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A n a i s d o I HM T

4. A cooperação internacional e a Segurança Alimen-

tar e Nutricional [4]

Encerrando a mesa redonda e com a intenção de destacar o papel

que a cooperação internacional pode desempenhar na Segurança

Alimentar e Nutricional, Luiz Eduardo Fonseca [4] enquadra o

tema, destacando que a cooperação internacional, tal como a co-

nhecemos hoje, terá nascido logo após a 2ª guerra mundial quer

no seguimento da devastação que a Europa foi submetida quer

pela organização mundial que se seguiu. O Plano Marshall, que

levou à recuperação da Europa, é apontado como o exemplo do

primeiro grande projecto de cooperação.Aparecem então a coo-

peraçãomultilateral (Nações Unidas e as suas variadas agências, o

Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional) e a bilateral,

assumida pelos países doadores (mais ricos) através de vários me-

canismos nomeadamente através da criação agências especifica-

mente dedicadas ao desenvolvimento.

Independentemente das boas vontades, o protagonismo que cada

actor quis implementar gerou, quase sempre, a que os objecti-

vos fossem muitas vezes definidos pelos doadores, à criação de

dependências, à fragmentação de recursos e a que os resultados

ficassem aquém dos esperados. Na última década, coordenados

pelo Comité deAjuda ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE, os

doadores têm dedicado muita da sua discussão teórica à proble-

mática da eficácia da ajuda através de várias reuniões internacio-

nais como a de Paris em 2006,Acra em 2008 e Busan em 2011

de onde ressaltam a importância da necessidade de coordenação

entre os actores envolvidos nomeadamente com os emergentes

países do Sul.

É evidente que a capacitação, não apenas dos indivíduos mas das

instituições dos países receptores, parece ser a forma mais ade-

quada de se dar um passo em frente no tocante a una cooperação

cada vez mais estruturante não só no sentido de saber “fazer”mas

também de saber “planear” por forma a consolidar a sustentabili-

dade em cada um dos sectores e assim da sociedade.

São ainda apresentados resultados específicos na área da saúde não

só em termos de conferências internacionais, como indicadores

específicos sobre a saúde em algumas das regiões em vias de de-

senvolvimento nomeadamente no que diz respeito à esperança de

vida, à situação de desnutrição assimcomo para a importância que

as políticas definidas por cada governo, poderão influenciar tais

indicadores.O autor defende que é aqui, que até por “imperativos

éticos”, a cooperação internacional deverá intervir para que, de

um modo cada vez mais sustentável, conseguirmos alcançar um

mundo cada vez mais equitativo. É este o desafio.

Reflexões finais

As crianças são um dos grupos mais vulneráveis à insegurança

alimentar. Se o défice de crescimento é um indicador importan-

te deste problema, o compromisso do neurodesenvolvimento é

uma consequência mais grave, podendo contribuir para hipote-

car o pleno potencial humano de um país [5,6].

Omovimento Scaling Up Nutrition criado recentemente criado

por um pequeno mas empenhado grupo de políticos e nutricio-

nistas procura combater a desnutrição galvanizando peritos em

agricultura, saúde, protecção social e finança.Com cariz pragmá-

tico, este movimento não é movido pela retórica ou por posições

políticas, mas pela produção de evidência e resultados práticos

[7,8].

No combate à desnutrição infantil, há soluções relativamente

simples e não muito onerosas, como a suplementação por rotina

com ferro e ácido fólico a grávidas, a promoção da amamentação,

a suplementação com vitaminaA em crianças entre os seis meses

e cinco anos, a desparasitação de crianças entre os doze meses e

cinco anos, a fortificação de farinha de milho e trigo com ácido

fólico ou ferro e o acesso à água potável [7,8].

Ainda há um longo caminho a percorrer,mas os resultados apre-

sentados nesta Mesa Redonda são encorajadores e enquadram-se

no caminho proposto pela recentemente constituída ESAN da

CPLP [9,10].

Bibliografia

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7. SUN (2012). SUN movement progress report 2011-2012. URL: http://

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10. Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional - ESAN-CPLP. Parte II

(2011). Visão Estratégica. URL:

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Estrategica%2B26%2B9%2B11.pdf&ei=yqE9UtfiJYiV7AafzoGoDQ&usg=AF

QjCNHd3RNZUdH_iUOzg3HdpVfd5AZipw, acedido em 5/10/2013