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S70

Artigo Original

sistema de M&A no MS, em 2011, aliava-se ao que es-

tava em discussão no país naquele contexto político-

-institucional, como desenvolvimento de sistemas no

âmbito de vários órgãos da administração pública direta

e indireta (Lotta, 2014).

Observa-se na evolução do sistema e-Car no MS a ocor-

rência de períodos de estabilidade, onde o implemen-

tação e desenvolvimento do ciclo de Monitoramento e

Avaliação aconteciammais próximo ao planejado. O pe-

ríodo entre 2012-2015 expressa essa opção pela imple-

mentação e utilização do sistema e pode ser confirmado

pelo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU),

de 2014. Neste documento, apresentando a perceção

dos gestores quanto ao perfil e o índice de maturidade

dos sistemas de avaliação de programas governamentais

(iSA-Gov) dos órgãos da administração direta do poder

executivo federal, o MS alcançou índice de maturidade

de 73,1%, indicando os sistemas de avaliação de pro-

gramas desse órgão como suficientes e atendendo satis-

fatoriamente às necessidades da gestão (Brasil, 2014b).

Além da avaliação realizada pelo TCU, a fase de esta-

bilidade e resultados favoráveis do e-Car foi também

observada em recente estudo de avaliação do sistema

na Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS), con-

siderada exemplar na execução da ferramenta. Nesta

Secretaria, o e-Car acompanhou predominantemente

dois objetivos estratégicos:

Objetivo Estratégico 2

(OE2):

Reduzir os riscos e agravos à saúde da popula-

ção, por meio das ações de promoção e vigilância em

saúde; e

Objetivo Estratégico 6 (OE 6):

Garantir a

atenção integral à saúde da pessoa idosa e dos portado-

res de doenças crónicas, estimulando o envelhecimento

ativo e saudável e fortalecendo as ações de promoção e

prevenção.Alinhados a esses estão 21 resultados priori-

tários (Ubarana, 2017).

Porém, ao longo do período identifica-se a instabilidade

no uso do sistema como consequência das mudanças de

ministros da saúde entre o primeiro e segundo manda-

tos da presidenta Dilma Rousseff, e do governo inte-

rino e atual do presidente Michel Temer. Foram qua-

tro ministros da saúde em dois anos. A cada mudança

no comando da pasta ocorria uma descontinuidade na

estrutura e manutenção do e-Car, com consequências

para a sustentabilidade de uma ferramenta em processo

de implantação e materialização, que se mostrava ima-

tura para resistir à conjetura política institucional.

Conforme refere Ubarana (2017), verificou-se que

no âmbito da SVS, quanto ao grau de implantação das

ações do sistema, sua condição de estrutura e processos

foi considerada implantada no período avaliado, 2012-

2015. Ao identificar a influência do contexto sobre o

grau de implantação, o estudo encontrou que, aliado

ao contexto político favorável à criação e implantação

do sistema no MS e suas secretarias entre 2012 e 2015,

a SVS apresentou uma estabilidade na gestão, com a

manutenção do mesmo secretário entre 2012 a 2014

e a manutenção das atividades prevista pelo e-Car até

2015.

A necessária mediação entre os

envolvidos com a implementação do

sistema e-Car

A implantação e sustentabilidade de intervenções ino-

vadoras constrói-se a partir de interações que progres-

sivamente se estabelecem entre atores, conhecimentos,

práticas e bens previamente não conectados, tornando-

-se um conjunto atuando de forma interdependente

(Callon, Latour,1986). Essa dinâmica representa um

enorme desafio na medida em que consistem em uma

série de acertos e erros, onde as ações, à medida que

evoluem vão, elas mesmas, descobrindo o caminho a

seguir (

ibidem

,1986). Nesse sentido, o sucesso dessas

intervenções depende de media

ç

ões.

A noção de mediação envolve uma situação de transfor-

mação, onde se processam o alinhamento dos interesses

entre atores e redes, promovendo as translações das in-

tervenções orientadas aos novos objetivos consensua-

dos. A mediação tem sempre um impacto sobre o am-

biente no qual se situa, produzindo um acontecimento

que altera o cenário anterior

(Davallon, 2007; Latour,

2001).

Entre 2014-2016 foram realizadas três oficinas de har-

monização, desenvolvidas no âmbito da parceria DE-

MAS e Laser/ENSP/Fiocruz, que assumiram essa con-

dição de mediação na implementação e evolução do

e-Car. Esta afirmativa deriva das mudanças observadas

no desenvolvimento das práticas de monitoramento pe-

las áreas técnicas do MS, tendo como produto principal

o estímulo dos responsáveis para elaboração de melho-

res relatórios.

As oficinas foram planejadas em três módulos e pre-

vistas para serem oferecidas aos profissionais do MS a

cada semestre, em conjunto ou isoladamente, mediante

demanda específica. A oferta planejada visava especial-

mente novos contratados e parceiros chaves da institui-

ção, inclusive oriundos de organizações da sociedade

civil (Brasil, 2016 mimeo).

A diversidade pretendida na representação das áreas

técnicas nas oficinas pode ser apreendida pela atividade

realizada em julho de 2015, com a participação de 32

pessoas de 12 setores do MS. Com abordagem peda-

gógica participativa e de problematização, evidenciou a

necessária atenção para a comunicação e troca de infor-

mações entre as secretarias e os relatórios técnicos do

e-Car

a fim de gerar ações estratégicas e/ou transforma-

doras. Objetivou-se que os técnicos envolvidos na sua