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para a inexistência de políticas regionais, as quais, na sua

maioria, são nacionais ou estaduais, o que foi contraposto

pelo argumento de que, o objetivo inicial do SUS era, jus-

tamente, que as necessidades, geradoras de políticas, partis-

sem do nível local para o nacional.

Surgiu a consideração para a criação não somente de um ob-

servatório e sim de vários observatórios nos estados do Nor-

deste, conformando uma “Rede Nordestina de Observató-

rios” com a participação de pesquisadores, gestores técnicos

de serviços, controlo social e sociedade civil. Foi menciona-

do o facto de alguns estados não apresentarem estrutura para

conduzir um observatório.

Chamou-se à atenção para a importância do observatório,

em fase de proposição, estabelecer laços com outros obser-

vatórios para troca de informações e outras iniciativas na

perspetiva de potencializar objetivos comuns.

Com efeito, foi possível perceber que os participantes da

oficina compreenderam a pertinência da construção de um

observatório ou de uma rede de observatórios, como sendo

um grande desafio, considerando as particularidades e reali-

dades dos Estados, a estrutura, organização e financiamento

necessário, mas vislumbram que há potencialidades e com

a articulação dos vários núcleos/parceiros observacionais é

possível concretizar a ideia de criação do observatório.

Mesa redonda:

Meta-avaliação e gestão do

conhecimento: atividades necessárias

à avaliação de políticas de saúde

Allan Nuno Alves de Sousa

O Papel indutor do Departamento de Atenção

Básica do Ministério da Saúde (DAB/MS)

Na retrospetiva dos últimos 15 anos em relação ao monito-

ramento e avaliação anteriores ao Programa de Melhoria do

Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), no Mi-

nistério da Saúde, destaca-se a criação da Coordenação Ge-

ral deAcompanhamento eAvaliação e do Departamento Na-

cional de Monitoramento e Avaliação e o financiamento de

estudos e pesquisas. No início dos anos 2000, os Estudos de

Linha de Base do Programa de Expansão da Saúde da Famí-

lia para municípios acima de 100.000 habitantes, executados

por Instituições de Ensino Superior (IES), e a auto-avaliação

das Equipas de Atenção Básica para melhoria da qualidade,

foram essenciais para o desenvolvimento dos ciclos de ava-

liação do PMAQ-AB, a partir de 2011. Houve também fo-

mento direto às Secretarias Estaduais para implantação ou

implementação dos Planos Estaduais de Monitoramento e

Avaliação e dos Centros Colaboradores em monitoramento

e avaliação com apoio das IES.

Um ponto central para o avanço foi a colocação da temática

de monitoramento e avaliação da gestão na Política Nacional

de Atenção Básica. Foram marcadores relevantes a criação

do Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde em

2011, publicado em 2012 e a instituição do PMAQ, dentre

outras iniciativas na perspetiva do aumentar da capacidade

de monitoramento da gestão do Sistema Único de Saúde

(SUS), especificamente da atenção básica.

A dimensão atual daAtenção Básica revela que 75% da popu-

lação coberta, desta 64% pela Estratégia da Saúde da Família

em aproximadamente 40162 equipas e o restante atuando

com outros modelos dentro do SUS. O PMAQ vem-se con-

solidando como a principal estratégia de indução do moni-

toramento e da avaliação, principalmente por induzir a am-

pliação de acesso e a melhoria da qualidade, por introduzir

mais transparência e efetividade nas ações governamentais

direcionadas à atenção básica em saúde e por trazer mudança

importante no financiamento da política e nas práticas de

gestores e profissionais.

Na engenharia do PMAQ, há um primeiro momento de ade-

são e contratualização voluntário, por parte das equipas de

atenção básica e gestores; um segundo momento de avalia-

ção externa e certificação; e um momento de recontratua-

lização, dando uma ideia de ciclos ao programa e um eixo

transversal denominado de desenvolvimento, que envolve

um conjunto de ações a serem melhoradas a cada ciclo con-

tínuo de qualidade.

No primeiro ciclo, em 2011-2012, participaram cerca de

70% dos municípios e mais de 50% das equipas, e no se-

gundo, em 2013-2014, mais de 90% dos municípios e quase

90% das equipas. Atualmente, tenta-se assegurar a homolo-

gação do terceiro ciclo e a avaliação deverá ocorrer, se não

nos próximos meses, no início de 2017. Caso o Ministério

da Saúde, que atualmente tem um governo interino, dê con-

tinuidade ao PMAQ, homologando o terceiro ciclo, o pro-

grama alcançará aproximadamente 95% das 41 mil equipas

existentes.

Os instrumentos e os elementos da avaliação externa são

desenhados segundo cinco dimensões, e são importantes

para estimular práticas que visem a melhoria das condições

das unidades básicas de saúde e o processo de trabalho, que

estruturem condições de funcionamento, com valorização

do trabalhador, além de melhorias no acesso e qualidade,

na utilização dos serviços, com participação e satisfação dos

usuários.

A certificação consiste na soma de resultados verificados

nos processos auto-avaliativos, na avaliação externa e no

desempenho para um conjunto de indicadores que são mo-

nitorados pelos sistemas de informação da base nacional e

indicadores clássicos de cobertura, de acesso, de continui-

dade do cuidado, de abrangência da oferta de serviços, de

resolutividade.

A escolha das IES como responsáveis pela avaliação externa

in loco

gerou intenso debate interno. Inicialmente, foi suge-

rida a contratação de empresas especializadas em coleta de

Gestão, meta-avaliação e redes de conhecimento