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substrato de bombas de efluxo e desta forma consistir uma forma de aumentar

a actividade dos actuais fármacos utilizados no tratamento da TB.

O trabalho descrito nesta dissertação tem como objectivo o estudo dos

mecanismos de efluxo no desenvolvimento de multirresistência em

M.

tuberculosis

e de como a resistência fenotípica mediada por bombas de efluxo

se correlaciona com a resistência genética. De forma a alcançar este objectivo,

foram desenvolvidos vários protocolos experimentais utilizando modelos

biológicos, tais como

Escherichia coli

,

Mycobacterium smegmatis

uma micobactéria de crescimento rápido e

Mycobacterium avium

, antes da sua aplicação ao estudo de

M. tuberculosis

.

Esta abordagem permitiu o estudo dos mecanismos que resultam na

adaptação fisiológica de

E. coli

à tetraciclina por exposição a concentrações

subinibitórias deste antibiótico (Capítulo II), o desenvolvimento de um método

fluorimétrico que permite a detecção e quantificação da actividade de efluxo

(Capítulo III), a caracterização do transporte de brometo de etídeo em

M.

smegmatis

(Capítulo IV) e a contribuição da actividade de efluxo para a

resistência aos macrólidos no complexo

Mycobacterium avium

(Capítulo V).

Por fim, os métodos desenvolvidos permitiram o estudo do papel das bombas

de efluxo em estirpes de

M. tuberculosis

induzidas a resistência à isoniazida.

Assim, como descrito no Capítulo II, foi possível observar que a adaptação

fisiológica de

E. coli

à presença de tetraciclina resulta de uma interacção entre

mecanismos a nível genético e modificações pós-traducionais a nível da

conformação de proteínas que diminui a permeabilidade da parede celular e

aumenta a actividade das bombas de efluxo. Para além disso, o Capítulo III

descreve o desenvolvimento de um método fluorimétrico semi-automático que

permitiu correlacionar esta actividade de fluxo com a cinética de transporte do

brometo de etídeo (um conhecido substrato de bombas de efluxo) em

E. coli

e

também a identificação de inibidores do efluxo.

Relativamente a

M. smegmatis

, comparou-se a estirpe selvagem

M. smegmatis

mc2155 com mutantes "knockout" para LfrA e MspA, no que respeita à sua

capacidade de transportar brometo de etídeo. Os resultados apresentados no

Capítulo IV demonstraram que MspA, a principal porina de

M. smegmatis

,

desempenha um papel importante na entrada de brometo de etídeo e

antibióticos na célula e que o efluxo através da bomba LfrA está envolvido na

resistência de baixo nível a estes compostos em

M. smegmatis

. O Capítulo V

descreve o estudo da contribuição de bombas de efluxo na resistência aos

macrólidos em estirpes clínicas do complexo

M. avium

. Demonstrou-se que a

resistência à claritromicina sofreu uma redução significativa na presença dos

inibidores de efluxo tioridazina, clorpromazina e verapamil. Estes inibidores

também diminuíram o efluxo de brometo de etideo e aumentaram a retenção

de eritromicina marcada com 14C nestas estirpes.

Por fim, os métodos desenvolvidos com os modelos experimentais referidos

acima permitiram o estudo do papel das bombas de efluxo em estirpes de

M.

tuberculosis

induzidas à resistência à isoniazida. Este trabalho encontra-se

descrito no Capítulo VI desta dissertação, onde se demonstra que a indução de

resistência à isoniazida não resultou da ocorrência de mutações em qualquer

um dos genes associados com a resistência a este fármaco, mas de um

sistema de efluxo que é sensível a inibidores do efluxo. Estes inibidores

provocaram a diminuição do efluxo de brometo de etídeo e também a redução

da concentração mínima inibitória da isoniazida nestas estirpes.

Para além disso, a análise de expressão genética demonstrou a sobre-

expressão de genes que codificam para bombas de efluxo nas estirpes

induzidas comparativamente com as estirpes originais não induzidas.