Table of Contents Table of Contents
Previous Page  62 / 118 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 62 / 118 Next Page
Page Background

S62

tência oncológica) contendo 30 critérios e 180 itens de ve-

rificação, com respostas binárias sim/não para cada item.

A segunda, um questionário, com 26 quesitos, dirigido aos

usuários, para verificar a satisfação com o atendimento em

serviços de internamento, rede cegonha, emergência e am-

bulatoriais em geral, que se encontra em fase de aplicação,

pelo Departamento de Ouvidoria Geral de Saúde. Até ao

momento, 27% dos usuários foram avaliados.

O Departamento de Monitoramento e Avaliação em Saú-

de, em conjunto com as Universidades e as áreas técni-

cas do MS elaboraram um rol de indicadores robustos

(3ª vertente), extraídos de banco de dados do Sistema

de Informação Ambulatorial e Sistema de informação

hospitalar, para, centralmente, medir os resultados dos

estabelecimentos avaliados quanto à rede cegonha, emer-

gência e assistência oncológica. Este banco de dados está

em fase de extração pelo DATASUS e será trabalhado sob

a forma do

Business Intelligence

para usos de gestores e da-

queles que tiverem interesse em trabalhar com o PNASS

e, até ao final de julho de 2016, poderão estar disponí-

veis. Serão divulgados internamente no MS, no CONASS

e CONASENS; para estabelecimentos de saúde do SUS,

Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares e hospitais

filantrópicos; além de uma divulgação geral às universi-

dades que participaram do evento, ao controlo social, aos

usuários e trabalhadores.

Em relação ao futuro do programa, por não haver ne-

nhum fator indutor, há necessidade de discutir sobre a sua

continuidade. O PNASS é um programa de uma enverga-

dura muito interessante. Um movimento, pelo menos um

primeiro movimento a nível nacional, que tenta mostrar

a participação dos estabelecimentos de alta e média com-

plexidade na gestão do sistema e sua relação com a rede

de atenção à saúde.

Maria José Bistafa Pereira

*

Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, Brasil

O Departamento de Medicina Social da Faculdade de Me-

dicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e

o Núcleo de Pesquisa e Estudo em Saúde Coletiva da Es-

cola de Enfermagem de Ribeirão Preto Universidade de

São Paulo participaram da avaliação externa do Programa

de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ) apenas

no segundo ciclo a convite da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul que liderou um consórcio institucional

para executar o PMAQ, em seis estados brasileiros. A ges-

tão do projeto, no Estado de São Paulo ocorreu por meio

de um colegiado constituído pela Secretaria de Saúde Es-

tado de São Paulo, através da Coordenação da Atenção

Básica, Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de

São Paulo, Ministério da Saúde, além de 10 Universidades

paulistas, entre públicas e privadas do Estado.A estratégia

foi fundamental à indução da institucionalização da avalia-

ção no nível da gestão estadual e municipal de saúde pela

pluralidade dos atores envolvidos.

Em São Paulo, no segundo ciclo a adesão ao PMAQ foi

significativa, com 84% (645) municípios, 4678 (77%)

Equipas de Atenção Básica, quase 85% das equipas de

Saúde Bucal. A avaliação externa foi pautada pela deman-

da de cunho ético, técnico e político emanado pela de-

volução dos resultados do primeiro e segundo ciclos às

Equipas de Atenção Básica. Para as autoras [1], a análise

dos resultados não pode recorrer exclusivamente às me-

didas de tendência central como média e mediana e sim

buscar estruturar a restituição dos dados de forma singu-

larizada e contextualizada. Frente à condição heterogénea

das equipas, o mesmo dado colhido poderia representar

realidades bastante diversas. Outro desafio foi minimizar

a cultura institucional de não gostar de processos avaliati-

vos algo não restrito apenas aos políticos.

Um dos referenciais teóricos adotados foi “avaliação

apreciativa” [2], entendida como um método centrado

na deteção de pontos de capacidades e potencialidades

presentes nos processos gerenciais com perspetivas do

comprometimento coletivo e não apenas naqueles pon-

tos de fragilidades. Apoiada no “construcionismo social”

[3] assume existência de múltiplas verdades, realidades,

crenças e valores com estreita relação de produção com as

circunstâncias contextuais culturais e históricos. A afilia-

ção a esta proposição teórica ocorreu por acreditar que há

espaços abertos para a construção de significados a partir

dos dados obtidos na avaliação externa do PMAQ com

inclusão de formas alternativas de entendimento de cada

situação. Não desconsidera as estruturas físicas, o mun-

do material bem como os seus limites, mas considera ser

fundamental a maneira pela qual as pessoas falam sobre

e se relacionam com esse mundo físico e não exclui o

papel das macro políticas do Estado. Reconstruir sentidos

acerca dos elementos avaliados do PMAQ significa supe-

rar a linearidade da avaliação na perspetiva da punição,

da exclusão, da classificação, da identificação de erros e

acertos, julgando para penalizar ou premiar, promovendo

mais as disputas e menos a integração que possa impulsio-

nar as mudanças requeridas. Para efetivar a devolução dos

resultados do primeiro e do segundo ciclos do PMAQ foi

realizada uma oficina entre os integrantes do colegiado

gestor do PMAQ, do Estado de São Paulo. Nesta oficina

foi decidido que esta devolução deveria ocorrer de for-

ma contextualizada e no espaço dos Colegiados Interges-

tores Regionais.

Esta opção teórica metodológica, ética e política que sus-

tentou, e sustenta, esse processo de trabalho para a devo-

lução dos dados do PMAQ tem por finalidade contribuir

na potência que o processo avaliativo tem em se constituir

num dispositivo para a produção de mudanças da melho-

ria do acesso e da qualidade da atenção básica.

Gestão, meta-avaliação e redes de conhecimento