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Artigo de Revisão
desenvolveu um conjunto de
diretrizes éticas internacionais
para investigação sobre saúde
envolvendo humanos, em es-
pecial no que diz respeito aos
ensaios clínicos [11:16].
No que concerne à definição de
prioridades em comunidades e
contextos nacionais onde estas
não existem, o COHRED de-
senvolveu um modelo de iden-
tificação de prioridades na área
da investigação em saúde. Esse
modelo consiste numa aborda-
gem que encara a definição de
prioridades como um processo
cíclico de gestão, que apresentamos naTabela 1.
Khan et al (2017) analisaram diversas formas de
definir prioridades e necessidades em C&T tendo
como principal preocupação a investigação em tu-
berculose. Para elencar diferentes estilos, práticas
e metodologias de identificação de prioridades,
os autores focaram-se nos seguintes aspetos: exis-
tia um objetivo claro subjacente ao exercício que
identificou as prioridades? Que
stakeholders
foram
envolvidos no processo? Que informação foi con-
siderada? Que critérios/valores foram recrutados
para atribuir prioridade a áreas específicas? Quais os
métodos utilizados para decidir acerca da lista de prio-
ridades? Como é que os resultados foram comunica-
dos e a quem? Como é que as prioridades e o exercício
de definição de prioridades foram avaliados? [13: 5-6].
Apesar de os modelos de definição de prioridades va-
riarem significativamente em relação a estes indicado-
res, a eficácia e a capacidade de disseminação das apli-
cações foram os valores considerados mais importantes
pela maior parte dos stakeholders.
Existem áreas cronicamente negligenciadas, como
é o caso da área da saúde mental. Se em países como
os EUA não é levada a cabo uma prevenção robusta
de doenças do foro mental [14], nos países de baixo
e médio rendimento (PBMR) essa é habitualmente
uma área subfinanciada e que carece de staff qualifi-
cado. Tomlinson et al. (2009), reconhecendo que esta
área raramente é uma prioridade, pois privilegiam-se
doenças transmissíveis, sugerem que o financiamento
da investigação deve abranger três áreas fundamentais:
investigação sobre políticas e sistemas de saúde; onde e
como implementar intervenções financeiramente efi-
cazes em contextos de baixo rendimento; investigação
epidemiológica acerca das categorias mais vastas de
doenças mentais afetando crianças e adolescentes, as-
sim como aquelas relacionadas com álcool e abuso de
drogas [15:441].
Outra área negligenciada diz respeito às doenças car-
diovasculares (DCV). Se, no início do século XX, as
doenças cardiovasculares eram responsáveis por 10%
da mortalidade mundial, esse valor subiu atualmente
para 30%, e os esforços para controlar a mortalidade
das DCV nos países em desenvolvimento são claramen-
te insuficientes [16: 1966]. De acordo com Fuster et
al., o subfinanciamento e subreconhecimento das DCV
está relacionado com o facto de os especialistas nestas
áreas não terem sido envolvidos de uma forma robus-
ta na definição dos Objetivos de Desenvolvimento do
Milénio das Nações Unidas [16:1966]. De acordo com
os autores, é necessário que a área negligenciada das
doenças crónicas, nomeadamente das DCV, seja devida-
mente reconhecida e financiada [16:1970].
3.
Envolvimento inicial dos parceiros
O envolvimento inicial de todos os parceiros nas cola-
borações de investigação é fundamental para que a de-
finição da agenda, metodologias e possíveis resultados
sejam discutidos de forma transparente por todos os
envolvidos. Caso não se proceda a um robusto envolvi-
mento de todos os atores à partida, existe o risco da co-
laboração ser dominada pelos interesses das instituições
do Norte e financiadores, o que impede uma equidade
de oportunidade entre todos os parceiros.
A Comissão Suíça para as Parcerias de Investigação com
os Países em Desenvolvimento (KFPE) desenvolveu
um guia para as parcerias de investigação transnacionais
[17] que assenta em 11 princípios, já indicados de for-
ma detalhada noutro artigo deste suplemento [18]. O
primeiro princípio diz respeito à definição conjunta da
agenda de investigação e visa responder a três desafios
fundamentais: o desenvolvimento conjunto das fases
iniciais de identificação e planeamento; a manutenção
da liberdade de investigação face às exigências dos fi-
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Tabela 1.
Tabela 1 - A identificação de Prioridades na área da saúde
Seis passos fundamentais segundo o COHRED (adaptado de [12:17])
Avaliar a situação (compreender o ambiente no qual a definição de prioridades é levada a cabo)
Delinear o cenário (definir o foco e abordagem do processo de identificação de prioridades)
Escolher o melhor método (selecionar os métodos mais indicados para os contextos e
necessidades locais)
Planear a definição de prioridades (desenvolver um quadro de gestão para assegurar a melhor
utilização de recursos)
Definir as prioridades (implementar o plano de trabalho)
Fazer com que as prioridades funcionem (assegurar ações depois da definição de prioridades, e
revisão constante do progresso)
Tabela 1:
A identificação de Prioridades na área da saúde