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Tema 6

O ENSINO DAS CIÊNCIAS MÉDICAS E BIOMÉDICAS NO INSTITUTO DE HIGIENE

E MEDICINA TROPICAL – A CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-PEDAGÓGICO

MIGUEL VIVEIROS

Unidade de Microbiologia Médica, Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), Universidade Nova

de Lisboa (UNL). Rua da Junqueira, 100, 1349-008 Lisboa, Portugal.

E-mail

: mviveiros@ihmt.unl.pt.

Com o nome original de “Escola de Medicina

Tropical”, foi fundada, em 24 de abril de 1902, por

ordem de Sua Majestade El Rei D. Carlos I, o

Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT).

Esteve inicialmente sob a tutela do Ministério da

Marinha, tendo, após o fim da monarquia, passado

para a tutela do Ministério das Colónias até ao fim

do Estado Novo (designado “Ministério do

Ultramar” após 1951). Finalmente, após o 25 de

abril de 1974, passou para a tutela do Ministério da

Saúde, até que, em 1980, este instituto de ensino e

investigação foi integrado na, então jovem,

Universidade Nova de Lisboa (UNL). Dado o

reconhecimento do papel relevante em domínios

como a cooperação científica e cultural com os

países tropicais de expressão portuguesa, onde, ao

longo de décadas, muitos profissionais de saúde

destes países aqui obtiveram formação, ganhando

competências que lhes permitiram enfrentar, com

maior segurança, a sua atividade profissional, a

integração do IHMT na UNL foi um ato natural,

tornando-se o mais antigo de todos os institutos e

faculdades que a constituem.

A UNL foi criada em 11 de agosto de 1973,

sendo a mais nova das três universidades públicas

de Lisboa (no futuro, duas, dada a projetada fusão

da Universidade Técnica com a Universidade

Clássica,

dando

origem

à

denominada

“Universidade de Lisboa”). A criação da UNL foi

consequência da necessidade de melhoria das

qualificações técnicas e científicas em Portugal, de

um modo geral, e na região de Lisboa, em

particular, em resposta à exigência de aquisição de

competências em novas áreas científicas e

tecnológicas associadas à implementação do III

Plano de Fomento da Indústria e Tecnologia

Nacional. Sendo um plano quinquenal previsto

para ser executado entre 1968 e 1973, com o

objetivo de internacionalizar a economia

portuguesa e desenvolver a indústria privada como

setor dominante da economia nacional, bem como

de fomentar o crescimento do setor terciário e de

criar condições para incremento do tecido urbano,

tornou-se essencial investir na formação de

quadros superiores tecnicamente qualificados nas

áreas da tecnologia, ciências sociais e humanas e as

ciências médicas. Estes objetivos foram

consubstanciados num ambicioso projeto de

modernização e de pré-democratização do ensino

em Portugal, que englobava todos os níveis de

ensino, o “Projecto do Sistema Escolar e as Linhas

Gerais da Reforma do Ensino Superior”, que deu

origem à “Lei de reforma do sistema educativo”

(Lei 5/73 de 25 de julho), também conhecida como

“Reforma Veiga Simão”, em homenagem ao seu

maior promotor, e, à data, Ministro da Educação

Nacional, Professor Doutor José Veiga Simão

(Stoer, 1983). Integrada nesta política nacional de

expansão, modernização e diversificação do ensino

superior, a UNL adotou, desde a sua criação, um

modelo estrutural interdisciplinar, associado às

ciências naturais e tecnologias, às ciências sociais

e humanas e às ciências médicas.

Do anteriormente exposto, decorre naturalmente

que o IHMT, com uma experiência de ensino e

investigação centenária, centrada nas ciências

médicas e biomédicas associadas a patologias que

predominavam nos países tropicais, recolhia todas

as condições para se integrar na UNL. Tendo uma

oferta formativa dirigida às áreas das ciências

biomédicas, em particular à Microbiologia e

Parasitologia Médicas, Medicina Tropical e Saúde

Internacional, visando a formação pós-graduada

para o ensino, investigação, prestação de serviços à

comunidade (clínicos-laboratoriais e de saúde

pública) e cooperação para o desenvolvimento,

procurou sempre contribuir para a resolução de

problemas de saúde global, em geral, e das regiões

tropicais, em particular. Dentro destes princípios,

procurou privilegiar a cooperação e a divulgação

do conhecimento científico em saúde junto dos

países da Comunidade de Países de Língua

Portuguesa (CPLP), cumprindo os princípios e

objetivos da Declaração de Bolonha e do processo

do mesmo nome que se lhe seguiu e que procurou

uniformizar e dinamizar o ensino superior na

Europa (Bologna Declaration, 1999).