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africana; os Dec. 452 e 463 de 1926 (comVicente Ferreira) que
“deram solução prática e eficaz a dois problemas essenciais des-
ta colónia: a Assistência Médica aos Indígenas e a Luta contra a
Moléstia do Sono” e o Diploma 442 de 24.2.1933, que regulava
a situação caótica em que se encontrava a prática farmacêutica
[43].
Deixando Angola é nomeado diretor dos Serviços de Saúde de
Macau, onde,mais uma vez, se dedica aos grandes problemas da
Higiene Pública.
Em 1936 regressa definitivamente à Metrópole, sendo nomea-
do, apesar do seu republicanismo, diretor do Instituto de Me-
dicina Tropical, lugar que exerce com espírito crítico, e onde
cria a cadeira de Assistência Médica ao Indígena, e institui os
concursos inspirados no modelo universitário [44: 44]. Entre
os muitos louvores e condecorações que recebeu, tinha especial
orgulho na medalha de Cavaleiro da Ordem de Leopoldo com
que tinha sido agraciado pelo rei Alberto da Bélgica, que tinha
por ele grande estima [11].
Morreu aos 70 anos, emLisboa, no dia 5 de junho de 1949, após
uma das suas marchas diárias de 5 quilómetros.
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Tropical, analisando essa obra escreveu:“sob a direção e a inicia-
tiva do colega Damas Mora, à testa dos Serviços de Saúde, e com
a valiosa e dedicada colaboração de muitos médicos do quadro
de Angola, foi travado um combate verdadeiramente notável
contra a moléstia do sono” [42: 26].
Embora Portugal não tivesse sido dos países mais atingidos pela
Grande Depressão financeira resultante do
crash
de Nova Iorque
[38: 117], o menor ímpeto no combate à Doença do Sono no
período de 1930 a 1934 tem, em parte, explicação nas medidas
restritivas adotadas sob aquele pretexto por Salazar (Finanças) e
Armindo Monteiro (Colónias).
Em artigo de despedida à população de Luanda Damas Mora
volta a queixar-se dos obstáculos que foram colocados no seu
caminho, que o impediram de realizar totalmente os planos
que tinha concebido, mas reconhece que, apesar disso, deixara
quatro diplomas fundamentais, que tinham “indubitavelmente
influenciado as condições sociais”: o Dec. nº 74 de 17.11.1921
(no tempo de Norton de Matos) com o qual, entre outras dis-
posições, prestigiou a classe médica, e garantiu a gratuitidade
da assistência médica a europeus pobres e a toda a população
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