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Este estudo foi planeado com uma amostra de 1513 mulheres em idade fértil,

com 499 casos seleccionados segundo um esquema de amostragem

estratificada proporcional (de mulheres consideradas muito pobres)

seleccionados da base de dados de beneficiários de RSI, da SCML. E 1014

controlos (de mulheres não consideradas como muito pobres): os controlos 1

foram seleccionados também segundo um esquema de amostragem

estratificada proporcional dos restantes beneficiários da SCML; os controlos 2

foram seleccionados de forma bi-etápica, primeiro procedeu-se a uma

amostragem aleatória simples de quatro Centros de Saúde e de seguida optou-

se por uma regra sistemática de selecção das utentes desses Centros de

Saúde, mediante a aplicação de um formulário de critérios de inclusão. Os

dados foram recolhidos através de um questionário semi-quantitativo aplicado

por entrevista. Responderam ao questionário um total de 1054 mulheres, sendo

que o total de respondentes distribui-se pelos grupos em estudo, isto é, 304

referentes aos casos (muito pobres), e 750 respeitantes aos controlos [293

pertencentes ao grupo de controlos 1 (pobres) e 457 provenientes do grupo de

controlos 2 (não pobres)].

Os dados foram analisados utilizando técnicas estatísticas bivariadas e

multivariadas. Concretamente, começou-se pela análise descritiva (frequências

absolutas e relativas; medidas de tendência central: moda, média, mediana,

média aparada a 5%) das variáveis demográficas e das variáveis de

fecundidade (representações, tensões, práticas e controlo de fecundidade) em

função das variáveis de condição social (gradientes de pobreza segundo os

grupos em estudo).

Seguiu-se a análise de comparação e associação - o teste de Qui-quadrado

para testar a homogeneidade e para testar a homogeneidade de variâncias

aplicou-se o teste de Levene e a normalidade da variável quantitativa, nos

grupos em estudo, foi testada através do teste de Kolmogorov Smirnov e o

teste de Shapiro-Wilk. Sempre que as condições de aplicação da ANOVA não

se verificaram, aplicou-se a alternativa não paramétrica: o teste de Kruskal-

Wallis.

O cálculo do

odds ratio

da variável “ter gravidez e filhos” foi efectuado de

acordo com o proposto por Mantel-Haenszel aplicado nas situações em que

existem dois controlos por caso.

Foram ainda utilizados modelos de regressão logística (pelo método

Forward:

LR

) para avaliar a probabilidade de ser do grupo de casos (muito pobre),

relativamente a ser do grupo de controlos 1 (pobre) e ser do grupo de controlos

2 (não pobre). E dois modelos de regressão logística multinomial para estudar

a relação entre uma variável dependente de resposta qualitativa não binária [no

presente estudo com três classes - os três grupos em estudo: casos (muito

pobres), controlos 1 (pobres) e controlos 2 (não pobres)] e um conjunto de

variáveis explicativas (

predictor variables

), que podem ser de vários tipos.

A análise efectuada confirma a existência de gradientes de pobreza e a sua

associação a gradientes de fertilidade, que se reflectem em termos de acesso à

saúde e nos padrões de utilização de cuidados de saúde reprodutiva. O facto

de as mulheres terem tido filhos (variável “ter gravidez e filhos”) aumenta a

probabilidade (OR=1,17; p<0,001; IC = 1,08 – 1,26) de serem muito pobres,

comparativamente a serem pobres e não pobres. Isto é, a maternidade

configura-se como um factor explicativo da pertença social das mulheres,

sobretudo quando interligado com outros factores. Concretamente, verifica-se

através da análise dos modelos de regressão logística que existe uma

interligação entre a condição social das mulheres e um conjunto de

características sóciodemográficas, que se configuram como factores de risco