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internacional (incluindo da União Europeia, onde
estamos integrados).
Em vez de enumerar outras dificuldades e
preocupações, repetindo diagnósticos de todos
conhecidos, decidi indicar, em minha opinião,
alguns dos caminhos que são consensuais como
resposta, no entendimento de que Portugal, para ter
maior competitividade internacional na sua cadeia
de valor da saúde, deve:
Consolidar a rede de cooperação/colaboração de
empresas, universidades e entidades públicas;
Reorganizar e concentrar os recursos disponíveis,
humanos e financeiros, potenciando a integração e
a coordenação de todos os
players
da cadeia de
valor;
Potenciar o reconhecimento de Portugal como um
país com qualidade e excelência dos seus centros
de investigação, escolas de formação, empresas e
unidades de prestação de cuidados de saúde;
Atrair doentes para hospitais nacionais e ganhar
quota de mercado, afirmando Portugal como um
destino de turismo médico integrado num
programa competitivo de turismo de saúde;
Definir centros de elevada diferenciação para
tratamento de patologias com elevado grau de
complexidade;
Promover a qualidade da informação e
uniformização de processos e procedimentos na
nossa cadeia de valor, assim como certificação e
acreditação de qualidade por reconhecidas
entidades internacionais;
Assumir que Portugal tem todas as condições para
ser um país de referência nas ciências da saúde;
Entender a diretiva europeia dos cuidados
transfronteiriços não só como a abertura de uma
porta à livre circulação de pacientes no mercado
europeu, mas também como oportunidade também
para atrair investigadores e investimento.
Igualmente fundamental (eu diria mesmo
“incontornável”) é a necessidade de criarmos uma
marca de Portugal como país com uma cadeia de
valor da saúde de referência e de excelência,
integrando a formação e ensino, a investigação e
desenvolvimento, a indústria farmacêutica e de
dispositivos médicos e o turismo de saúde.
Da análise do caminho que outros países
trilharam com sucesso, destaca-se a Suécia, que fez
uma abordagem integrada da promoção do país na
área da saúde através da sua diplomacia
económica, conjugando o aumento das exportações
com a atração de investimento direto estrangeiro e
envolvendo os diferentes
stakeholders
no processo,
com definição clara do papel que cada um tem no
desenvolvimento da marca e no fomento de um
clima de cooperação para atingir o objetivo comum
a todos. Também criou uma única estratégia de
comunicação do país em termos externos e em
matéria de saúde.
Que caminho estamos a trilhar neste momento?
Portugal continua a atravessar uma crise
gravíssima que urge combater com seriedade,
determinação e inovação, pelo que o caminho, em
matéria de internacionalização da saúde, é, desde
logo, transformar as atuais dificuldades em
oportunidades. Com esse alcance, considerando o
potencial da cadeia de valor da saúde, o Governo
decidiu que o setor deveria assumir um papel mais
relevante no crescimento da economia nacional e
na internacionalização de Portugal, de forma
faseada, sustentada, articulada e com objetivos
muito concretos. Neste âmbito, o Ministério da
Saúde, para além da sua missão e responsabilidade
constitucional – de prestar cuidados de saúde aos
portugueses em tempo e com qualidade -, decidiu
assumir novos desafios em termos de
internacionalização, cooperação e projetos
interministeriais, designadamente, o turismo de
saúde.
Assumindo
que
é
inquestionável
o
reconhecimento do nosso sistema nacional de
saúde em termos internacionais, assim como são
incontornáveis a qualidade e a excelência do nosso
ensino e da nossa formação, dos nossos recursos
humanos, da nossa investigação e tecnologia, das
nossas instalações e equipamentos, da nossa
indústria e dos nossos serviços, foi entendido que
estão, assim, reunidas condições objetivas para
afirmação da competitividade de Portugal no setor
da saúde e para a sua internacionalização.
O esforço efetuado pelo país nas últimas décadas
permite serenamente afirmar que temos uma oferta
de grande qualidade, a qual é ampliada quando
pensamos no setor da saúde como um todo e nas
diversificadas capacidades instaladas, sejam elas
públicas, privadas e/ou sociais. Estamos, pois,
perante uma oportunidade única para o setor da
saúde trabalhar em conjunto e aproveitar as mais-
valias de todos os seus intervenientes, para se
potenciar a oferta da sua cadeia de valor, evitando
sobreposições desajustadas, reconhecendo que só
assim poderemos ter centros de excelência
diferenciadores, organizados como polos de
atração internos e competitivos em termos
externos.
É de salientar que, em nossa opinião, só
estimulando a criação de novos centros de
excelência da saúde, em vários pontos do país, é
que será possível assumir umdesafio estruturante e
transversal ao setor de internacionalização,
estribado em duas prioridades: