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A n a i s d o I HM T

sem várias tipologias de avaliação e diferentes tipos informação,

quantitativa e qualitativa, em função dos objetivos pretendidos

(Riggin 1997, Hartz e Ferrinho 2011). Este ‘ecumenismo me-

todológico’, em função dos objetivos, apela a uma ‘triangula-

ção’. Esta triangulação não se caracteriza pela multiplicação de

pontos de vista, nem garante em si mesma uma melhor validade

(Hartz e Ferrinho 2011), pois não é a justaposição ou a multipli-

cação de instrumentos, mas sim integração dos resultados pelo

investigador em torno da lógica de um modelo teórico comum

que constitui a prova da qualidade de uma investigação multi-

-métodos.O conhecimento assim obtido é mais extenso e apro-

fundado pela maior diversida-

de de informações recolhidas

e a validade destas deriva da

profundidade do estudo e da

sua coerência e adequação face

ao modelo teórico subjacente.

Neste caso, os critérios para

combinação da informação

são fornecidos pelos conceitos

e teorias que suportam a in-

vestigação (Minayo 2005).

Esta abordagem reflete a no-

ção de «pragmatismo teórico»

evocada por Datta (1997),

em que o foco primário são

os resultados a obter com

os métodos escolhidos e não

as bases epistemológicas dos

quais emergiram. O termo

«pragmático» corresponde a opções metodológicas que sejam

práticas (operacionais), contextualizadas (considerando oportu-

nidades e limites da situação em que emerge a discussão) e sur-

jam como consequências no modelo conceptual e nos padrões

escolhidos (Hartz e Ferrinho 2011).

Para além destas preocupações existe a necessidade de assegu-

rar qualidade da avaliação, tendo o norte-americano “

Centers for

Disease Control and Prevention

” (CDC) desenvolvido um conjun-

to de quatro padrões que permitem assegurar a qualidade da

avaliação: utilidade (a avaliação é reconhecida como útil e as

informações recolhidas respondem às necessidades); exequibi-

lidade (avaliação é exequível); propriedade (avaliação respeita

os princípios éticos); precisão (a informação recolhida é precisa

e adequada às necessidades, as conclusões são justificadas e o

conhecimento é partilhado) (CDC 2005, Hartz 2006).

A complexidade inerente à avaliação exige que esta não seja

ad

hoc

, mas que resulte de uma ação planeada e de carácter institu-

cional. Num estudo recente o

Health and Human Services’ Center

for Disease Control and Prevention

reconheceu que a localização

“óptima” das unidades de avaliação varia com as circunstâncias e

seus propósitos, mas sugere que “

… higher organizational levels

conducted a wider range of analytic activities, consulted more formally

with program offices

…” (GAO 2011).Neste sentido, e dependen-

do do que se quer avaliar, deverão existir instâncias de avaliação

a todos os níveis do sistema de saúde (Hartz e Ferrinho 2011).

A institucionalização da avaliação a nível nacional, regional ou

local, significa integrá-la no sistema organizacional, onde tenha

capacidade para influenciar o comportamento da organização

orientando-o para a acção e para o cumprimento dos objetivos.

Desta forma a avaliação estabelece necessariamente a articula-

ção entre as actividades analíticas e as de gestão. Para que tal seja

possível é necessário desenvolver uma “política de avaliação para

avaliação das políticas” e implementar uma cultura avaliativa.A

implementação desta cultura avaliativa tem como consequência

a integração da avaliação nas operações e rotinas de uma organi-

zação ou sistema social (

mains-

treaming evaluation

), tendo

como principal determinante

o fortalecimento da capaci-

dade de avaliação de todos os

atores envolvidos através de

processos formais e continu-

ados de aprendizagem (Hartz

e Ferrinho 2011). Este aspeto

permite caracterizar a organi-

zação como uma organização

de aprendizagem (Felisberto

et al

2010). Nesta perspetiva,

uma cultura avaliativa frágil

ou inexistente será o oposto

de uma organização de apren-

dizagem na qual os erros e fa-

lhas, resultantes de inovações

ou experimentação com vista

a melhores resultados, não são punidos, mas sim considerados

como momentos de aprendizagem (Mayne 2010).

Associado a esta conceção da avaliação, como ummeio efetivo e

reflexivo de informação, e ao conceito de organização de apren-

dizagem surge o conceito de Políticas Adaptativas. As políticas

assim consideradas apresentam capacidade de se adaptarem a

situações complexas típicas de contextos imprevisíveis, como

é o caso da saúde, não descuidando os objetivos a alcançar. As

políticas adaptativas têm associado um conjunto de indicadores-

-chave que devem ser monitorizados de modo a permitirem a

identificação de desvios face aos objetivos e a introduzirem ajus-

tamentos automáticos em direcção aos resultados pretendidos.

Pela sua natureza as políticas adaptativas procuram implemen-

tar rotinas de avaliação e fomentar o princípio da aprendizagem

permanente, desenvolvendo respostas alternativas às políticas

em curso (Biscaia 2010).

A base do modelo de avaliação proposto para o novo PNS deve-

ria assentar nesta cultura avaliativa, caracterizada pela existência

de uma política de avaliação, reconhecida pelos atores do sis-

tema de saúde como parte integrante do seu dia-a-dia e como

elemento capaz de produzir informação com potencial para re-

organizar as intervenções em direção aos resultados esperados.

Esta característica permitiria cumprir, assim, as recomendações

da OMS (WHO 2010a).

F

IGURA

1 – M

ODELO

EGIPSS

Fonte: Contandriopoulos (2008) 

Fig. 1 -

M

odelo

EGIPSS

Fonte: Contandriopoulos (2008)