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A n a i s d o I HM T

tabelecer prioridades de intervenção.A resposta aos principais

problemas de saúde identificados passou pela elaboração de

Programas Nacionais (ou revisão dos existentes), com forte

impato nas estratégias de saúde dasARS e das RegiõesAutóno-

mas dosAçores e Madeira, tendo sido concretizados 22 dos 40

programas inicialmente previstos (WHO 2010a).

Em 2009, dando seguimento à decisão governamental para

elaboração de um novo Plano “

orientado no sentido de uma

priorização clara das intervenções, com base na evidência acerca do

que gera mais ganhos em saúde

” (Governo de Portugal 2009), o

Alto Comissariado da Saúde (ACS) deu início à construção

do

PNS 2011-2016

(ACS 2010a (Beja 2011).

O processo de construção do PNS 2011-2016 começou por

ser orientado por dois dos autores (JS e PF) apoiados por um

GabineteTécnico no ACS (onde se encontrava MC) e por vá-

rios peritos (incluindo ZH), gestores regionais e um Conselho

Consultivo que incluía parceiros de vários quadrantes (todos

os ministérios do governo, academia, fundações e outras OSC,

sector privado, ordens, corporações e associações profissio-

nais). No âmbito desta construção, foi implementado um Pla-

no de Comunicação que incluiu, entre outros, a edição de um

boletim em papel,

Pensar Saúde

(http://www.acs.min-saude

.

pt/pns2012-2016/files/2010/02/Boletim-Pensar-Saude-

-N%C2%BA01.pdf), e uma forte aposta na produção de con-

teúdos paraWeb 2.0 – criação de uma

newsletter

, de um

Twitter

e de um

microsite

com funções de informação e repositório de

toda a documentação produzida, aberto à sociedade civil para

inserção de comentários, garantindo acessibilidade a informa-

ção e transparência de todo o processo (ACS 2010e).

Em meados de 2010 e depois de um ano de debates, fóruns,

consultas, análises e reflexões colectivas e individuais, de re-

curso a dados nacionais e internacionais, a publicações sobre

o sistema de saúde português e sobre a saúde dos portugueses

e a apreciações internas e avaliações externas (WHO 2010 a

e b), foi possível desenvolver uma reflexão substantiva sobre

as orientações estratégicas necessárias para melhorar a saúde

em Portugal no período entre 2011 e 2016. No início de

2011, a versão preliminar de alguns dos capítulos do novo

Plano foi disponibilizada para consulta no

microsite

do PNS,

tendo a discussão pública do documento sido ali anunciada

em Junho do mesmo ano (ACS 2011, Beja 2011).

Com a extinção do ACS em 2011 e perante os desafios das

novas orientações políticas do governo (Macedo 2012), a

responsabilidade para a elaboração do PNS foi transferida

para a DGS

3

de uma forma inconclusiva e a função de avalia-

ção do PNS é transferida para o Instituto Nacional de Saúde

Dr Ricardo Jorge (INSA) (DL 124/2011).

Propunha-se que a implementação deste Plano fosse orienta-

da por princípios de subsidiariedade, o que implicaria que as

orientações estratégicas nacionais deveriam ser operaciona-

lizadas pelas estruturas mais relevantes e com maior proba-

bilidade de sucesso no SSP - atores do sector público, social e

privado – a todos os níveis do sistema (ACS 2010a).

Assim, os objetivos estratégicos deveriam ser operacionali-

zados por estratégias regionais (alinhadas com as nacionais)

e estratégias locais (alinhadas com as regionais), reflectindo

uma lógica de cascata (Veillard

et al

2010). Para cada objecti-

vo deveriam ser especificadas metas,

smart

4

, a adotar em reu-

nião de consenso nacional. Essas metas deveriam ser tanto

instrumentais como de impacto.

3 . Interfaces da gestão estratégica com a observa-

ção em saúde e as práticas de avaliação

O percurso de recolha de dados sobre saúde, sua análise e

utilização no SSP tem um trajeto muito semelhante ao de

outros países.

Caracteriza-se inicialmente por um excesso de dados, um

défice de análise e de reflexão e uma subutilização significa-

tiva por gestores e governantes. Estes, ou não têm acesso ou

acedem com grande atraso à informação de maior relevância

para a sua atividade de governação e/ou gestão.

A integração na União Europeia e o aparecimento progres-

sivo de novos parceiros dos sectores privado e social, ao

lado dos vários níveis de cuidados do SNS no financiamento

e oferta de serviços, reforçam a perceção da necessidade

de melhores circuitos de informação e de um diálogo re-

forçado.

A crescente complexidade das tecnologias de informação as-

sociada à informatização da recolha de dados sobre práticas

profissionais e resultados em saúde, o desenvolvimento de

instrumentos de colheita de dados (como o inquérito nacio-

nal de saúde, o ECOS

5

, os inquéritos aos centros de saúde e

aos hospitais da DGS com o Instituto Nacional de Estatística)

e a institucionalização da função de observação da saúde (ini-

cialmente no Observatório Nacional de Saúde, mas desde

2007 uma função transversal a todos os departamento do

INSA; no Observatório dos Cuidados de Saúde Primários

na Ordem dos Enfermeiros; no Observatório da Violência

Sobre os Profissionais de Saúde na DGS; no Observatório

Português de Sistemas de Saúde em várias instituições aca-

démica, entre outros) abriu o caminho para se transitar de

uma cultura de monitorização passiva para uma cultura de

avaliação interativa, dialogante e continuada.

A cultura de monitorização foi ainda a dominante durante a

maior parte do período de vigência do PNS 2004-2010. Para

monitorizar o PNS 2004-2010 foram definidos 122 indica-

dores, dos quais 115 tinham metas

smart

associadas. Estes

indicadores estavam organizados em 14 áreas de intervenção

com base em

settings

e no ciclo de vida; 91 desses indicadores

foram monitorizados. Os restantes não o foram por cons-

3

Fechando-se assim um ciclo que teve início com a criação do ACS em

2007 como mecanismo de acompanhamento do PNS e progressiva-

mente com responsabilidades na definiç

ão da

estratégia de saúde –

que anteriormente tinha sido da responsabilidade da DGS.

4

SMART é a sigla de e

S

pecífico,

M

ensurável,

A

lcançável,

R

elevante,

T

emporalmente consignada.

5

Um projeto do INSA de observação da saúde através de entrevistas

telefónicas a um painel de famílias portuguesas (ECOS=Em Casa Ob-

servamos a Saúde).