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S32

Artigo Original

Outras formações médicas pós-graduadas

No âmbito do Plano Estratégico de Cooperação em Saúde da

CPLP, o Centro de Formação Médica Especializada (CFME)

abriu as portas em outubro de 2010, na Cidade da Praia, em

CaboVerde. O CFME teve como entidade proponente a CMLP,

tendo o projeto sido executado pelo Secretariado Executivo da

CPLP, o Ministério da Saúde e a Ordem dos Médicos de Cabo

Verde, e o IHMT-UNL. Funcionou até 2013 e durante este pe-

ríodo realçam-se várias atividades de formação pós-graduada

desenvolvidas no Centro e dirigidas a médicos (não só de Cabo

Verde, mas também de Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e

SãoTomé e Príncipe), nomeadamente o Curso Internacional de

Especialização emSaúde Pública (com a duração de uma ano leti-

vo), o ProgramaAvançado de Gestão para Diretores Clínicos (de

cinco semanas) e a formação em Doenças Infeciosas e Microbio-

logia Clínica (durante 4 semanas).

O Programa Avançado de Gestão para Diretores Clínicos do

IHMT-UNL conheceu ao todo sete edições: três emAngola, duas

em CaboVerde, uma na Guiné-Bissau e outra emMoçambique.

Em 2014 o IHMT-UNL ofereceu aos médicos das Forças Arma-

dasAngolanas um curso de Clínica das DoençasTropicais (com a

duração de 4 meses), que será reditado, mais uma vez em Luan-

da, durante 2016.

De realçar ainda que, cada vez mais, os programas de doutora-

mento em sanduíche ou o recurso a modelos de ensino à dis-

tância (EAD) permitem que recursos escassos, como são os

médicos, possam realizar estudos avançados, sem abandonarem

o país ou minimizando as ausências. Neste âmbito, realçamos a

colaboração do IHMT-UNL com a Ordem dos Médicos de Mo-

çambique para doutorar médicos ou apoiar a sua especialização

em saúde pública, permitindo a frequência dos programas curri-

culares através de modelos vários de EAD. Salientamos também

o ProCAPS Angola (Programa de Capacitação de Recursos de

Saúde emAngola) de 2006, no âmbito do qual foram doutorados

ou serão doutorados cerca de duas dezenas de médicos angola-

nos, que em 2016 vão integrar o corpo docente do doutoramen-

to em Ciências Biomédica do CEDUMED desenvolvido com o

apoio do IHMT-UNL.

Na FMUAN acaba tambémde ser aprovado oDoutoramento em

Saúde Pública com apoio da FCG.

Com financiamento da Fundação Merck Sharp e Dhome, da

FCG e do IPAD/Instituto Camões, tem sido possível acolher no

IHMT-UNL médicos que concluíram vários estágios profissio-

nais nos hospitais do SNS.

Ainda, com financiamento da FCG (Garcia et al, 2014) e do

IPAD/Instituto Camões, tem sido possível acolher no IHMT-

-UNL, na FMUP e no ISPUP (Instituto de Saúde Pública da Uni-

versidade do Porto), vários médicos dos PaísesAfricanos de Lín-

gua Portuguesa, tendo sido já concluídos vários doutoramentos.

Na Faculdade de Medicina da UniLúrio o IHMT-UNL apoia

ainda o Mestrado em Saúde Pública e Medicina Tropical, parti-

cipando na sua comissão científica e assumindo a lecionação de

unidades curriculares diversas e orientações de teses.

Participação em órgãos

de governação académica

e integração do corpo docente

de várias instituições académicas

A participação de dirigentes médicos dos Ministérios da Saúde,

das Forças Armadas, dos Serviços Nacionais de Saúde, de Facul-

dades de Medicina, de Ordens Profissisonais, de Centros de In-

vestigação e de Educação Médica dos diversos países africanos

lusófonos nos órgãos de gestão (Conselho de Instituto), consul-

tivos (Conselho Consultivo) e no corpo docente do IHMT-UNL

como professores convidados, tem enriquecido a cultura acadé-

mica do IHMT-UNL e facilitado a cooperação norte-sul, orien-

tando as deliberações do IHMT-UNL no sentido de reforçar as

suas atividades de cooperação com o intuito de apoiar a capacida-

de académica das EM dos países desses colaboradores.

Aparticipação de docentes portugueses no corpo docente de EM

africanas e nas comissões científicas de programas de mestrado e

doutoramento dessas EM assim como na Comissão Científica do

CEDUMED emAngola, potenciam a cooperação triangular en-

treAngola, CaboVerde, Moçambique e Portugal.

Planeamento de RHS

Angola, CaboVerde,Moçambique e Guiné-Bissau têm, ao longo

das décadas, desenvolvido versões sucessivas de planos estratégi-

cos para os recursos humanos do setor da saúde.Estes planos têm

reconhecido a sua responsabilidade de diálogo com o setor edu-

cacional para garantir, por parte da saúde, as respostas necessárias

para corresponder às necessidades de docentes e de campos de

estágio para formar profissionais de saúde em geral e médicos

em particular, incluindo a sua formação especializada. Nestes es-

forços tem havido uma cooperação triangular importante envol-

vendo também Portugal e Brasil nos quatro países (Tyrrel et al,

2010; Sidat et al, 2010 a/b).

Discussão

Este panorama de expansão da capacidade de formação médica

nos países africanos lusófonos é, na verdade, muito semelhante

ao encontrado em toda a África Subsariana. Após a criação da

primeira EM na região africana, em 1918, em Dakar no Sene-

gal, o número de novas EM só aumentou significativamente após

a independência colonial, nos anos 60 e 70 e nos últimos vinte

anos temos assistido a um grande crescimento nas EM na região

(ver por exemplo a situação de Moçambique em Republica de

Moçambique, 2013).

A situação nos países lusófonos africanos pode ser explicada por

uma combinação de fatores relacionados, a nível nacional, com o

processo de paz depois de guerras civis, um maior compromis-

so com a saúde e planeamento estratégico da saúde e do ensino

superior.A nível internacional o trabalho que levou ao Relatório