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S67

A n a i s d o I HM T

do tempo, tornando-se adaptável às necessidades do órgão.

Este instrumento contém a relação dos objetivos estratégi-

cos e metas do MS e permite o acompanhamento das ações

modelizadas para o alcance destas por meio da inserção de

pareceres técnicos advindos das atividades de M&A.

Na sua origem,o e-Car propôs a existência de umambiente

que promove a padronização dos dados, a divulgação das in-

formações e a orientação na forma de acompanhar as ações,

tendo também a possibilidade de acompanhar demandas,

seus encaminhamentos e suas relações com atividades em

andamento (Brasil

,

2011). 

Ainda, o sistema foi conduzido demodo a controlar e evitar

desperdícios financeiros e a acompanhar as ações e resulta-

dos segundo metas ou indicadores pactuados e de acordo

com a periodicidade desejada, podendo monitorar ações

prioritárias de forma diferenciada das estratégicas, por

exemplo (

ibidem,

2011).Considerava-se, assim, a necessida-

de de disponibilizar informações oportunas, tempestivas e

pertinentes aos implicados no sistema governamental para

tomada de decisão, a partir do livre acesso às informações

de cada área técnica do MS. 

Tratando-se de uma intervenção inovadora e dinâmica, a

sua implantação requer dos envolvidos observar o equi-

líbrio entre o programado e a flexibilidade às necessárias

adequações, visando a adoção e sustentabilidade em dife-

rentes contextos (Shen et al., 2008). Esse desafio expres-

sa-se igualmente nos processos de monitoramento e ava-

liação, cuja realização influencia as adaptações observadas

(Schell

et al

., 2013) ainda mais quando se trata de interven-

ção complexa como o sistema em questão.

Como concordam vários autores, coloca-

-se como necessária, tanto aos formula-

dores quanto aos pesquisadores, a com-

preensão das políticas e programas como

processos dinâmicos, modificando-se

durante a implantação e ao longo de sua

operação cotidiana, e na medida em que

se implementa em diferentes contextos,

articulando novos atores e interesses

(Jannuzzi, 2013; Clavier,Vibert, Potvin,

2012; Figueiró, 2016).

Diantedodesafioemdesenvolver umdis-

positivo de M&A com essa abrangência,

considerou-se importante apreciar como

foi compreendido o e-Car no MS na sua

proposta inicial e como se deu a evolução

de sua implementação, no período 2011-

2016; de que maneira os

actantes

1

da rede

sociotécnica se relacionavam na interface

humano com não-humano e suas impli-

cações quanto às subjetivações e as estra-

tégias de mediação utilizadas naquilo que

é capaz de transformar a ação.

Metodologia

A pesquisa avaliativa foi desenvolvida utilizando-se o dese-

nho de estudo de caso (Yin, 2005) e método de pesquisa

qualitativa numa abordagem participativa com as seguin-

tes ações: análise documental (pareceres técnicos, leis do

MS, relatos de reuniões e oficinas); visitas de observação e

aproximação ao DEMAS nos dias em que a equipa recebia

os pareceres técnicos; conversas exploratórias do campo

com técnicos responsáveis pelo sistema no DEMAS; parti-

cipação em reuniões de avaliação do DEMAS junto com a

equipa técnica responsável por um programa; participação

em oficinas de harmonização para o melhor entendimento

e aproveitamento na construção de pareceres técnicos.

Para análise do modo da produção e usos do conheci-

mento gerado pela ferramenta e-Car foram focados

três eixos principais, fios e redes correlatas (Figura 1):

1)

O primeiro eixo tomou o sistema de monitoramento

e-Car na sua estrutura e buscou compreender a sua evo-

lução entre o proposto e o realizado; por outra vertente,

analisou as divergências que apareceram na relação dos

ac-

tantes

(humanos com os não-humanos), no sentido do que

a ferramenta de controle produziu de subjetivação aos hu-

Fig.1 -

Eixos principais da pesquisa em ação

1 -

Actante

é um termo tomado da semiótica para incluir os não-humanos (compu-

tadores, sistemas, aparelhos) na configuração de ator. Um actante (humano e/ou

não-humano) deixa traço e só assim pode ser seguido na rede. Os actantes produ-

zem efeitos na rede, modificam-na e são modificados por ela (LATOUR, 2001).