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O chamado “Processo de Bolonha” teve origem
na Declaração da Sorbonne de 1998 (Sorbonne,
1998), a que se sucedeu a Declaração de Bolonha,
de julho de 1999 (Bologna Declaration, 1999),
subscrita por 29 países, a qual foi aprofundada e
operacionalizada pela Conferência de Praga, de
maio de 2002, que culminou na Reunião de Berlim,
dos ministros responsáveis pelo ensino superior de
33 países europeus, em 2003 (Berlim
Communiqué, 2003).
Com este processo, pretendeu impulsionar-se o
estabelecimento de uma Plataforma Comum
Europeia do Ensino Superior, até 2010, através de
iniciativas visando melhoria da qualidade das
formações ministradas, uniformização da estrutura
dos graus e da duração dos ciclos de formação,
estabelecimento de um sistema europeu de créditos
(
ECTS
) e fomento da mobilidade dos estudantes.
Procurou-se, igualmente, a simplificação do
reconhecimento de graus através de um sistema
legível e comparável de currículos mínimos e do
suplemento ao diploma com a promoção de
programas de doutoramento (3º Ciclo) que fossem
atraentes para jovens investigadores e criativos.
Procurou-se, igualmente, não esquecer a formação
ao longo da vida garantindo, por mecanismo de
certificação de competências, o reconhecimento
académico de fazeres e saberes adquiridos na
experiência do exercício profissional. Finalmente,
procurou garantir-se uma dimensão europeia do
ensino superior de reconhecida qualidade e
competitividade, capaz de atrair estudantes de
outros continentes (Amaral, 2005).
Assim, o Processo de Bolonha não foi uma mera
adaptação formal dos cursos existentes e da
respetiva organização curricular, mas envolveu
uma profunda alteração de paradigmas, modelos e
metodologias, centrando-se o novo paradigma no
aluno e na descrição dos ciclos de estudo em termos
de competências científicas e profissionais
adquiridas pelos diplomados que os concluem.
Procurou-se a criação de sinergias conducentes à
consolidação da “sociedade do conhecimento”,
alicerçada numa convergência do ensino superior e
da investigação científica europeia orientada para a
inovação e para o desenvolvimento na preservação
da diversidade e da liberdade de escolha e
pensamento. Foi imbuído deste espírito que o
IHMT transitou e adequou os seus ciclos de estudo
ao processo e Declaração de Bolonha, processo
esse que foi iniciado em 2005 e terminado em
2011.
Atualmente, o IHMT oferece 6 ciclos de estudos
conducentes ao grau de mestre (2º ciclo –
Parasitologia Médica, Ciências Biomédicas, Saúde
Tropical,
Saúde
e
Desenvolvimento,
Epidemiologia e Microbiologia Médica, este
último em conjunto com outras três unidades
orgânicas da UNL) e quatro ciclos de estudos
conducentes ao grau de doutor (3º ciclo – Ciências
Biomédicas,
Medicina
Tropical,
Saúde
Internacional e Genética Humana e Infeção, em
parceria com a Faculdade de Ciências Médicas).
Integram ainda a oferta pedagógica do IHMT, de
forma regular, vários cursos de curta duração e não
conferentes de grau de apoio ao desenvolvimento,
sobretudo na formação avançada de recursos
humanos para a saúde e em instrumentos e
metodologias básicas de análise biomédica.
Procura-se, hoje, usar o nosso maior instrumento
de ensino e aprendizagem, a língua portuguesa,
para expandir a nossa oferta pedagógica muito para
além do espaço europeu, afirmando-a num mundo
global, multicultural e em constante mudança,
fazendo pontes entre a Europa e o resto do mundo
lusófono. Com o recurso a novas tecnologias de
informação e comunicação, procuramos, hoje,
transmitir conhecimento real de forma virtual,
atravessando oceanos e continentes, de forma a
chegar, de forma quase instantânea, a quem de nós
necessita para melhorar a sua aprendizagem ou
saber um pouco mais sobre o nosso trabalho.
Assim, o IHMT/UNL soube transpor e conciliar
o saber adquirido ao longo de mais de um século de
trabalho de formação de recursos humanos na área
da saúde comnovas formas de relacionamento com
a CPLP, com a União Europeia e com o mundo
globalizado. Se, anteriormente, a filosofia do
ensino no IHMT/UNL centrava-se sobretudo na
preparação do profissional de saúde para o combate
e prevenção das endemias nos países tropicais e
subtropicais, essa filosofia expandiu-se, hoje, para
um contexto global. A essência deste ensino
assenta, agora, na capacitação do estudante com
novas aptidões para lidar com os problemas das
enfermidades de origem microbiana, em Portugal,
na Europa e em qualquer outro ponto do globo. O
reconhecimento nacional e internacional da sua
excelência no ensino e investigação em doenças
ditas “exóticas” e “tropicais” permitiu-lhe manter e
honrar o seu lema “
Sanitatem quaerens in
trópicos”
(“procuramos a saúde nos trópicos”)
(Abranches, 2004).
Esta busca continua hoje atual no espírito
pedagógico que norteia o ensino do IHMT, onde se
procura investigar em saúde para ensinar o que
investigamos de forma a contribuir para a melhoria
da qualidade de vida e da saúde das populações.
São exemplo deste espírito o que a memória desta
instituição nos transmite nas secções seguintes