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Artigo de Revisão

pretendem fazer durante o processo de colaboração. Esse

inventário devia incluir não só as contribuições financeiras

e académicas mas também recursos e informações locais

pertinentes [39].

Também a GAVI, a Aliança Internacional da Vacina, uma

organização que junta o setor público e privado, desenvol-

veu um modelo de negócio cujo objetivo é fazer a ponte

entre as necessidades dos países africanos e as farmacêu-

ticas, fazendo com que as empresas privadas ajustem a

produção de vacinas em função dos interesses reais desses

países.Desde 2007 que a GAVI desenvolve uma política de

cofinanciamento que permite aos países aderentes o inves-

timento em novas vacinas e a diminuição dos custos relati-

vos às campanhas públicas de imunização [40].

A Organização Mundial de Saúde organizou uma reunião

em Dezembro de 2014 na Suíça para discutir como o con-

texto fiscal dos países de baixo e médio rendimento afeta

a investigação em saúde. Considerando-se que a capacida-

de fiscal em alguns desses países é reduzida, foram criados

grupos de trabalho dedicados a áreas como o financiamen-

to da saúde, sustentabilidade fiscal e gestão das finanças

públicas; espaço fiscal e projeções acerca dos gastos com

saúde; a integração de iniciativas na saúde global com a

política de financiamento na saúde; o desenvolvimento

de redes de oficiais de “saúde e orçamento” e a melhoria

da compreensão das práticas de orçamentação na saúde.

Algumas das ações definidas como prioritárias incluíram

uma melhoria do alinhamento das reformas de políticas de

financiamento de saúde e de regras de gestão das finanças

públicas; a facilitação da partilha e harmonização metodo-

lógica do espaço fiscal; a melhoria da colaboração entre

oficiais de saúde e fiscais para fortalecer a prestação de cui-

dados de saúde [41: 5-7].

A consolidação do contexto fiscal dos países do Sul Global

deve ser acompanhada por uma definição das prioridades de

intervenção em saúde. Alguns modelos e ferramentas que

podem ser mobilizados para esse efeito incluem por exem-

plo oModelo deAlocação de Recursos em Saúde, o modelo

CHOICE da Organização Mundial de Saúde ou o modelo

EVIDEM [42: 16].OGrupo deTrabalho sobre Definição de

Prioridades em Instituições para a Saúde, do Centro para o

Desenvolvimento Global (EUA), desenvolveu um modelo

para otimizar a definição de prioridades em tecnologias de

saúde (tendo em conta a sua viabilidade económica) assente

em sete processos: a) o registo ou autorização da tecnolo-

gia num país específico; b) a identificação e seleção de tec-

nologias para avaliação; c) a avaliação do custo-eficácia; d) a

avaliação do impacto orçamental da implementação de uma

determinada tecnologia de saúde num sistema de saúde;

e) a condução de um processo deliberativo com todos os

stakeholders

envolvidos e tendo em conta critérios de decisão

subjetivos; f) a tomada de decisões, guiadas pelos resultados

e evidências das recomendações; g) recurso e avaliação per-

manente das decisões efetuadas [42: 22-23].

6.

Reconhecimento de capacidades

desiguais de gestão de investigação

entre parceiros e providenciar medidas

apropriadas para que estas possam ser

melhoradas

De acordo com o Conselho para as Organizações In-

ternacionais de Ciências Médicas (CIOMS) e a OMS, a

investigação em saúde frequentemente envolve parce-

rias internacionais, e nesse sentido é fundamental que

os “investigadores e financiadores que planeiam levar a

cabo investigação nestas comunidades contribuam para

a capacitação da investigação e revisão [ética]” [11:29].A

capacitação pode incluir as seguintes atividades: a cons-

trução de infraestruturas de investigação e o fortaleci-

mento da capacidade de investigação; o fortalecimento

da capacidade de revisão ética e avaliação nas comuni-

dades de acolhimento; o desenvolvimento de tecnolo-

gias apropriadas aos cuidados de saúde e à investigação

em saúde; a formação de pessoal ligado à investigação

e cuidados de saúde; o planeamento de publicações em

conjunto assim como a partilha de dados; a preparação

de acordos acerca da partilha de benefícios resultantes

da investigação [11: 29].

Como podemos constatar, a capacitação envolve não só

uma vertente científica mas também aspetos adminis-

trativos, orçamentais e relacionados com a gestão do

conhecimento e dos sistemas de I&D. Por outro lado,

uma melhoria dos sistemas de I&D dos países em de-

senvolvimento não só pode contribuir para uma maior

produção científica emergente desses países como tam-

bém trazer benefícios mais vastos ao nível dos sistemas

de saúde, por exemplo. Nesse sentido, é necessário

adotar uma visão integrada para que os PBMR possam

desenvolver e usufruir de um maior investimento em

C&T.

De acordo com Acharya (2006), um alinhamento dos

investimentos em C&T com os objetivos de Saúde Pú-

blica pode trazer benefícios económicos e sociais, mas é

fundamental assegurar que este processo de capacitação

possa ter um efeito concreto na saúde das populações

pobres [43: 54]. De forma a promover um processo de

desenvolvimento sistemático que inclua a ciência e a so-

ciedade,Acharya defende a disseminação de um proces-

so ramificado que sumarizamos na tabela 3.

O Instituto de Investigação para o Desenvolvimento (IRD)

de França também reconhece que a investigação científica é

benéfica para os objetivos de desenvolvimento, e que este

pode ser alcançado através de um reforço de ações de capa-

citação. O Serviço de Reforço de Capacidades do IRD leva

a cabo diversas ações de capacitação com investigadores,

administradores e equipas de investigadores das instituições

parceiras, incluindo: a) o apoio à formação individual em se-

tores de investigação; b) a promoção da formação de equipas