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S67

Plano Estratégico de Cooperação em Saúde na CPLP

rá e opinará em tempo posterior (forma assíncrona);

Teleconsulta em tempo real: consulta fornecida por um

médico distante do utente, com recurso à utilização de co-

municações interativas, audiovisuais e de dados, com a pre-

sença do doente junto de outro médico numa outra localiza-

ção e com registo obrigatório no equipamento e no processo

clínico do doente. Esta comunicação efetua-se em simultâ-

neo (de forma síncrona);

Utilização de telessaúde na consulta externa (teleconsul-

ta): utilização de comunicações interativas, audiovisuais e de

dados em consulta médica, com a presença do doente, a qual

utiliza estes meios para obter parecer à distância de, pelo

menos, outro médico e com registo obrigatório no equipa-

mento e no processo clínico do doente.

Considerando que a telessaúde é a prestação de serviços

de saúde à distância, as possibilidades para consultar espe-

cialistas, enviar exames histopatológicos, ECG, RX e fotos

para obter uma segunda opinião ou simplesmente consultar

colegas que estejam em outros centros médicos mais espe-

cializados, são enormes. Atualmente, já existem um sólido

conjunto de experiências bem-sucedidas com tratamento e

até intervenções cirúrgicas feitas à distância.

O uso adequado da telessaúde tem um grande potencial para

aumentar o acesso a serviços de saúde, já que atendimentos

e diagnósticos que antes só eram possíveis em centros de

maior complexidade, podem, com o advento desta tecnolo-

gia, ser realizados em nível local e mesmo comunitário. Da

mesma forma, especialista em hospitais centrais e centros

especializados passam a interagir com colegas que se encon-

tram em outros locais e desta forma criam uma rede de co-

nhecimento que é benéfica para todos.

Em países em desenvolvimento e em regiões com infraestru-

tura limitada, a telessaúde pode ser utilizada para facilitar a

comunicação entre centros de saúde e hospitais de referência

ou terciários. No entanto, apesar de sua grande aplicabilida-

de, estes recursos não estão sendo utilizados em larga escala

devido a uma série de barreiras, como a baixa conectividade,

fornecimento irregular de electricidade, equipamentos de

comunicação que não se adequam ao clima tropical, factores

culturais, questões legais e poucos estudos de avaliação de

seu custo benefício e efetividade. Adicionalmente, os custos

com equipamento, transporte, manutenção e formação de

recursos humanos em saúde têm limitado a implementação

da telessaúde.

Os obstáculos culturais envolvem principalmente a resistên-

cia inicial de alguns profissionais da saúde em adoptar mo-

delos de atendimento que diferem de abordagens tradicio-

nais. Além disso, mesmo que estejam dispostos a utilizar a

telessaúde, ainda lhes falta a alfabetização tecnológica e equi-

pamentos necessários para utilizar os recursos de maneira

adequada.

Deve-se também levar em consideração as questões legais,

como a elaboração de um regulamento médico internacio-

nal que dê suporte aos profissionais de saúde que oferecem

serviços de telessaúde em diferentes jurisdições e países; de

políticas que regulem a privacidade e confidencialidade do

paciente no que diz respeito à transferência e armazenamen-

to de informações; o compartilhamento dos dados entre os

profissionais de saúde e jurisdições; e maneiras de se auten-

ticar os profissionais de saúde, principalmente em comuni-

cação por e-mail.

Todos os países enfrentam inúmeras questões éticas em rela-

ção ao profissionalismo, confidencialidade, dignidade e pri-

vacidade dos dados, que estão ligadas ao uso deTIC. Uma das

grandes discussões é o uso da telessaúde por profissionais de

saúde de diferentes

países.As

dúvidas giram em torno da fal-

ta de uma regulamentação internacional e responsabilidade

pelo serviço oferecido.

Outro desafio a ser superado é a falta de estudos sólidos so-

bre a avaliação do custo benefício da telessaúde e sua eficá-

cia. Um verdadeiro empecilho quando há a necessidade de se

convencer formuladores de políticas e investidores a apoiar

sua implementação.A evidência mostra ainda a ausência fre-

quente de planos de negócio que identifiquem com clareza

as necessidades de recursos necessários, não só para o arran-

que mas também o seu desenvolvimento sustentado (Maia,

Coreia & Lapão, 2015). Sem esquecer que, apesar de a teles-

saúde facilitar o diagnóstico, o tratamento ainda depende dos

recursos locais, como a disponibilidade de medicamentos,

qualidade e quantidade de recursos médicos e presença de

profissionais capacitados, etc. Sem o conhecimento do con-

texto local, é difícil integrar a telessaúde de maneira eficaz.

No entanto, mesmo com as inúmeras dificuldades, muitos

países têm obtido resultados animadores com a telessaúde.

Um fator de incentivo ao uso da telessaúde tem sido o po-

tencial para diminuir o transporte e encaminhamento de pa-

cientes.Além do seu contributo para fixar os profissionais de

saúde em zonas rurais, pois oferece suporte e oportunidades

para a continuidade de sua prática diária e sua formação pro-

fissional.

Como Zbar e colaboradores atestam: “a telessaúde cria uma

universidade sem fronteiras que promove crescimento aca-

démico e independência porque cirurgiões locais e outros

profissionais têm acesso direto aos especialistas do mundo

desenvolvido”. Esta parceria beneficia ambos os lados já que

profissionais da saúde de nações desenvolvidas têm a opor-

tunidade de aprender a tratar doenças que eles raramente

entram em contacto. Sem desprezar sua aplicabilidade no

contexto de desastres naturais ou não, na qual as TIC po-

dem facilitar a comunicação entre os centros especializados

em trauma e os profissionais que se encontram no terreno,

criando uma verdadeira rede de suporte.

3.2.Teleducação

A área da teleducação é das mais desenvolvidas e por isso

também muito promissora num mundo a globalizar-se.A te-

leducação permite conjugar duas realidades, o aumento de

procura por conhecimento específico e o acesso a especialis-