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S66

Artigo Original

Introdução

O contexto da implementação

de um novo dispositivo institucional

de M&A

Atingir o propósito de qualificar e melhorar o desem-

penho de programas e políticas de governo implica

na presença e articulação dos requisitos apontados

por Jannuzzi (2013) na ponta da oferta dos insumos,

tais como: a disponibilidade de informação abran-

gente, sistematizada e atualizada para subsidiar o

planejamento, a coordenação de atores e dispositivos

de ação, o acompanhamento do curso dos processos

e a avaliação dos resultados. Na outra ponta, da de-

manda pela informação, estão os potenciais usuários,

suas necessidades e julgamento quanto à pertinência

e adequação da informação e conhecimento disponi-

bilizado (Jannuzzi, 2013; Figueiró, 2012).

Para disponibilizar a informação requerida de forma

oportuna e com qualidade, observa-se a crescente

importância dos recursos de tecnologia da informa-

ção (TI). De modo sinérgico, os sistemas de M&A

e as TI atuaram concomitantemente às reformas do

Estado, iniciadas na década 70 nos países desenvolvi-

dos e na década de 90 no Brasil (Lotta, 2014), perse-

guindo controle de gastos, responsabilização pública

e o alcance de resultados.

Em países como Austrália e Canadá o desenvolvimento

de sistemas de M&A são intensificados a partir dos fins da

década de 80 e anos 90 do século passado.Nesta mesma dé-

cada, o Chile foi o país naAmérica Latina a implementar sis-

temas de monitoramento e avaliação, seguido pela Colôm-

bia, voltados para análise de desempenho e custo-benefício

de projetos e organizações, inspirado nomodelo canadense,

cuja ênfase está na eficiência do gasto e na qualidade das

políticas públicas (Santos, 2012; Ubarana, 2017).

Nas democracias ocidentais de um modo geral, e na Amé-

rica Latina, em particular houve a busca de fortalecimento

da

`função avaliação’

na gestão governamental (Faria, 2005).

Esse movimento propiciou em diferentes países a constru-

ção de sistemas de avaliação das políticas públicas de escopo

variável, o que de alguma forma se justificou pela necessi-

dade de

“modernização”

da gestão pública, num contexto de

busca de dinamização e legitimação da reforma do Estado

(ibidem, 2005), reafirmando assim a necessidade de uma

política de avaliação para subsidiar os sistemas de planeja-

mento e gestão e o fortalecimento do controle social.

Também nos anos 90, o Brasil se alia ao movimento de re-

definição da atuação do Estado com ênfase na obtenção de

resultados culminando na reforma gerencial da administra-

ção pública de 1995. Conjuntamente com os instrumentos

de gestão do Estado, as Leis Orçamentárias Anuais (LOA)

e os Planos Plurianuais (PPA), implementa-se o Sistema

de Monitoramento e Avaliação (SMA) do Plano Plurianual

(PPA) com o objetivo de promover alocação eficiente de

recursos, gestão para resultados e transparência (Ubarana,

2017).

Com algumas décadas de atraso, em 2011 a gestão do Mi-

nistério da Saúde do Brasil (MS) enfrentou o desafio de har-

monização de diversos instrumentos de gestão, orientando-

-se pelos propósitos da gestão por resultados. O interesse

do planejamento de estado voltado para resultados passa

a ser menos o acompanhamento dos componentes de in-

sumos, atividades e produtos entregues, e mais o forneci-

mento de respostas aos interessados acerca do sucesso ou

fracasso das políticas (Santos, 2012).

À época encontrava-se emvigência no Brasil o Plano Pluria-

nual (PPA 2008-2011), e no âmbito do MS o Plano “Mais

Saúde”, o Plano Nacional de Saúde (PNS 2008-2011) e a

Programação Anual de Saúde; ao passo que se iniciavam –

até então correlacionadas, mas não propriamente integra-

das nem subsumidas – as ações do PPA 2012-2015, do PNS

2012-2015 e do novo recorte estratégico do MS (Oliveira,

2013; Ubarana, 2017).

A construção do planejamento estratégico do MS resultou

no Plano de Governo e Objetivos Estratégicos (OE) ex-

pressando a visão de futuro do MS para a gestão de 2011-

2014, integrando os muitos documentos normativos e com

a presença de todo o primeiro escalão do

MS.Na

sequência

foram realizadas oficinas descentralizadas em todas as sete

secretarias do MS e unidades vinculadas, para identificação

das estratégias necessárias à realização dos objetivos defini-

dos e pactuação de um elenco de entregas anuais, consti-

tuindo-se, assim, o Plano Estratégico (PE) do MS.

Subsequentemente coube ao Departamento de Monitora-

mento eAvaliação do SUS (DEMAS) prosseguir no proces-

so de institucionalização do planejamento, monitoramento

e avaliação no MS, realizando oficinas de revisão do PE mo-

duladas por OE e não mais por secretarias, evidenciando

a transversalidade e complexidade das ações e serviços de

saúde, além de adequação e padronização de terminologias.

Consolidou-se, assim, o Recorte Estratégico do Ministério

da Saúde (REM) com 16 OEs, 131 estratégias, 582 resul-

tados, destes 98 são prioritários (Brasil, 2014; Oliveira

et

al

., 2013).

O desenvolvimento do e-Car no âmbito

do governo federal

O dispositivo desenvolvido para o monitoramento dos

instrumentos de gestão definidos e pactuados no governo

federal foi o Sistema de Controle,Acompanhamento eAva-

liação de Resultados (e-Car). O e-Car é um instrumento

gerencial próprio desenvolvido pelo Serviço Federal de

Processamento de Dados (SERPRO), modelado em plata-

forma livre – sem custos para sua utilização por tratar-se

de um

software

livre – e passível de customização ao longo