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ta que podem contribuir com a evidência.
O Ministério da Saúde de Angola iniciou um projeto em
2013 nesta área, está pois a dar os primeiros passos em co-
laboração com parceiros internacionais (Universidades da
Suíça e de Portugal). Conta já neste momento com um con-
junto de cursos disponíveis em português e estão a ser cria-
dos novos todas as semanas. O Brasil dispõe neste momento
de uma das redes mais avançadas em teleducação do mundo.
A RUTE facilita o acesso e a formação de profissionais da
saúde. Portugal também se utiliza a teleducação, mas mais
focada na teleducação para formação interna (e a crescer nos
últimos anos), o que faz dela um instrumento importante
de potencial a formação de profissionais de Saúde em Cabo
Verde (cardiologia pediátrica, cardiologia, obstetrícia, etc.)
e em São Tomé e Príncipe (cardiologia e obstetrícia). Cabo
Verde desde 2005 que vem potenciando a telessaúde para a
área da formação interna, como a cardiologia.
4. Experiência de telessaúde nos Estados
membros da CPLP
4.1. Angola
Angola vem apostando na telessaúde sobretudo desde 2013
em associação com o Hospital Universitário de Genebra.
Em Angola, este projeto está centrado para apoiar a rede de
segunda opinião, sobretudo para os médicos localizados em
zonas rurais do país e no contexto da estratégia de munici-
palização (Ministério da Saúde de Angola) e de melhoria de
acesso aos serviços de saúde.
Iniciou-se recentemente uma segunda fase deste projeto com
o envolvimento do Instituto de Higiene e Medicina Tropical
da Universidade Nova de Lisboa (IHM/UNL), para alargar
as áreas de atuação e para apoiar a estratégia de municipali-
zação a mais municípios. O projeto RAFT tem sido imple-
mentado e consolidado no âmbito do projeto de Reforço dos
Serviços Municipais de Saúde encontrando-se já em pleno
funcionamento e desenvolvimento em estruturas centrais de
Luanda como o Hospital Américo Boavida e o Hospital Pe-
diátrico David Bernardino, mas também nos hospitais gerais
das províncias de Bengo, Lunda Sul, Malanje, Cabinda e Bié,
de onde será expandida a rede para todo o país.
Nesta fase de expansão da rede em Angola, procura-se an-
gariar mais participantes, tanto colaboradores em telecon-
sultas ou em teleformação, como alunos e receptores da
informação, das teleconsultas.Tal irá estimular a comunica-
ção, o fluxo de informação e o crescendo de utilizadores,
promovendo a fidelização dos participantes e motivando
para a criação de conteúdos diversificados, adequados e de
qualidade. Desta forma optou-se por convidar à colaboração
de médicos de língua portuguesa, promovendo a discussão,
a educação e a troca de conhecimento em matéria de saúde
e de cuidados primários. Além deste programa coexistem
os seguintes projetos no terreno, alguns ainda continuam a
funcionar outros tem tido dificuldade em manter-se ativos:
a)
INteractive TeleConsultation Network for Worldwide
HealthcAre Services (INCAS)
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, desde 1999, para contribuir
para a melhoria dos serviços de saúde em áreas remotas e
apoiar os médicos com os diagnósticos e tratamentos de ro-
tina;
b)
Hospital Divina Providencia de Angola Project (HDP)
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,
desde 2001, centrado em cuidados pediátricos e serviços de
radiologia (com os Hospitais Universitários de Coimbra);
c)
TeleECG andTeleEchocardiography
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, desde 2008, para
apoio remoto em diagnósticos e reportar ECG e ecocardio-
gramas, entre Portugal e Angola.
4.2. Brasil
O Brasil tem investido de forma intensa na telessaúde, trans-
formado hoje em estrutura estratégica, principalmente pela
participação integrada do Ministério da Educação, Ministé-
rio da Ciência,Tecnologia e Inovação, e Ministério da Saúde,
através de uma rede de especialistas, profissionais da saúde,
bioinformática, biomedicina, residentes, agências de pesqui-
sa, regulação, secretarias estaduais e municipais de saúde
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.
A implantação e o avanço das iniciativas em telessaúde no
Brasil representam um marco importante na compreensão
da importância da inserção definitiva das redes académicas
na área da saúde, para a execução e a orientação da evolução
das recomendações nas áreas de assistência remota, educação
permanente, pesquisa colaborativa, gestão, monitoramen-
to e avaliação dos processos e serviços de telessaúde, “para
agregar qualidade às diversas fases da promoção da saúde pú-
blica; seja para curar, prevenir ou cuidar” [37], e acrescenta-
-se: para educar e compartilhar o conhecimento.
NajeebAl-Shorbaji, ex-Diretor do Departamento de Conhe-
cimento, Ética e pesquisa da OMS, em Genebra, afirma que
a iniciativa brasileira
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: “é um excelente exemplo do que um
país pode e tem feito, e destaca as lições que devem ser com-
partilhadas com todo o mundo.”
A Rede Universitária de Telessaúde (Rute) é um programa
coordenado pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)
e integrado ao Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes,
iniciativa da Secretaria de Gestão doTrabalho e Educação em
Saúde (SGTES), do Ministério da Saúde, que busca melhorar
a qualidade do atendimento e da atenção básica no Sistema
Único da Saúde (SUS) e promover a teleassistência e a tele-
-educação junto à Universidade Aberta do Sistema Único de
Saúde (UNA-SUS), facilitando o acesso e a formação de pro-
fissionais da saúde.
São cerca de 50 grupos de interesse especial em várias espe-
cialidades e subespecialidades da saúde, em plena operação,
com 600 sessões anuais de vídeo e webconferências gravadas
e disponibilizadas no Intercâmbio de Conteúdo Digital –
Rute (ICD-Rute). Isso representa uma média diária de 2 a 3
sessões científicas com a participação ativa e colaborativa de
mais de 150 instituições, inclusive da América Latina e PA-
LOP, nas áreas de saúde da família, cardiologia, radiologia,