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A n a i s d o I HM T

os desafios da gestão de recursos humanos da saúde (RHS) nos

países de baixa renda (4).

Na palestra proferida pelo Investigador do IHMT Giuliano Rus-

so sobre o sector privado da saúde em África, realçou-se como,

apesar da cada vez maior importância do sector lucrativo na

oferta de serviços sanitários em países de baixa renda, pouco se

sabe sobre as formas e as motivações destes agentes em África.

Neste sentido, ao longo das últimas 3 décadas, os investigadores

do IHMT publicaram pelo menos oito trabalhos de investigação

em revistas científicas de elevado factor de impacto, sobre três

grandes áreas referentes ao sector privado da saúde em África.

São eles:

As práticas de sobrevivência dos profissionais da saúde no

sector privado da saúde nos PALOP (5–9);

O duplo emprego dos médicos (5,10);

O sector farmacêutico privado em África (11).

Nesta apresentação conclui-se que a actividade de investigação

do IHMT proporcionou três grandes contribuições para o co-

nhecimento da área, a saber:

Colocar os PALOP no mapa da investigação do sector priva-

do da saúde;

Revelar a riqueza do mundo marginal dos prestadores infor-

mais de serviços de saúde em África, e;

Contribuir para o debate global sobre a definição dos merca-

dos da saúde em países de baixa renda.

Neste sentido, os investigadores do IHMT pretendem continuar

a explorar esta área do sector privado nos PALOP, abrindo linhas

de investigação sobre os médicos que trabalham exclusivamente

no sector privado, sobre as características dos médicos associa-

das com o duplo emprego, e sobre as políticas que os governos

poderiam desenhar para reter médicos no sector público.

A palestra sobre a regulação em saúde foi proferida pelo presi-

dente da entidade Reguladora da Saúde de Portugal, Prof. Jorge

Simões, focou quatro aspectos fundamentais:

A necessidade de regulação em saúde;

A regulação em Portugal;

A regulação noutros países de renda elevada (na Europa e

Estados Unidos), e;

A regulação em África.

No que diz respeito ao primeiro aspecto da necessidade de regu-

lação, salientou-se que o mercado da saúde necessita regulação

por causa de vários factores entre os quais a assimetria de infor-

mações entre consumidores e prestadores de serviços, a falta de

concorrência no mercado, e a pressão exercida pelos objectivos

políticos e de saúde pública no sector.

Em Portugal existem 3 sistemas de saúde sobreponíveis - o Ser-

viços Nacional de Saúde, os esquemas especiais de seguros de

saúde para os trabalhadores do aparelho do estado, e os seguros

privados - que tornam o sistema complexo e de difícil regu-

lação. Em alguns países Europeus existe a

European Partnership

for Supervising Organizations in Health Services

, que consiste numa

rede de reguladores, representando actualmente 18 países, com

o objectivo de trocar experiências, fazer trabalho de regulação

conjunto, e melhorar métodos e resultados das acções de regu-

lação em saúde.

Em relação a África, um relatório recente da Organização Mun-

dial da Saúde (12) salientou que os desafios para os sistemas de

saúde dos países Africanos são representados pelo facto do sec-

tor privado muitas vezes complementar o público, desfavore-

cendo quem não tem capacidade para pagar, e que a distinção

entre público e privado está a tornar-se cada vez mais ténue.

Finalmente, salientou-se que há necessidade de desenhar formas

de regulamentação que aproveitem as capacidades dos provedo-

res privados de bens e serviços de saúde, sem comprometer os

objectivos sociais do sector público.

A apresentação do Prof. Gilles Dussault tocou nas vertentes da

atracção e retenção dos profissionais da saúde nos mercados de

trabalho em África, fazendo referência ao artigo corresponden-

te nos Anais do IHMT (4). Na palestra sugeriu-se um

framework

para entender os desafios a serem enfrentados na gestão da força

de trabalho da saúde nos países de baixa renda, tendo sido iden-

tificadas três questões-chave: (a) o aumento de quadros; (b) a

adaptação das competências dos trabalhadores às necessidades

de serviços sanitários da população, e; (c) como melhorar a dis-

tribuição e retenção dos quadros existentes.

Em relação à primeira vertente, foi abordado o facto de que

existem 57 países considerados em crise nos recursos humanos

da saúde, sendo que 37 são países africanos, nos quais é neces-

sário ampliar a oferta de formação. O denominado

skill-mix

,

ou combinação das competências profissionais, foi identificado

como uma questão focal para revisão nos quadros atuais e futu-

ros, para tentar resolver as questões de qualidade e escassez de

recursos humanos. Finalmente, foram discutidas potenciais me-

didas para retenção ligadas à educação e formação dos quadros,

aos incentivos financeiros e profissionalizantes, e às medidas de

regulação do mercado do trabalho.

Discussão e reflexões

Após as apresentações, uma série de perguntas e refle-

xões foram emergindo da discussão dos temas apresen-

tados, e das perguntas postas ao painel pela audiência.

No âmbito da apresentação dos trabalhos realizados pelo

IHMT sobre os prestadores de serviços privados nos PA-

LOP, a questão do duplo emprego dos médicos levantou

muito interesse, sobretudo em relação ao prejuízo que

este pode causar para o sector público – particularmente