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S63

Suplemento dos Anais do IHMT

Zulmira Hartz

Instituto de Higiene e MedicinaTropical

- Universidade Nova de Lisboa, Portugal

Para Hartz a importância do papel indutor do Ministério da

Saúde (MS) consiste, não apenas em financiar a avaliação, mas

também qualificar, mediar e inovar com os seus resultados. No

Brasil, pode festejar-se este ano uma década de meta-avaliação,

ligando gestão e translação do conhecimento com foco na equi-

dade e utilidade, em três (3) marcos inaugurais de 2006, todos

com apoio ministerial.

O primeiro foi a tese de Guadalupe Medina, do Instituto de

Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, pioneira

na avaliação das Redes de Atenção à Saúde, com uso das tra-

jetórias de pacientes portadores de “condições traçadoras”

ou “evento sentinela”, considerados evitáveis por uma assis-

tência de qualidade. A construção de modelos teóricos das

redes e sistemas de saúde foi um dos produtos desenvolvidos

no âmbito de um projeto anterior de avaliação da Gestão

Descentralizada do SUS na Bahia, financiado pelo MS, e que

continua texto referencial na formação de nossos pós gra-

duandos, aqui ou em Portugal [4].

O segundo marco foi a avaliação do Programa de Expansão da

Saúde da Família, em 231 municípios commais de 100.000.000

habitantes e uma população total estimada em 75 milhões. Ela

foi realizada entre 2005 e 2006, por equipas de 8 instituições

e 14 lotes contratualizados por Edital. Dos 147 milhões de

reais destinados ao PROESF, 13 milhões foram alocados para

a sua avaliação, um pouco menos de 10% do é recomendado

pela OMS, e igual proporção deste valor foi reservado para a

1ª meta-avaliação nacional considerando-se que, uma avaliação

“instituinte ou instituída”, com recursos governamentais de uma

política pública, precisa ser bem qualificada para justificar o seu

custo.Tendo sido responsável pelo termo de referência para o

desenho do estudo, exemplificou a importância dos avaliadores

na mediação de conflitos ou controvérsias, particularmente nos

países em desenvolvimento, entre governos (neste caso o MS)

e financiadores (Banco Mundial). O projeto inicial do PROESF

que previa, no governo anterior, a implantação do programa

em somente 50% dos municípios com população acima dos

100.000 habitantes, enquanto os outros 50% funcionariam

como controlo da intervenção, teve que ser alterado para a in-

clusão dos 100% dos municípios. Esta mudança implicou com-

pleto ajuste no desenho da avaliação exigindo, enquanto avalia-

dora, argumentação convincente, do ponto de vista da equidade

social, com garantia da validade teórica e metodológica, para

aceitabilidade do financiador.

No entanto, talvez o ponto mais importante neste 2º evento,

tenha sido a realização da meta-avaliação participativa, como se

preconiza para todos os estudos avaliativos em programas sociais

como a Saúde, uma vez que era coordenada por avaliadores/

instituições independentes,mas também com a participação dos

próprios pesquisadores. Este processo de “auto meta-avaliação”,

associado a uma publicação comum dos resultados, com crité-

rios selecionados pelas equipas como mais relevantes

guidelines

para aprendizagem dos gestores envolvidos, mostrou que a

meta-avaliação não é uma questão burocrática, mas a “alma” da

investigação com a qual o avaliador qualifica seu trabalho.Assim

ela deve preocupar-se tanto com a utilização dos princípios in-

ternacionais de utilidade, a propriedade ou ética, factibilidade e

precisão ou acurácia, bem como a especificidade dos diversos

contextos, embora com uma teoria de mudança comum que

oriente as questões avaliativas [5,6].

O terceiro marco foi a reunião de criação do Grupo deTraba-

lho (GT) deAvaliação no Congresso daAssociação Brasileira de

Pós- Graduação em Saúde Coletiva em 2006. Nele destacou a

meta-avaliação como uma passagem obrigatória “da avaliação

em saúde à saúde da avaliação”, alertando, ao responder a al-

gumas questões, que tanto os políticos como os próprios ava-

liadores têm medo da avaliação. Por isto o foco deve ser o das

“intervenções”, impondo-se sempre, na relação entre atores, os

princípios da meta-avaliação, enquanto abordagem fundamental

de convívio, para minimizar essa imagem distorcida das práticas

avaliativas.

Mesa redonda:

Avaliação de políticas de Saúde

e o protagonismo das universidades

ElaineTomasi

Universidade Federal de Pelotas,

Rio Grande do Sul, Brasil

Nos últimos anos, a parceria entre o governo brasileiro, através

do Ministério da Saúde, e as Universidades, através de grupos

de pesquisadores na Atenção Primária em Saúde, rendeu mui-

tos frutos. Torna-se necessário avaliar esse impacto positivo.

Um grupo australiano indica itens de aferição do impacto que

deveríamos nos preocupar desde a produção do conhecimen-

to, divulgação, articulação com os gestores e coordenadores de

políticas, o desenvolvimento académico, a capacidade de pes-

quisa da instituição sede e da capacidade de transferir também

para outros centros, outras universidades que ainda não estão

plenamente desenvolvidas, além dos benefícios à população que

deveriam ser o objetivo maior [7,8].

Foram de grande importância os estudos e pesquisas de “Linha

de Base” no Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Fa-

mília em 2004 e 2005. E outros trabalhos desenvolvidos como

oAcesso e Qualidade da Rede de Saúde e o Programa Nacional

deAvaliação dos Serviços de Saúde.

A experiência do grupo UFPel com ensino e a sua sinergia in-

tensa com a pesquisa merecem também destaque. Em 2008,

começaram os trabalhos com uma especialização multiprofissio-

nal em Saúde da Família e depois veio a entrada na rede Uni-

versidade Aberta do SUS. Recentemente, tiveram participação

aprovada no Mestrado Profissional em Saúde da Família, que irá