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S98

Artigo de Revisão

de mediação e de resolução de conflitos poderem ofe-

recer soluções, é também necessário que os parceiros

tenham uma estratégia clara para terminar a parceria

em certas situações [24: 4].

As recomendações do KFPE oferecem algumas suges-

tões para lidar com os conflitos nas parcerias, nomea-

damente o estabelecimento de padrões para a resolução

de conflitos, a definição de termos de referência e me-

morandos de entendimento, a criação de acordos equi-

tativos e vinculativos e até a designação de um comité

externo para tomar uma decisão em caso de conflito

[17].

A Rede do Novo México sobre Excelência na Investiga-

ção Biomédica (NM-INBRE) também desenvolveu uma

política de resolução e prevenção de conflitos.A resolu-

ção de conflitos tem uma dimensão informal e formal.

Em relação à informal, são sugeridas as seguintes solu-

ções: a)Trate a outra pessoa com respeito; b) Confronte

o problema; c) Defina o conflito; d) Comunique de uma

forma compreensiva; e) Explore soluções alternativas;

f) Chegue a um acordo acerca da solução mais viável; e)

Faça uma avaliação da solução após algum tempo [25].

Do ponto de vista formal, e caso a abordagem informal

falhe, o líder do projeto/diretor do programa será o

primeiro ponto de contacto, e caso as várias partes não

cheguem a um acordo será formado um comité com

poder vinculativo para resolver a situação [25].

Bagshaw et al. (2007) argumentam que os desafios

associados à investigação (desde a preparação de uma

revisão de literatura, passando pela definição das ques-

tões de partida até à análise dos dados) se tornam mais

complexos em situações de colaboração internacional,

no sentido em que a equipa é constituída por indivíduos

de diferentes “disciplinas, países, culturas, histórias, e

sistemas educativos que têm diferentes aptidões linguís-

ticas” [26: 434].

Os autores fornecem quatro pistas interessantes para a

prevenção de conflitos nestes contextos de diversidade

cultural: o reconhecimento da diversidade e o desenvol-

vimento de objetivos de cooperação; o desenvolvimen-

to de autorreflexão e de reflexividade (existem várias

técnicas para refletir acerca da situação social, cultural,

somática e étnica dos indivíduos – [27]); a promoção de

um diálogo colaborativo (incluindo práticas para escu-

tar o “outro” em plena consciência – [28]); o desenvol-

vimento de confiança ao longo do tempo (reconhecen-

do que a confiança emerge através de uma cooperação

continuada) [26].

Bammer, partindo de uma análise histórica das colabo-

rações de investigação com base em três exemplos (a

construção da bomba atómica, o Projeto do Genoma

Humano e a Comissão Mundial sobre barragens), de-

senvolve algumas considerações acerca da avaliação e

gestão das parcerias. Reconhecendo que é necessário

solidificar a investigação sobre este tema para maximi-

zar o impacto positivo das colaborações, a autora apre-

senta algumas sugestões acerca de quatro dimensões

fundamentais destes processos: 1) a gestão das diferen-

ças que podem destruir as parcerias; 2) a decisão acer-

ca do que a colaboração deve envolver na prática; 3) a

compreensão de aspetos que podem distorcer os poten-

ciais resultados da investigação; 4) o recrutamento de

parceiros necessários, preservando a independência da

investigação [29: 875].

A explicitação das contribuições dos parceiros também

pode ser enquadrada no âmbito de uma preocupação

mais vasta com a identificação do potencial impacto

da investigação a montante dos próprios processos de

desenho das propostas. No Reino Unido, os Research

Councils (RCUK), responsáveis por uma parte signi-

ficativa do financiamento público da investigação nas

diversas áreas científicas, recomendam que as candida-

turas a financiamento tenham uma declaração explícita

acerca do seu potencial impacto, articulando o mérito

científico com dimensões sociais e éticas.

De facto, os RCUK recomendam que esta declaração

seja “específica do projeto e não generalizada” e tam-

bém “flexível e focada em potenciais resultados” [30:

2]. Nesse sentido, os investigadores devem: “identificar

e envolver-se ativamente com utilizadores da investiga-

ção e

stakeholders

em fases apropriadas”; “articular um

entendimento claro do contexto e necessidades dos

utilizadores e considerar formas para a investigação

proposta ir ao encontro dessas necessidades ou ter um

impacto em função do entendimento dessas necessida-

des”; “desenvolver o planeamento e gestão de atividades

associadas incluindo (…) pessoal, orçamento (…) re-

sultados e exequibilidade” e “incluir evidências de al-

gum envolvimento existente com utilizadores relevan-

tes” [30:2]. Uma previsão acerca do potencial impacto

económico da investigação em saúde pode justificar um

aumento do financiamento desta área, em função dos

seus benefícios sociais a longo prazo [31].

De acordo com Darby (2017), a avaliação do impac-

to deve ser coproduzida de uma forma participativa

com as comunidades diretamente visadas. Isso requer

abordagens de investigação baseadas em racionalida-

des e práticas centradas nos valores dessas mesmas

comunidades. As abordagens coprodutivas, promo-

vidas pela autora, “promovem um diálogo acerca do

que não só é aceitável mas também desejável. Essa

investigação valoriza não só os produtos finais mas

também as necessidades e processos de aprendizagem

emergentes” [32: 231].

A abordagem da autora vai ao encontro das recentes

preocupações com avaliações participativas das tec-

nologias, realizadas a montante, sob a égide do para-

digma de investigação e inovação responsáveis. Esta