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Plano Estratégico de Cooperação em Saúde na CPLP
rá e opinará em tempo posterior (forma assíncrona);
•
Teleconsulta em tempo real: consulta fornecida por um
médico distante do utente, com recurso à utilização de co-
municações interativas, audiovisuais e de dados, com a pre-
sença do doente junto de outro médico numa outra localiza-
ção e com registo obrigatório no equipamento e no processo
clínico do doente. Esta comunicação efetua-se em simultâ-
neo (de forma síncrona);
•
Utilização de telessaúde na consulta externa (teleconsul-
ta): utilização de comunicações interativas, audiovisuais e de
dados em consulta médica, com a presença do doente, a qual
utiliza estes meios para obter parecer à distância de, pelo
menos, outro médico e com registo obrigatório no equipa-
mento e no processo clínico do doente.
Considerando que a telessaúde é a prestação de serviços
de saúde à distância, as possibilidades para consultar espe-
cialistas, enviar exames histopatológicos, ECG, RX e fotos
para obter uma segunda opinião ou simplesmente consultar
colegas que estejam em outros centros médicos mais espe-
cializados, são enormes. Atualmente, já existem um sólido
conjunto de experiências bem-sucedidas com tratamento e
até intervenções cirúrgicas feitas à distância.
O uso adequado da telessaúde tem um grande potencial para
aumentar o acesso a serviços de saúde, já que atendimentos
e diagnósticos que antes só eram possíveis em centros de
maior complexidade, podem, com o advento desta tecnolo-
gia, ser realizados em nível local e mesmo comunitário. Da
mesma forma, especialista em hospitais centrais e centros
especializados passam a interagir com colegas que se encon-
tram em outros locais e desta forma criam uma rede de co-
nhecimento que é benéfica para todos.
Em países em desenvolvimento e em regiões com infraestru-
tura limitada, a telessaúde pode ser utilizada para facilitar a
comunicação entre centros de saúde e hospitais de referência
ou terciários. No entanto, apesar de sua grande aplicabilida-
de, estes recursos não estão sendo utilizados em larga escala
devido a uma série de barreiras, como a baixa conectividade,
fornecimento irregular de electricidade, equipamentos de
comunicação que não se adequam ao clima tropical, factores
culturais, questões legais e poucos estudos de avaliação de
seu custo benefício e efetividade. Adicionalmente, os custos
com equipamento, transporte, manutenção e formação de
recursos humanos em saúde têm limitado a implementação
da telessaúde.
Os obstáculos culturais envolvem principalmente a resistên-
cia inicial de alguns profissionais da saúde em adoptar mo-
delos de atendimento que diferem de abordagens tradicio-
nais. Além disso, mesmo que estejam dispostos a utilizar a
telessaúde, ainda lhes falta a alfabetização tecnológica e equi-
pamentos necessários para utilizar os recursos de maneira
adequada.
Deve-se também levar em consideração as questões legais,
como a elaboração de um regulamento médico internacio-
nal que dê suporte aos profissionais de saúde que oferecem
serviços de telessaúde em diferentes jurisdições e países; de
políticas que regulem a privacidade e confidencialidade do
paciente no que diz respeito à transferência e armazenamen-
to de informações; o compartilhamento dos dados entre os
profissionais de saúde e jurisdições; e maneiras de se auten-
ticar os profissionais de saúde, principalmente em comuni-
cação por e-mail.
Todos os países enfrentam inúmeras questões éticas em rela-
ção ao profissionalismo, confidencialidade, dignidade e pri-
vacidade dos dados, que estão ligadas ao uso deTIC. Uma das
grandes discussões é o uso da telessaúde por profissionais de
saúde de diferentes
países.Asdúvidas giram em torno da fal-
ta de uma regulamentação internacional e responsabilidade
pelo serviço oferecido.
Outro desafio a ser superado é a falta de estudos sólidos so-
bre a avaliação do custo benefício da telessaúde e sua eficá-
cia. Um verdadeiro empecilho quando há a necessidade de se
convencer formuladores de políticas e investidores a apoiar
sua implementação.A evidência mostra ainda a ausência fre-
quente de planos de negócio que identifiquem com clareza
as necessidades de recursos necessários, não só para o arran-
que mas também o seu desenvolvimento sustentado (Maia,
Coreia & Lapão, 2015). Sem esquecer que, apesar de a teles-
saúde facilitar o diagnóstico, o tratamento ainda depende dos
recursos locais, como a disponibilidade de medicamentos,
qualidade e quantidade de recursos médicos e presença de
profissionais capacitados, etc. Sem o conhecimento do con-
texto local, é difícil integrar a telessaúde de maneira eficaz.
No entanto, mesmo com as inúmeras dificuldades, muitos
países têm obtido resultados animadores com a telessaúde.
Um fator de incentivo ao uso da telessaúde tem sido o po-
tencial para diminuir o transporte e encaminhamento de pa-
cientes.Além do seu contributo para fixar os profissionais de
saúde em zonas rurais, pois oferece suporte e oportunidades
para a continuidade de sua prática diária e sua formação pro-
fissional.
Como Zbar e colaboradores atestam: “a telessaúde cria uma
universidade sem fronteiras que promove crescimento aca-
démico e independência porque cirurgiões locais e outros
profissionais têm acesso direto aos especialistas do mundo
desenvolvido”. Esta parceria beneficia ambos os lados já que
profissionais da saúde de nações desenvolvidas têm a opor-
tunidade de aprender a tratar doenças que eles raramente
entram em contacto. Sem desprezar sua aplicabilidade no
contexto de desastres naturais ou não, na qual as TIC po-
dem facilitar a comunicação entre os centros especializados
em trauma e os profissionais que se encontram no terreno,
criando uma verdadeira rede de suporte.
3.2.Teleducação
A área da teleducação é das mais desenvolvidas e por isso
também muito promissora num mundo a globalizar-se.A te-
leducação permite conjugar duas realidades, o aumento de
procura por conhecimento específico e o acesso a especialis-