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S62

Artigo Original

indicar a necessidade de fortalecer políticas de financia-

mento no país a fim de garantir o papel da autoridade

sanitária no sistema de pesquisa em saúde.

Entre os três mecanismos de financiamento a pesquisa

utilizados (editais nacionais, editais estaduais/PPSUS e

contratação direta) a maior proporção de financiamen-

to global (67%) foi dos editais nacionais de parcerias in-

terinstitucionais (MS e CNPq), com maior participação

de recursos do MS, enquanto os editais estaduais/PP-

SUS, resultado da parceria interinstitucional (MS, SES e

FAPs), apoiaram maior proporção de projetos (53,4%),

mas com menos financiamento (23,6%). Do financia-

mento global dos editais estaduais/PPSUS (R$ 261.634

milhões de reais) o menor financiamento (5,5%) foi

para a região Centro-Oeste, e o maior (44%) para a

região Sudeste, o que representa uma diferença de oito

vezes entre ambas as regiões. Esse resultado indica de-

sequilíbrio nas parcerias interinstitucionais em algumas

regiões em relação ao financiamento. Cabe analisar a

participação de cada instituição no cofinanciamento nas

regiões que permita compreender melhor esse pano-

rama para reduzir as iniquidades na participação dos

parceiros.

Foi realizado levantamento inicial de pesquisas finan-

ciadas sobre equidade em saúde na Plataforma Pes-

quisaSaude, utilizando o filtro com as palavras-chave:

equidade, desigualdades, determinantes, determinan-

tes sociais e iniquidades; foram excluídos os projetos

repetidos e aqueles que, após leitura dos resumos, não

indicavam análise baseado na equidade. No período es-

tudado, 155 pesquisas foram financiadas no valor de

R$ 25.212 milhões de reais, o que representa 3,4% do

total de projetos e 2,6% do financiamento global. Ao

longo dos anos o total de projetos financiados variou

de forma importante, de um (2011) até 42 (2006). O

financiamento acompanhou essa variação, sendo que o

maior valor foi em 2008, cerca de R$ 7 milhões de reais

(27,5%), e o menor, em 2010, R$ 734 mil reais (3,0%).

As instituições sediadas na região Sudeste (66,7%) do

país foram as mais financiadas, enquanto as instituições

da região Norte, que apresenta sérias desigualdades so-

cioeconómicas em saúde, receberam 3% do financia-

mento global. Esses resultados chamam a atenção sobre

a capacidade de pesquisa, por exemplo, na conforma-

ção de grupos que investigam equidade e saúde nas re-

giões do país, de forma a promover a desconcentração

de instituições neste tema.

Quanto aos mecanismos de financiamento, os editais na-

cionais foram os que mais financiaram projetos (44,5%

do valor global e 53% de projetos) e, em seguida a con-

tratação direta do MS (36,6% do valor) para seis pes-

quisas (4% dos projetos). De modo geral, o MS lidera a

participação financeira nos editais; o fundo setorial de

saúde do Ministério de Ciência e Tecnologia cofinan-

ciou um dos editais nacionais. Nos Estados, as Secreta-

rias de Saúde e de Ciência eTecnologia, as fundações de

apoio a pesquisa cofinanciaram em cerca de uma quarta

parte do financiamento dos editais estaduais.

Em relação às prioridades de pesquisa na temática de

equidade indicadas explicitamente nos editais, cabe des-

tacar alguns aspectos:

A.

a grande diversidade de editais para financiar

projetos e, a maioria deles não tinha explícito o tema de

equidade nas linhas prioritárias de apoio;

B.

28% dos projetos que representa 26,5% do

financiamento global foram financiados por editais na-

cionais específicos, entre os quais destacam-se: 1) Sis-

temas e Políticas de Saúde - Qualidade e Humanização

no SUS (2004), financiou dez pesquisas no valor de R$

600 mil reais; 2) Determinantes Sociais da Saúde, Saúde

da Pessoa com Deficiência, Saúde da População Negra,

Saúde da População Masculina (2006), com 27 projetos

financiados no valor global de R$3.310.000 milhões de

reais; e 3) Chamada N º 41/2013 MCTI/CNPq/CT-

-Saúde/MS/SCTIE/Decit - Rede Nacional de Pesqui-

sas sobre Política de Saúde: Produção de Conhecimento

para a Efetivação do Direito Universal à Saúde (2013),

financiou três projetos no valor total de cerca de dois

milhões de reais;

C.

O financiamento de dois projetos de âmbito

nacional com enfoque de desigualdades: 1) EPIGEN-

-Brasil - Epidemiologia Genômica de Doenças Comple-

xas em Três Coortes Brasileiras de Base Populacional,

no valor de R$ 6.600.000 milhões de reais, 2) Projeto

Saúde da gestante e da criança no contexto da política

de redução das desigualdades regionais, no valor de R$

1.257.000 milhão de reais.

De modo geral, os resultados chamam a atenção sobre

os desequilíbrios na definição de prioridades de pes-

quisa sobre equidade em relação ao conjunto de temas

financiados; na indicação explícita de priorização da in-

vestigação sobre equidade na saúde nas chamadas nacio-

nais e estaduais e na capacidade de gestão da pesquisa no

cofinanciamento.

Conclusões

A abordagem RIF pode ser aplicada e adaptada para

a realidade brasileira e oferece subsídios para analisar

tanto o panorama global do sistema nacional de pesqui-

sa e inovação em saúde numa perspetiva de equidade,

como as práticas desse sistema, por exemplo, a análise

do financiamento às prioridades de pesquisa sobre equi-

dade e saúde realizada no país. Assim, permite apontar

avanços, oportunidades e desafios para o fortalecimen-

to desse sistema.

Entre os desafios pode-se apontar a necessidade de reo-