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sistema de ensino, com consequências sócio-económicas futuras para a jovem

mãe e filho. Esta baixa escolaridade, consequência do marcado abandono

escolar em Portugal, pode comprometer a eficácia de programas de rastreio e

controlo de IST com base nas escolas. É assim importante sensibilizar os

profissionais de saúde para a promoção do uso do preservativo, porque na

população estudada e à semelhança dos dados nacionais, observou-se uma

elevada prescrição da pílula e um reduzido uso do preservativo.

Na pesquisa de associações entre agentes de IST e a morbilidade materno-

-fetal foi possível observar que a infecção gonocócica esteve associada à

morbilidade materna. Na população estudada observou-se também uma

associação entre o baixo peso no nascimento e a infecção materna por

N.

gonorrhoeae

e/ou

C. trachomatis

. Em contraste com as recomendações

europeias ou internacionais, a infecção por

C. trachomatis

, a que tem maior

associação à adolescência, não é notificada ou pesquisada sistematicamente

em Portugal na gravidez. O estudo efectuado, com as limitações referentes à

amostragem e número de adolescentes, reforça a importância da pesquisa de

IST em adolescentes do sexo feminino, sobretudo em grávidas, grupo que

sofre desproporcionalmente as consequências destas infecções.

CRAVEIRO, Isabel Rodrigues (2009) Mulheres em idade fértil e

pobreza: formas de acesso e padrões de utilização de saúde

reprodutiva, Dissertação de Doutoramento no ramo de Saúde

Internacional,

especialidade

Políticas

de

Saúde

e

Desenvolvimento. IHMT. Lisboa.

Resumo:

Esta tese aborda as práticas e as representações de mulheres em

idade fértil, que vivem em contextos sociais de pobreza. As práticas sobre o

acesso e as formas de utilização dos cuidados de saúde reprodutiva. As

representações das mulheres relativamente à maternidade e/ou fecundidade,

verificando de que forma estas influenciam a utilização de cuidados de saúde

reprodutiva (saúde materna e planeamento familiar). E as representações dos

profissionais de saúde e técnicos de serviço social sobre os comportamentos

de fecundidade e as formas como as mulheres (pobres e não pobres) utilizam

os cuidados de saúde reprodutiva.

Devido à natureza do objecto de estudo e à complexidade inerente, optou-se

por utilizar uma combinação de métodos qualitativos e quantitativos e

respectivas técnicas de recolha e análise de dados, num mesmo desenho de

estudo, tendo em vista a triangulação metodológica, que ajudou à

compreensão mais profunda da realidade em estudo. Como tal dividiu-se a

investigação em três estudos: 1) o estudo exploratório; que apoiou nas

decisões, nomeadamente na delimitação do objecto de estudo, dos objectivos

gerais e específicos, das hipóteses centrais de investigação e dos aspectos

metodológicos relacionados com o estudo de caso-controlo e o estudo

qualitativo; 2) o estudo de caso-controlo (quantitativo); 3) o estudo qualitativo.

Estudo de caso-controlo

O estudo de caso-controlo foi realizado com mulheres em idade fértil, em que

os casos são mulheres consideradas “muito pobres”, havendo dois controlos

para cada caso: os controlos 1, que são mulheres consideradas “pobres” e os

controlos 2, que são mulheres consideradas “não pobres”.