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A n a i s d o I HM T

pios e os instrumentos para o estabelecimento de parcerias

em saúde, em regime de gestão e financiamento privados,

entre o Ministério da Saúde ou outras instituições e serviços

integrados no SNS e outras entidades.

O segundo sector que sofreu profundas alterações foi o dos

cuidados de saúde primários (CSP), com a criação de uma

rede constituída pelos centros de saúde integrados no SNS,

por entidades do sector privado que prestem CSP a utentes

do SNS e, ainda, por profissionais e agrupamentos de pro-

fissionais em regime liberal, com quem sejam celebrados

contratos.

A política do medicamento apresentou resultados positivos

no curto prazo, com a promoção dos genéricos e o estabele-

cimento dos preços de referência.

Foi no fim desta fase que foi aprovado o PNS 2004-2010

(DGS 2004).

Uma

sexta fase

corresponde às políticas de saúde do gover-

no PS, de 2005 a 2011.

Os três objetivos centrais do programa do Governo tradu-

ziam-se na criação das unidades de saúde familiar (USF), a

criação da Rede de Cuidados Continuados Integrados e no

assegurar de boas contas no SNS.

A USF obedecia aos seguintes princípios:

pequenas equipas multiprofissionais e auto-organizadas;

autonomia organizativa funcional e técnica;

contratualização de uma carteira básica de serviços;

sistema retributivo que premiasse a produtividade, acessi-

bilidade e qualidade.

Outra alteração importante na organização dos CSP tra-

duziu-se na criação dos agrupamentos de centros de saúde

(ACES) visando criar uma nova autonomia gestionária assen-

te num modelo de contratualização promovido pelas admi-

nistrações regionais de saúde (ARS).

Quanto ao segundo objetivo central do programa do Go-

verno, em 2006 é aprovado o diploma que criou a Rede

Nacional de Cuidados Continuados de Saúde a Idosos e De-

pendentes.

A rede de cuidados continuados cruza todo o sistema público

de saúde, sendo articulada, de modo intersectorial, com o

sector social como parceiro de excelência. O modelo assen-

ta em distintas tipologias de respostas, a utilizar consoante

a fase da própria evolução da dependência. Compreende

cuidados de natureza preventiva, recuperadora e paliativa, e

constitui um novo nível intermédio de cuidados de saúde e

de apoio social, entre o internamento hospitalar e os cuida-

dos de base comunitária.

O terceiro objetivo central do programa do Governo consis-

tia em assegurar boas contas no SNS.

As medidas de consolidação orçamental concentraram-se

em dois capítulos da despesa que representam mais de um

terço do respetivo gasto público: os medicamentos, tanto os

vendidos nas farmácias, como os dispensados em hospitais e

as convenções com meios complementares de diagnóstico e

terapêutica celebradas entre o SNS e prestadores privados.

É nesta fase que foi criado o Alto Comissariado da Saúde

(ACS), responsável pela implementação, monitorização e

avaliação do PNS 2004-2010 (WHO 2010 a) e que se come-

ça a reflectir sobre o próximo PNS para 2011-2016.

A

sétima e última fase

inicia-se em Maio de 2011 com

o Memorando de Entendimento (ME) celebrado entre o

Governo Português, a Comissão Europeia, o Banco Central

Europeu e o Fundo Monetário Internacional sobre as medi-

das específicas de política económica que condicionavam a

atribuição de ajuda externa a Portugal. O ME dedica quatro

das suas trinta e três páginas à saúde.

O ME respeita o princípio da subsidiariedade em que se ba-

seiam as relações entre Estados Membros e a União Euro-

peia. Não contém nenhuma determinação sobre o modelo

de organização dos serviços de saúde, a qual permanece res-

ponsabilidade plena do País. Mas não se limita a uma mera

descrição das rubricas da atual despesa onde seja necessário

gastar menos recursos públicos.Vai mais além, recomendan-

do a prossecução de políticas já iniciadas como a criação de

USF, a atualização e alargamento das taxas moderadoras, a

empresarialização de pequenos e médios hospitais em cen-

tros hospitalares de gestão integrada ou mesmo única, e a

prossecução da política de genéricos e de redução dos custos

de distribuição dos medicamentos nas farmácias de venda a

público, a criação de tectos às deduções fiscais dos gastos pri-

vados em Saúde, tal como era proposto no Relatório sobre a

Sustentabilidade Financeira do SNS, bem como a reconver-

são da ADSE em uma entidade financiadora auto-sustentada

(já recomendada no referido relatório) (Simões

et al

2007).

O Programa do atual Governo defende um “

sistema

”universal e

com tendencial gratuitidade, a continuação do processo de con-

cessão da gestão de hospitais ao sector privado, a livre escolha

de médico de família, reconhecida na lei que criou as unidades

de saúde familiares, seria agora estimulada e as USF modelo C

2

,

também já previstas na lei, mas ainda por regulamentar, pode-

riam ser concessionadas aos sectores privado e social.

Na prática, a atuação do Governo tem-se focado na dimi-

nuição do gasto público em saúde, em particular na área do

medicamento, na despesa hospitalar, nas convenções com o

sector privado.

No

momento atual,

um artigo de opinião do Ministro da

Saúde reconhece que “

uma sociedade saudável cria mais valor

” e

que “

os resultados de saúde colocam o país num lugar cimeiro em

comparações internacionais

”. Reconhecem-se as ”

oportunidades

de melhorar a eficiência do nosso sistema de saúde

”, evidenciadas

pela “

assimetria de resultados … regiões (que) apresentam desempe-

nhos que se afastam do padrão médio.Para o mesmo ato,encontramos

preços diferentes. Para o mesmo regime profissional, deparamo-nos

2

USF de modelo C é um modelo experimental que abrange as USF dos

sectores social, cooperativo e privado, articuladas com o centro de

saúde, mas sem qualquer dependência hierárquica deste, baseando a

sua atividade num contrato-programa estabelecido com a ARS respeti-

va, através do departamento de contratualização, e sujeitas a controlo

e avaliação externa desta ou de outras entidades autorizadas para o

efeito, com a obrigatoriedade de obter a acreditação num horizonte

máximo de três anos.