Table of Contents Table of Contents
Previous Page  98 / 114 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 98 / 114 Next Page
Page Background

98

Também o 2.º Congresso Nacional de Medicina Tropical

obteve uma cobertura noticiosa nada despiciente, sobretu-

do tendo em conta a escassa cobertura noticiosa que as do-

enças tropicais obtêm nos países ocidentais. Assim sendo,

o que pode explicar o especial interesse dos jornalistas por

este congresso? As atividades de comunicação decorrentes

do congresso possibilitaram que os jornalistas tivessem

acesso a dados científicos atuais e a fontes institucionais

competentes e credíveis, tanto a nível nacional como in-

ternacional, no domínio das doenças tropicais, o que é algo

que não acontece com regularidade, pois, particularmente

na área da saúde, as relações públicas estão concentradas,

na sua maioria, nas mãos de profissionais de comunicação

ao serviço de empresas (farmacêuticas) com interesses co-

merciais.

O número total de notícias veiculadas sobre doenças tropi-

cais, no período em análise, permite constatar que o con-

gresso não só foi bem sucedido na captação de atenção me-

diática, como criou um efeito replicador de notícias sobre

doenças tropicais, caracterizado pelo aparecimento de ou-

tras informações veiculadas por fontes externas à entidade

organizadora do congresso – como foi o caso da DGS, que

anunciou, na mesma altura em que decorria o congresso, a

criação de uma plataforma continental para as doenças tro-

picais. Este efeito “bola-de-neve” mostra que as ações de co-

municação sobre o congresso permitiram não só influenciar

a agenda mediática, mas contribuíram também para influen-

ciar a agenda política.

Para que as doenças tropicais obtenham a visibilidade que

merecem, tanto na arena mediática como na política, pre-

cisam de porta-vozes com força institucional e organizados,

que estejam preparados para dar resposta às necessidades

de informação dos jornalistas nesta área. Esta função deve-

rá, cada vez mais, ser ocupada por instituições científicas e

académicas credíveis ou organizações sem fins lucrativos de

apoio ao desenvolvimento, que deverão assumir-se como

fontes de referência no setor da saúde e como vozes alter-

nativas e credíveis, num contexto informacional atualmente

dominado pelos profissionais de relações públicas das em-

presas farmacêuticas.

Bibliografia

1. Balasegaram M, Balasegaram S, Malvy D, Millet P (2008) Neglected Diseases

in the News: A Content Analysis of Recent International Media Coverage Fo-

cussing on Leishmaniasis and Trypanosomiasis. PLoS Negl Trop Dis 2(5): e234.

doi:10.1371/journal.pntd.0000234

2. Hudacek DL, Kuruvilla S, Kim N, Semrau K,Thea D,

et al

. (2011) Analyzing

Media Coverage of the Global Fund Diseases Compared with Lower Funded

Diseases (Childhood Pneumonia, Diarrhea and Measles). PLoS ONE 6(6):

e20438. doi:10.1371/journal.pone.0020438

3. Adams J, Gurney KA, Pendlebury, D (2012) Thomson Reuters Global Rese-

arch Report Neglected Tropical Diseases

4. D.H. Molyneux. (2010) Neglected tropical diseases – Beyond the tipping

point? The Lancet, 375 (9708), 3-4.

5. Chirac P, Torreele E (2006) Global framework on essential health R&D.

Lancet 367(9522): 1560–1.

6. Hudacek DL, Kuruvilla S, Kim N, Semrau K, Thea D,

et al

. (2011)

Analyzing Media Coverage of the Global Fund Diseases Compared with Lo-

wer Funded Diseases (Childhood Pneumonia, Diarrhea and Measles). PLoS

ONE 6(6): e20438. doi:10.1371/journal.pone.0020438

7. Harcup T, O’Neill D. (2001) What Is News? Galtung and Ruge revisited,

Journalism Studies, 2: 2, 261-280.

8. Balasgaram

et al

, 2008

A Comunicação e os Media