Table of Contents Table of Contents
Previous Page  68 / 108 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 68 / 108 Next Page
Page Background

S66

Artigo Original

1. Contexto da saúde na CPLP

A área da saúde foi estabelecida em 2008 com a criação do

Plano Estratégico de Cooperação em Saúde (PECS/CPLP),

assinado em Maio de 2009 por todos os Ministros da Saúde

que destacava sete eixos estratégicos e 21 projetos de de-

senvolvimento com ênfase na capacitação de recursos huma-

nos e desenvolvimento institucional para fortalecimento dos

sistemas de saúde. A primeira fase do PECS/CPLP termi-

nou em 2012, mas de forma consensual, os países membros

acordaram em estende-lo até 2016 dando prioridade para

o fortalecimento e a promoção da capacitação de recursos

humanos e a implementação de projetos estruturantes que

reforcem a capacidade institucional e aperfeiçoem os siste-

mas nacionais de saúde.

Neste sentido, o desenvolvimento de uma estratégia, ou me-

lhor de um roteiro estratégico para promover o uso dasTICs

para garantir o acesso universal a cuidados de saúde está de

acordo com as prioridades do PECS/CPLP.

2. Metodologia

Este texto tem como objectivo fazer uma reflexão e propor

um roteiro estratégico para a telessaúde na CPLP, nomea-

damente:

1)

Inventariar sucintamente os recursos existentes no con-

texto da telessaúde nos países da CPLP;

2)

Estabelecer de mecanismos de cooperação com Brasil,

Portugal e PALOP;

3)

Propor recomendações ligadas ao potencial da telessaú-

de para a CPLP.

As experiências mais maduras de Brasil e de Portugal, e as

experiências mais recentes de Angola, CaboVerde, Moçam-

bique e SãoTomé e Príncipe podem servir de base para pro-

mover o uso da telessaúde em língua portuguesa, a qual po-

derá tornar-se num mecanismo de cooperação e de melhoria

efetiva dos sistemas de saúde destes países.

Um exemplo é o caso de Cabo Verde, que em 2013 inau-

gurou a fase I do Programa Integrado de Telemedicina, que

hoje já se estende a oito ilhas, e com uma ligação a Portu-

gal. O crescimento deste serviço aumentou o atendimen-

to às populações e às consultas entre profissionais das duas

principais ilhas e reduziu as evacuações sanitárias diminuin-

do enormemente os custos associados. Outro exemplo é o

Hospital Central de Maputo em Moçambique, que em 2010

inaugurou um Centro de Telemedicina ligado à Índia onde

estudantes Moçambicanos e Indianos discutem casos e tro-

cam informações. Mas onde a língua tem sido um entrave

importante.

Todos os países podem beneficiar-se enormemente das ex-

periências já existentes para desenvolverem estratégias na-

cionais em prol de uma melhor assistência e fortalecimento

de seus sistemas de saúde. Importante destacar:

1)

O potencial uso da língua portuguesa como factor de

agregação entre profissionais de saúde;

2)

A telessaúde como um componente estratégico para a

saúde nos países da CPLP

1

,

2

;

3)

Desafios para a organização de serviços de saúde e para a

integração entre serviços

4

,

18

;

4)

Os serviços de telessaúde e a colaboração entre os países;

5)

O potencial de desenvolvimento de serviços de telessaú-

de global para a CPLP

6)

A compreensão das barreiras e facilitadores para a teles-

saúde;

7)

Boas práticas, ou seja como utilizar as TICs para ajudar a

ultrapassar as resistências locais ao uso de novas tecnologias;

8)

O apoio da inovação, investigação e desenvolvimento;

9)

A avaliação das intervenções e planeamento médio-lon-

go prazo.

3. Desafios e oportunidades da telessaúde

3.1. Definição de serviços de telessaúde

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS),

a telessaúde envolve a prestação de serviços de saúde onde

a distância é um factor crítico. A abordagem da telessaúde

utilizaTICs para o intercâmbio de informações, diagnóstico,

tratamento e prevenção de doenças, pesquisa e avaliação, e

para a educação continuada de profissionais de saúde.

São cinco os elementos essenciais que definem a telessaúde:

1. Oferecer apoio clínico, em forma de segunda opinião

especializada;

2. Permitir a monitorização à distância, quer de doentes em

tratamento, quer no âmbito da vigilância em saúde pública;

3. Superar as barreiras geográficas, conectando os doentes

e profissionais de saúde que não se encontram no mesmo

espaço físico;

4. Envolver a combinação de uma diversidade de tecnolo-

giasTICs;

5. Focar na melhoria do acesso e na melhoraria dos cuida-

dos em saúde;

Por exemplo, no Brasil, a Resolução nº 1.643/2002 do CFM

Conselho Federal de Medicina Art. 1º, definiu a telessaúde

como o exercício da Medicina através da utilização de meto-

dologias interativas de comunicação audiovisual e de dados,

com o objetivo de assistência, educação e pesquisa em Saú-

de. Acrescenta-se conforme [25] além de educação contínua

e permanente, pesquisa colaborativa e assistência, também

gestão, monitorização e avaliação remota. Em Portugal,

a portaria do Ministério da Saúde (nº 163/2013 de 24 de

abril) define um conjunto de serviços possíveis no Serviço

Nacional de Saúde associados com a telessaúde:

Teleconsulta em tempo diferido (

Store and forward

): uti-

lização de comunicações interativas, audiovisuais e de dados

em consulta médica, recolhidos na presença do doente, sen-

do estes enviados para uma entidade receptora que os avalia-