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S95

Plano Estratégico de Cooperação em Saúde na CPLP

ciação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMCG)

foi criada reunindo médicos que trabalhavam na APS e para

defender mais apoio para a reforma (APMCG, 1991).

Em 1996, novas modalidades organizacionais e de gestão

foram introduzidas: exemplos são os "Grupos Alfa", onde

as equipas de médicos de família aceitam alinhar sua práti-

ca em objetivos negociados com a autoridade regional de

saúde, para melhorar o acesso e a qualidade dos serviços.

Outro caso foi o "regime remuneratório experimental "

(RRE), que consistia numa melhoria do modelo "Alfa",

com novos mecanismos de remuneração, a criação da lista

de pacientes e o pagamento por capitação ligados a indica-

dores de desempenho (Conceição et al., 2005), e organi-

zadas com base nas necessidades e práticas de governação

clínica, tais como auditoria clínica, diretrizes, e trabalho

em equipa (van Zwanenberg e Harrison, 2007; Biscaia et

al, 2006; Baker et al, 2001). Em 2005, os resultados da ava-

liação primeira do RRE foram publicados e as conclusões

foram positivas (Gouveia et al., 2005).

Em 2005, o Ministério da Saúde estabeleceu um grupo de

trabalho ("Missão para a Reforma dos CSP") para coorde-

nar a criação de Unidades de Saúde Familiares (USF), como

entidades autónomas e voluntariamente constituídas e com

metas de trabalho bem definidas (Biscaia, 2006a; Lapão

2008). As primeiras tiveram início em setembro de 2006.

Em dezembro de 2007, abriu-se a USF de número 100.

A reforma da APS pode ser vista como um processo de

transformação em que os gerentes devem exercer a lide-

rança no apoio a seus colegas na busca de soluções ino-

vadoras para problemas complexos em um ambiente em

mudança (e Plsek Wilson, 2001; Lapão 2008; Dickson,

2009) Qualquer processo de mudança e reorganização é

complexo e demorado, razão pela qual a liderança gestão

na implementação dos ACES foi considerada fundamental

para o sucesso da reforma, por exemplo, para desenvolver

um mistura equilibrada de médicos, enfermeiros, psicólo-

gos, farmacêuticos, nutricionistas e dietistas com as habili-

dades para trabalhar em equipa, para avaliar as necessidades

da população e para projetar e fornecer serviços que res-

pondam a estes. Isto supõe o acesso a boas bases de dados e

sistemas de informação, monitoramento e ferramentas que

não estavam disponíveis anteriormente. A crescente sofis-

ticação de doenças e a gestão de medicamentos também

requer farmacêuticos mais e melhor treinados e assistentes

de farmacêutico (Gregorio e Lapão, 2011).

O programa de capacitação PACES criou oportunidades

para que os administradores executivos passassem a anali-

sar planeamento e problemas de gestão e de compartilha-

rem soluções potenciais com os colegas. Mas um programa

de treinamento não é suficiente para criar as condições que

facilitam a mudança, são precisos outros instrumentos que

orientem a evolução do processo de mudança. No entanto,

alguns efeitos positivos podem ser atribuídos ao programa

de PACES, além dos ganhos de aprendizagem que dele re-

sultaram. Facilitou a criação de um espírito de grupo e há-

bitos de trabalho em rede entre os gestores. Em discussão

com eles, os participantes mencionaram que isso ajudou

nas suas relações com as autoridades regionais e que as es-

tratégias de partilha sobre como estimular a criação de USF

foram úteis. Foram os gerentes mais jovens (<40 anos),

e menos experientes, os que mais se beneficiaram com a

participação, tanto em termos de aprendizagem como na

obtenção de reconhecimento das suas capacidades de seus

pares.

Os decisores políticos devem considerar que, além de

abordar as necessidades de fortalecimento de capacidades

organizacional e institucional, é preciso apoiar os gestores

ACES de uma forma continuada. É necessário haver mais

pesquisa sobre a avaliação do impacto de treinamento de

liderança a fim de fornecer aos decisores políticos estraté-

gias para melhor apoiar as suas reformas. Mas mesmo que

um programa atinja todos os seus objetivos, outras variá-

veis, tais como sistemas de gestão eficazes, um quadro re-

gulamentar adequado e incentivos financeiros são necessá-

rias para apoiar a mudança.

A teoria dos "three-streams" de Kingdon (1995) sobre o

desenvolvimento de políticas é útil para entender como um

problema atinge a agenda política: “a corrente do problema”

como são as questões reconhecidos e levadas para a agenda

pública; a "corrente de políticas", quais são as opções al-

ternativas oferecidas aos decisores políticos e a "corrente

política", em que os atores políticos incluem a questão nas

suas agendas. Isto pode ser visto como um "conjunto de

processos" que podem ser reconstituídos retrospetivamen-

te para identificar os fatores que influenciaram a conduta

de uma reforma (Lapão & Dussault, 2012).

Em Portugal, a reforma da APS tornou-se parte do pro-

grama de Governo em 2005, depois de várias alternativas

terem sido propostas em diversos relatórios e estudos.

Por exemplo, os estudos de custo-benefício de serviços

de APS (Gouveia et al., 2005), e as experiências-piloto

realizadas entre 1996 e 2004 (Lapão, 2008). A ideia de

uma tal reforma havia sido discutida há mais de 25 anos,

mas foi somente em 2005 que atingiu a agenda política

quando um novo governo tomou posse. Este último de-

legou a responsabilidade para a implementação da refor-

ma a uma

task-force

definida para o efeito, transformando

um objetivo político numa questão técnica, mas sempre

acompanhada politicamente.

No âmbito da reforma da APS, cada uma das três cor-

rentes seguiu sua própria lógica e tinha as suas próprias

forças motrizes. Alguns responsáveis da Associação Por-

tuguesa de Medicina Familiar eram membros proeminen-