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envolvidos, embora alguns Estados cativem recursos para

apoiar a implementação de alguns objetivos (Polónia [36]) ou

para intervir na correção de desigualdades regionais através

de fundos solidários (Itália [49]).

Tendências recentes no PES Europeu

Com a compreensão de que intervenções sobre situações

agudas a jusante, através do SSS, são uma resposta pouco efe-

tiva para resolver os grandes desafios de saúde, os governos

estão a deslocar a atenção do seu planeamento de um foco

maioritariamente nos CS (um foco que mantém a sua im-

portância nas preocupações generalizadas na Europa com os

custos dos CS e com a sustentabilidade dos SSS) para uma

abordagem mais centrada nos determinantes sociais e na saú-

de em todas as políticas.

Nota-se também a tendência de reforçar os poderes do Es-

tado central no que diz respeito ao planeamento e regulação

do setor. Esta tendência reflete a preocupação generalizada

nos estados europeus com o acesso universal, as desigualda-

des em saúde, a capacidade de responder em tempo útil a

diretivas europeias e a projectos [1] de colaborações trans-

fronteiriças.

No entanto, existem experiências recentes de reforço das

responsabilidades municipais no setor da saúde, em países

como a Holanda [48] e nórdicos [44, 47], que podem ter

relevância para Portugal.

Valores e princípios [69] orientadores

O PES nos países europeus é feito num contexto em que os

Estados Membros (EM) da União Europeia (EU) interioriza-

ram valores como acesso universal a CS de qualidade, equi-

dade, e solidariedade e que se refletem nas políticas comuns

de saúde. A Comissão Europeia (e o Tribunal Europeu) tem

influenciado o planeamento nacional através de orientações

Caixa 3.Fórum para o Desenvolvimento e Implementação de Objetivos de Saúde na Alemanha [70]

O Fórum para o Desenvolvimento e Implementação de Objetivos de Saúde na Alemanha desenvolveu-se face a solicitações de que as políticas de saúde

deveriam estar alinhadas com objetivos, prioridades e metas nacionais. Estas seriam também um meio importante de informar o público interessado.

O Fórum consensualiza metas de saúde mensuráveis e exemplares. Exemplar significa que não há exigência de identificar de forma abrangente todos os

problemas prioritários, mas que o desenvolvimento e a implementação de metas devem ser inicialmente testados usando algumas metas de saúde precisas,

alargando paulatinamente o número de metas quando e se

relevante.As

metas devem:

Ser orientadas para o cidadão e para o doente

Ser orientadas orientadas para a doença, incluindo prevenção

Promover a igualdade de acesso

Promover a Integração nos serviços e cuidados de saude

Fortalecer a auto-ajuda

Promover a igualdade de género

Ser baseadas na evidência

Este processo reforça o estabelecimento de metas de saúde como um instrumento complementar para a definição de políticas de saúde de amplitude na-

cional, sempre que possível com referência orientações internacionais.

O foco inclui a determinação de metas, objetivos de enquadramento e submetas para os temas trabalhados. Estes incluem "Diabetes", "Cancro da mama",

"Redução do Consumo de Tabaco", "Crescer com Saúde: Nutrição, Movimento, Superar o Estresse", "Depressão" e "Aumentar a responsabilidade pela

saúde e soberania do paciente".

A seleção dos temas exemplares é pragmática. Isto significa que além da especialização científica, os processos de participação formal e de consenso são

muito importantes. A "abordagem pragmática" baseia-se no pressuposto de que a priorização não pode ser nem um processo puramente científico nem

puramente participativo, mas exige uma mistura de ambos: A base científica ajuda a esclarecer o sentido e a razão das metas. A base consensual e partici-

pativa minimiza falhas de implementação atribuíveis à falta de vontade e de cooperação dos envolvidos. Para além dos critérios científicos (mortalidade,

morbilidade, visibilidade do problema, vulnerabilidade, existência de procedimentos e instrumentos para melhorar o problema, mensurabilidade) foram

também considerados fatores econômicos (custos), éticos, normativos (igualdade de oportunidades na saúde, cidadania e participação do paciente) e crité-

rios pragmáticos (significado do problema na população e na política nacional, existência de protagonistas preparados para os implementar).

O órgão de decisão central do Fórum é a Comissão.A Comissão é pluralista, isto é, consiste num grande número de protagonistas relevantes do setor da

saúde. A Comissão toma decisões sobre a abordagem fundamental e reverte os resultados em recomendações políticas. Um órgão muito importante é o

Grupo de Gestão que faz as recomendações para a orientação e a organização do programa e as estruturas do trabalho da Comissão. A, trabalho especia-

lizado técnico, ou seja, o desenvolvimento de metas e submetas é realizado em Grupos de Trabalho (GT). Em cada GT existe representação de técnicos

do ministério central e dos órgãos regionais e locais, de especialistas temáticos, de médicos, de agências de implementação, instituições de financiamento,

organizações de serviços, associações de doentes, grupos de autoajuda, cientistas …).

O Fórum deixa também recomendações para as medidas a tomar, algumas das quais são muito detalhadas e outras que não passam de um esboço de uma

área de operação. Isto dá aos protagonistas e instituições que ainda não participam no Fórum a oportunidade não só para participar na implementação das

medidas, mas também para contribuírem com propostas concretas, que ajudem na concretização dos objetivos de enquadramento, das metas e das subme-

tas. O Fórum aposta na avaliação dos resultados e das medidas, o que dá indicações sobre a sua contribuição para a consecução da meta. Foi decidido que a

avaliação deveria ser formativa e sumativa.

A avaliação formativa permite que o conhecimento adquirido no âmbito da avaliação seja útil para quaisquer outras implementações de medidas ou pacotes

de medidas.A avaliação formativa é, assim, realizada durante a execução das medidas como um "Processo de melhoria contínua". Isto permite adaptações

e modificações rápidas a estas mesmas medidas. Um "efeito colateral"

A avaliação sumativa consiste em comparações pré e pós (comparação da questão em avaliação - estrutura, resultado, processo - antes e depois da execução

da medida). O objetivo da avaliação sumativa é a verificação do grau de realização de todo um conjunto de medidas.

O processo de planeamento, execução e análise da avaliação é realizado por um Conselho Consultivo de Avaliação, pelos executores das medidas e por

especialistas em a avaliação (avaliadores). O Conselho Consultivo de Avaliação desenvolve o conceito de avaliação e estabelece as regras fundamentais

(critérios de avaliação, âmbito da avaliação formativa, obrigações documentais e de informação, tais como relatórios de execução, etc.), que devem ser

consideradas durante a execução da avaliação. Isto assegura que a avaliação possa ser executada de forma consistente e de acordo com normas uniformes

em todos os diferentes subáreas. O Conselho Consultivo de Avaliação, para além dos especialistas tecnicamente comprovados, inclui representantes dos

GT e dos executores.

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