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5 . Conclusão

Este texto pretendeu refletir sobre a atual conjuntura e um con-

junto de conceitos pertinentes para a consolidação da avaliação

nas propostas de gestão estratégica da saúde em Portugal. Para

tal, traça-se um breve cenário da evolução do sistema de saúde

português, detendo-se com especial atenção nos três ciclos de

gestão estratégica que este conheceu, coincidentes com a criação

da Estratégia de Saúde para oVirar do Século (1998-2002), a ela-

boração, implementação e avaliação do PNS 2004-2010 e a fase

preparatória do PNS 2011-2016.

Apesar das diferenças de conceção, a concretização das orienta-

ções político-ideológicas que enquadram a política de saúde que

está por detrás dos três documentos traduz-se numa perspetiva

comum de obtenção de Ganhos em Saúde, espelhando a evo-

lução e maturação da sociedade portuguesa e do próprio SNS

(Beja 2011).

Os três documentos propõem uma visão e direção para o sistema

de saúde, identificando-se uma linha de continuidade indiciadora

de consistência associada ao planeamento. Partem do conheci-

mento existente sobre a saúde da população para consensualizar

prioridades, procuram ter em conta as características, necessida-

des e recursos do sistema de saúde e são alinhados com a evidên-

cia, orientações e boas práticas internacionais. Estas característi-

cas, bem como a integração de múltiplos atores no planeamento,

refletem uma preocupação de ancorar estes processos na realida-

de e contextos em que decorram.

Considera-se que a revisão de literatura, a reflexão sobre os

conceitos apresentados e sobre os três ciclos de estratégias de

saúde e a análise do que em Portugal se observa sobre saúde

e o que se tem avaliado, e como se tem avaliado, no setor for-

nece potenciais contributos à institucionalização da avaliação

do próximo PNS e à implementação de uma cultura avaliativa

no sistema português (Hartz e Ferrinho 2011).A importância

destes dois aspetos foi salientada e recomendada em relatórios

da OMS (WHO 2010a e b).

Os indicadores de saúde apresentam uma elevada relevância

enquanto elementos que fornecem informação e que se po-

dem constituir como facilitadores das mudanças organizacio-

nais, pois possuem capacidade de convencer os que decidem e

os que executam, assim como de mobilizar a população para

o alcance das prioridades nacionais. Para que todos estes as-

petos ocorram é necessária a institucionalização da avaliação

por parte das estruturas governamentais e a implementação

de instâncias avaliativas capazes de fomentar a informação para

a tomada de decisão.

É já consensual que as políticas públicas devem ser acompanhadas

de avaliações sistemáticas, enquanto procedimentos institucionais,

adaptando-se continuamente em função dos resultados e reco-

mendações fornecidas.A avaliação reveste-se assim de um carác-

ter utilitário, sendo necessário questionar a capacidade desta para

produzir as informações e julgamentos que permitammelhorar o

desempenho dos sistemas de saúde (meta-avaliação) e as políticas

implementadas.

O modelo de avaliação recomendado para o próximo PNS

tem vindo a ser testado na Europa (Bélgica, França, Suí-

ça), em África (Marrocos, Senegal,Tunísia e nas Américas

(Brasil, Québec). Reforçaria a intenção de contemplar a

institucionalização da avaliação, articular valores, orien-

tações e objetivos estratégicos com a monitorização de

indicadores e de metas, através do envolvimento e res-

ponsabilidade de todos na obtenção de ganhos em saúde.

Para que a institucionalização da avaliação venha a de-

correr com sucesso será necessário uma maior conscien-

cialização dos benefícios e vantagens da avaliação e a sua

incorporação nas estruturas governamentais, consideran-

do sempre o desenvolvimento de parcerias com outros

sectores responsáveis pela obtenção de ganhos em saúde.

Esta integração da avaliação nas estruturas governamen-

tais – em particular no INSA e na ERS – será expressão

vibrante da existência de uma política de avaliação (Hartz

e Ferrinho, 2011).

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Artigo Original