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S97

A n a i s d o I HM T

nanciadores; a possibilidade de colmatar desigualdades

entre os parceiros através da confiança, motivação e

responsabilização [17:2].

O envolvimento inicial dos parceiros deve ter em con-

ta as prioridades de investigação das comunidades em

questão na definição da agenda conjunta [3] e deve tam-

bém considerar os desafios de levar a cabo investigação

em cenários interculturais. Estes colocam um número

de problemas metodológicos e práticos, exigindo, de

acordo com Small et al. (1999), um especial cuidado na

seleção de staff assim como processos de apoio e for-

mação contínuos [19: 389].

A iniciativa Essence sobre investigação em saúde foi

levada a cabo por um conjunto de agências de finan-

ciamento para promover uma maior coordenação dos

esforços de capacitação ao nível da investigação [20:5].

Para esse efeito, foram desenvolvidos os seguintes 7

princípios, cuja adaptação apresentamos na tabela 2.

A recomendação 6 é particularmente pertinente no

que concerne à capacitação dos parceiros, em especial

em PBMR. Em muitas instituições desses países existe

uma falta crónica de mentores e supervisores experien-

tes, facto que prejudica o desenvolvimento de experti-

se e a possibilidade de obter financiamento competitivo

[20: 20].

Algumas das dificuldades experienciadas pelos investi-

gadores de países em desenvolvimento incluem a falta

de financiamento para projetos de investigação, dificul-

dades com a escrita em inglês, em identificar revistas

científicas relevantes e lidar com os processos de re-

visão por pares [21]. Apesar de existir uma crescente

ênfase em processos de capacitação no contexto Afri-

cano para fortalecer os sistemas educativos e de I&D,

tem sido argumentado que nem todos os programas

implementados têm efeitos substanciais e duradouros

[22].

4.

Tornar explícitas

as contribuições de

todos os parceiros

Frequentemente os parceiros

do Sul Global não têm um

acesso equitativo aos resulta-

dos da investigação, incluindo

patentes, artigos e benefícios

financeiros, para além de te-

rem um papel secundário na

definição das agendas e pro-

cessos de pesquisa, habitual-

mente monopolizados pelas

instituições do Norte. O guia

que o KFPE desenvolveu, an-

teriormente mencionado, re-

comenda explicitamente que a

definição da agenda, a partilha de dados, resultados e

lucros seja feita de uma forma equitativa.

No que diz respeito à partilha de lucros e resultados

(recomendação 9), os desafios identificados pelo KFPE

incluem a necessidade de identificar potenciais benefí-

cios da investigação à partida, assegurando a sua parti-

lha equitativa; a resolução de disparidades inerentes em

relação ao estatuto académico e capacidade de decisão;

a definição de quem serão os detentores dos direitos

de propriedade de projetos financiados publicamente

[17:11].

De acordo com o COHRED, as instituições dos PBMR

nas regiões Africanas e Asiáticas têm revelado deficiên-

cias ao nível da capacidade de negociação contratual

devido à falta de expertise jurídica. Uma maior capa-

cidade de negociação irá permitir a essas instituições

uma distribuição mais equitativa dos benefícios das par-

cerias, e nesse sentido o COHRED identificou 5 áreas

fundamentais que devem ser negociadas por todos os

parceiros para permitir uma maximização dos benefí-

cios das instituições dos PBMR. Essas áreas são as se-

guintes: a) Os direitos de propriedade intelectual; b) a

capacitação e transferência tecnológica; c) proprieda-

de dos dados e amostras; d) compensação para custos

indiretos; e) o contexto (legislativo) dos contratos de

investigação [23: 3].

É também fundamental implementar estratégias para

a resolução dos conflitos que frequentemente emer-

gem durante as parcerias. De acordo com Larkan et

al. (2016), as parcerias devem assentar em processos

de comunicação transparentes, e a noção de resolução

deve ser entendida enquanto essencial por dois moti-

vos: em primeiro lugar, deve haver o reconhecimento

de que as parcerias irão encontrar dificuldades, sendo

por isso fulcral ter determinação e perseverança para as

ultrapassar; em segundo lugar, e apesar de os processos

11

Tabela 2 - Os 7 princípios da iniciativa Essence (adaptados de [20:9]

1)

Colabore, comunique e partilhe experiências

2)

Compreenda o contexto local e avalie de forma eficaz a capacidade de investigação

existente

3)

Assegure-se que a instituição local tem acesso aos direitos de propriedade e facilite

apoio ativo

4)

Promova a monitorização, avaliação e aprendizagem desde o início

5)

Estabeleça uma robusta governação e estruturas de suporte da investigação, e

promova uma liderança eficaz

6)

Incorpore estruturas robustas de apoio, supervisão e acompanhamento

7)

Pense a longo prazo, seja flexível e desenvolva planos para a continuidade

A recomendação 6 é particularmente pertinente no que concerne à capacitação dos

parceiros, em especial em PBMR. Em muitas instituições desses paí s ex ste uma

falta crónica de mentores e supervisores experientes, facto que prejudica o

desenvolvimento de expertise e a possibilidade de obter financiamento competitivo

[20: 20].

Algumas das dificuldades experienciadas pelos investigadores de países em

desenvolvimento incluem a falta de financiamento para projetos de investigação,

dificuldades com a escrita em inglês, em identificar revistas científicas relevantes e

lidar com os processos de revisão por pares [21]. Apesar de existir uma crescente

ênfase em processos de capacitação no contexto Afric o para fortalecer os sistem

educativos e de I&D, te sido argumentado que nem todos os programas

implementados têm efeitos substanciais e duradouros [22].

4.

Tornar Explícitas as Contribuições de to os os

Parceiros

Frequentemente os parceiros do Sul Global não têm um acesso equitativo aos

resultados da investigação, incluindo patentes, artigos e benefícios financeiros, para

Tabela 2:

Os 7 princípios da iniciativa Essence (adaptados de [20:9])