra

.

De acordo com o relato do médico Ernani Agrícola, a cam-

panha contra a lepra estava desenvolvendo-se satisfatoria-

mente e, se no plano de 1935 a principal preocupação era

construir leprosários, com o advento do SNL, a questão foi

ampliada, pois, além de isolar os le-

prosos, era preciso diagnosticar novos

casos e cuidar dos filhos indenes dos

doentes. Esta era a estrutura assumi-

da pela política de combate à lepra no

Brasil, apoiada sobre o chamado

modelo

tripé

. Para os leprólogos Orestes Diniz

e José Mariano, “um organismo sanitá-

rio de luta contra a lepra, tecnicamente

organizado, se assenta no tripé repre-

sentado pelo Dispensário que procura,

descobre e classifica o doente, no Le-

procómio, que o isola, mantém e trata,

e no Preventório que recolhe, observa

e educa seus filhos ainda indenes da in-

feção” [19:103]. Estas três instituições

pretendiam corresponder aos princí-

pios básicos de: “isolar, vigiar e orfanar”

[20: 112].

O médico norte-americano Guy Faget,

em 1941, descobriu o poder terapêuti-

co das sulfonas, através de experiências

desenvolvidas no Leprosário de Carvi-

lle, no estado de Louisiana, nos Esta-

dos Unidos. Esta descoberta marcaria

uma nova fase no tratamento da lepra,

uma vez que, como explicou Cunha,

“responsável por acabar com a conta-

giosidade do doente logo no início do

tratamento, a sulfona revolucionou os

quadros medicamentosos e impôs uma

nova realidade para a profilaxia basea-

da no isolamento dos doentes entre os

muros do leprosário”

8

. Desse modo,

se o doente deixava de contaminar as

pessoas ao seu redor ainda no início do

tratamento, não se justificava mais a sua

segregação nas Colónias.Assim, como afirma a autora, “deu-

-se início a um processo de questionamentos – que durou

mais de 20 anos – do modelo de isolamento compulsório

dos doentes de lepra” [15:117].

Conclusões

É possível afirmar que através de um processo construído

social e culturalmente, a lepra acabou por assumir o

status

Quadro 2

*Instituições construídas com verba federal

**Instituições construídas com verbas federal e estadual. Fonte:Arquivo Gustavo Capanema CG h 1935.09.02.

Nome da Instituição

Estado

Início da

Construção

Início do

Funcionamento

1

Colónia António Aleixo*

Amazonas

1937

1942

2

Colónia Marituba*

Pará

1937

1942

3

Colónia António Justa*

Ceará

1937

1941

4

Colónia Getúlio Vargas*

Paraíba

1935

1941

5

Colónia Eduardo Rabello*

Alagoas

1937

1940

6

Colónia Lourenço

Magalhães*

Sergipe

1937

1945

7

Colónia Tavares de Macedo* Rio de Janeiro

1936

1938

8

Sanatório Roça Grande*

Minas Gerais

1939

1944

9

Colónia Santa Marta*

Goiás

1937

1943

10

Colónia São Julião*

Mato Grosso

1937

1941

11

Colónia Bonfim**

Maranhão

1932

1937

12

Colónia Mirueira**

Pernambuco

1936

1941

13

Colónia Itanhenga**

Espírito Santo

1933

1937

14

Colónia Santa Tereza**

Santa Catarina

1936

1940

15

Colónia Itapoan**

Rio G. do Sul

1937

1940

16

Colónia Santa Fé**

Minas Gerais

1937

1942

17

Colónia Padre Damião**

Minas Gerais

1937

1945

18

Colónia São Francisco de

Assis**

Minas Gerais

1936

1943

7 - O concurso acontecia anualmente e contava com a participação de médicos de

todo o país que desenvolviam pesquisas no campo da lepra.

8 - Há que se ressaltar que o modelo isolacionista já vinha sofrendo críticas por

parte de um grupo de leprólogos, dentre eles, Orestes Diniz, que afirmava que

o “modelo tripé” não havia cumprido seu objetivo principal, qual seja diminuir as

estatísticas da lepra.