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Identificação de parcerias internas e externas,
públicas e privadas, que promovam e potenciem a
afirmação de Portugal como destino de turismo de
saúde.
Constata-se também, nesta área, que o Governo
assumiu o turismo de saúde como uma prioridade
e decidiu vocacionar a oferta do produto para os
turistas cuja motivação primária seja a obtenção de
benefícios relacionados com os cuidados de saúde.
Apontam-se aqui duas notas:
O turismo de saúde, em termos integrados, tem
registado um crescimento anual significativo na
Europa, entre 7% a 8%, desde 2000, estimando-se
que cresça entre 8% a 10% até 2015;
O turismo médico, vertente “âncora” deste produto,
movimentou mundialmente, em 2004, cerca de 40
biliões de dólares. Em 2006, o valor foi 60 biliões,
com crescimento de 50% nestes dois anos. As
previsões para 2012 são de 100 biliões de dólares,
estimando-se que, em 2015, se atinja 200 biliões de
dólares.
Tendo presentes as principais características da
oferta e procura mundial de turismo de saúde, e
enquanto resposta à recorrente pergunta de termos,
ou não, possibilidade de concorrer com destinos
emergentes e com mercados estruturados,
identificamos os seguintes fatores de diferenciação
de Portugal:
Sistema nacional de saúde de qualidade, com
diferenciação técnica e diversidade da oferta, com
potencial competitivo no diagnóstico, nas
intervenções cirúrgicas, no tratamento de
reabilitação e na prevenção da doença;
Reconhecimento internacional, estando Portugal
na 12ª posição na lista dos sistemas mundiais de
saúde elaborado pela Organização Mundial da
Saúde;
Sistema regulatório europeu com regras claras para
os direitos/proteção do doente e para os deveres de
segurança/qualidade das unidades de saúde;
Profissionais com experiência internacional e
diminutas barreiras de comunicação nos idiomas
dos potenciais mercados emissores para Portugal;
Existência de unidades hospitalares acreditadas por
sistemas internacionais, designadamente, pela
Joint Commission International;
Experiência dos setores privado e público no
produto “turismo de saúde”, sobretudo nas
vertentes do turismo médico, termal e de bem-
estar;
Existência de condições para cumprir os principais
parâmetros da procura mundial do turismo de
saúde e, designadamente, do turismo médico, tais
como a segurança, qualidade e risco, satisfação do
paciente, resultados clínicos, continuação dos
cuidados, privacidade e confidencialidade,
ausência de riscos infeciosos, avaliação clínica e
acreditação dos serviços e unidades;
Crescente procura externa da oferta disponível,
sobretudo por seguradoras e operadores
internacionais de turismo de saúde, com particular
destaque para a vertente médica, associada ao bem-
estar e ao lazer.
Neste contexto, é admissível que possamos ser
competitivos em mercados emissores, como a
Alemanha (ex. TK), Bélgica, Itália, Áustria, Suíça,
Reino Unido, Escandinávia, Holanda, França,
Espanha e EUA. Também não devemos descurar a
nossa diáspora, os países de língua portuguesa e o
interesse recente de alguns países do Médio
Oriente (exs.: Emirados Árabes Unidos,
Líbia e Iraque).
Estamos convictos de que Portugal tem todas as
condições para captar quotas dos mercados
internacionais emissores para o turismo de saúde e
para consolidar este produto, o qual tem impacto
direto e indireto em muitas outras atividades
conexas com a saúde e o turismo, nunca
esquecendo que este é um produto onde não existe
a questão da sazonalidade ou questões geográficas.
Em termos de respostas do país, recordo o que já
sublinhei em relação ao nosso posicionamento e às
nossas potencialidades e constrangimentos, assim
como ao papel de um
cluster
de saúde transversal e
integrador da cadeia de valor de saúde. Também
não posso deixar de afirmar que é fundamental
reforçar a nossa presença na CPLP, com
transferência de várias capacidades instaladas,
desde os recursos humanos à construção e
remodelação de unidades de saúde, passando pela
comercialização e manutenção de equipamentos,
assim como é fundamental continuar a apostar no
potencial de exportação da nossa indústria e na
transferência de
know-how
da investigação em
saúde.
Entendo que é essencial integrarmos o processo
de desenvolvimento económico e social de Cabo
Verde, Angola, Moçambique e Timor-Leste, assim
como é inquestionável a manutenção da nossa
cooperação em saúde na Guiné-Bissau e em São
Tomé e Príncipe. Eis um trabalho que permitirá,
desde que a estratégia seja adequada, ganharmos
também novos mercados nas regiões geográficas
limítrofes e, inclusive, contribuirmos para o
equilíbrio das balanças comerciais dos PALOPs,
passando, em condições competitivas e sem custos
de contexto, a produzir localmente e a exportar
diretamente para países com quem tenham acordos
bilaterais diretos ou decorrentes da sua presença
em organizações regionais e mundiais. Igualmente