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distribuição e os diversos factores socio-económicos envolvidos na transmissão
e determinar a prevalência de mutações nos genes
pfcrt
,
pfmdr
1,
pfdhfr
,
pfdhps
em
Plasmodium falciparum
e
pvdhfr
e
pfdhps
em
Plasmodium vivax
,
responsáveis pela resistência aos fármacos oficialmente em uso no país.
Neste contexto, foi efectuado um estudo epidemiológico onde foram colhidas
amostras sanguíneas por Busca Passiva (BP) nos Hospitais/Clínicas e Busca
Activa (BA) em domicílios individuais, distribuídos por seis distritos da RDTL,
nos quais se pesquisou posteriormente a presença dos parasitas
P. falciparum
e
P. vivax
, recorrendo as duas técnicas laboratoriais distintas: microscopia
óptica e
Polymerase Chain Reaction
(PCR).
Relativamente aos resultados obtidos no levantamento epidemiológico, a
frequência e a distribuição da malária observada na população traduzem uma
prevalência de 25,8% (112/434, na BP) e 5,1% (11/216, na BA), tendo-se
observado maior prevalência nos grupos etários com menos de 14 anos de
idade em relação aos indivíduos com idade superior ou igual aos 15 anos de
idade. Verificou-se maior predomínio de infecção no sexo masculino
relativamente ao sexo feminino. Adicionalmente, confirmou-se que várias
características socio-económicas estão associadas à ocorrência de malária,
tais como: tipo e condições precárias de habitação, criação de animais junto
das habitações, trabalho/ocupação que expõe mais ao contacto com o
mosquito vector. Por outro lado, os indivíduos que não utilizam redes
mosquiteiras como protecção têm maior probabilidade de se encontrarem
infectados. A proporção dos indivíduos com infecção da malária entre as zonas
de residência foi analisada e comparada, não tendo sido demonstradas
diferenças significativas, o que possibilitaria acções semelhantes a implementar
para o controlo da malária no País.
No que respeita à pesquisa de mutações em genes de plasmódio previamente
apontados como moduladores de fármaco-resistência, foram detectadas
elevadas prevalências de alelos mutantes em ambas as espécies,
P.
falciparum
e
P. vivax
, sugerindo que a resistência pode ser igualmente
prevalente. Neste âmbito, realça-se a observação de que um grande número
de amostras de
P. falciparum
(82,5%) era portador de 4 mutações distribuídas
pelos genes
dhfr
e
dhps
, padrão este previamente associado à falência
terapêutica com sulfadoxina-pirimetamina (SP).
Adicionalmente, demonstrou-se a existência da mutação
pfcrt
K76T, associada
à resistência à cloroquina, em todos os isolados analisados, demonstrando que
a mesma atingiu a fixação. Relativamente às amostras de
P. vivax
, a
prevalência dos alelos mutantes 58R e 117N no gene
pvdhfr
foi de 79% e
81,6%, respectivamente, enquanto que 73,7% dos parasitas continham ambas
mutações em simultâneo (“duplos mutantes”). Colectivamente, conclui-se que
utilização continuada dos fármacos cloroquina e SP poderá contribuir para o
contínuo aumento de mutações nos genes supracitados e consequente
ineficácia clínica dos mesmos no tratamento do
Plasmodium falciparum
e
Plamodium vivax
.
Em conclusão, a detecção da prevalência dos polimorfismos genéticos de
resistência constitui uma ferramenta acessória de fármaco vigilância e a
identificação de características sócio-economicos envolvidas na transmissão da
malária permitirá a elaboração e implementação de campanhas melhoradas de
prevenção e/ou controlo da malária na RDTL.