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saúde, como também tiveram capacidade para
conquistar mercado, mesmo em países mais
exigentes e com
players
cada vez mais
competitivos (eu diria mesmo “agressivos”). No
entanto, em termos reais, o valor das exportações
nacionais é ainda baixo e, em 2011, Portugal
ocupava o 36º lugar na lista dos maiores
exportadores de produtos de saúde do mundo, no
que está contabilizado como internacionalização da
nossa cadeia de valor.
Na última década, tivemos três países que
contribuíram, de forma substancial, para o
crescimento das exportações portuguesas:
Alemanha (36,2%), Angola (16,6%) e França
(10,6%). Em conjunto, estes três países
contribuíram em cerca de 63% para o crescimento
das exportações nacionais, tendo sido importantes,
também, as crescentes posições de Portugal nos
mercados do Reino Unido e da Espanha. A
diversidade da nossa capacidade instalada e a
qualidade da nossa produção possibilitaram ainda
crescimentos significativos em países como a
Arábia Saudita, Argélia, Venezuela, Marrocos,
Turquia, Índia e China. É de referir que, em 2007,
exportávamos para 19 mercados e, em 2011,
estávamos consolidados em 37 mercados, o que
significa que, praticamente, duplicámos a nossa
presença e que, nos últimos anos, temos
conseguido crescimentos muito importantes em
novos mercados da América Central, América do
Sul e Médio Oriente.
Portugal tem afirmado igualmente, nos últimos
anos, inquestionável excelência dos seus centros de
investigação na área das ciências da vida, sendo
reconhecido como país de topo mundial. Nunca
recebemos
tantos
prémios
internacionais,
individuais e coletivos, como nos últimos anos.
Neste contexto de reconhecimento internacional,
recordo que, em 2011, o Instituto Gulbenkian de
Ciências se classificou em 9.º lugar como a melhor
instituição não localizada nos EUA para os
doutorandos trabalharem e, em 2012, a Fundação
Champalimaud ficou em 1º lugar. Este
posicionamento do país resulta da cooperação entre
as universidades e as empresas, acrescida de
inovadores projetos de empreendedorismo
científico, em que a investigação, a indústria e a
medicina personalizada têm assumido, em
conjunto, novos desafios, com sucesso. No entanto,
podemos fazer mais e melhor, considerando o
potencial integrado que tem a cadeia de valor da
saúde ou das ciências da vida enquanto motor do
crescimento
da
nossa
economia,
do
desenvolvimento social do nosso país e da sua
afirmação no mundo, entendendo-a como geradora
de riqueza, de emprego, de progresso tecnológico e
incorporadora de conhecimento e de tecnologia.
Eis mais uma nota, num momento em que o
desemprego é uma preocupação de cada um e de
todos nós: no passado mês de novembro, a saúde e
as novas tecnologias lideraram a empregabilidade,
destacando-se o setor da saúde como o mais
dinâmico nas oportunidades geradas. A conjugação
das duas áreas, saúde e tecnologias, justifica este
resultado, sendo que há uma nova vaga de
empresas e de projetos essencialmente gerados por
jovens empreendedores altamente qualificados,
que se estão a afirmar em Portugal e a usar o país
como “rampa de lançamento” para os mercados
internacionais.
Retomando a afirmação de que podemos fazer
mais e melhor em termos de internacionalização, é
nossa opinião que tal é possível pelos seguintes
fatores de diferenciação e de competitividade, entre
outros:
Excelência das escolas de formação e dos recursos
humanos;
Investigação com reputação e afirmação
internacional;
Flexibilidade e qualidade do sector produtivo;
Utilização da marca “União Europeia”;
Boa rede de distribuição;
Capacidade de adoção e utilização das tecnologias
de informação;
Qualidade reconhecida do sistema nacional de
saúde.
Portugal tem, pois, muitos pontos fortes e
oportunidades que têm sido consensuais na
avaliação de vários peritos, tais como:
O crescimento económico dos PALOPs e da
América Latina;
Diversificados nichos de mercado emergentes;
A forma como abordamos a exportação e
internacionalização, com uma matriz que é secular;
As hipóteses de transferência de tecnologia para
outros países;
A externalização de investigação e desnvolvimento
da indústria farmacêutica;
A atração de ensaios clínicos para Portugal;
A diretiva europeia sobre cuidados de saúde
transfronteiriços;
O turismo de saúde.
Temos, contudo, alguns pontos que merecem
particular atenção e, em minha opinião, uma
responsável
preocupação.
Desde
logo
necessitamos de ter sustentabilidade para
reforçarmos a nossa excelência e a competitividade
nacional e internacional, o que não tem sido fácil
face à conjuntura económico-financeira nacional e