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A n a i s d o I HM T
nalísticos (=21). Exemplos de notícias deste tema são:
“Trinta portugueses vieram de Angola infetados com den-
gue” (Diário de Notícias) e “Portugueses infetados com
dengue” (TVI).
O tema iii, que incluiu quatro artigos, corresponde à cria-
ção de uma plataforma para controlar a entrada de mosqui-
tos em Portugal continental, da qual o IHMT faz parte, uma
informação adiantada pela Direção-Geral da Saúde (DGS),
no período em que o Congresso se encontrava a decorrer.
Um exemplo deste tema é o artigo “Governo cria plano de
contingência para a entrada em Portugal do mosquito (noti-
ciasaominuto.com).
No tema iv, foram reunidas as peças jornalísticas (num total
de 12) que, no contexto do Congresso, abordaram o tra-
balho do IHMT em torno de doenças tropicais específicas,
como a malária e a schistosomose, como por exemplo, a re-
portagem televisiva “Portugal na vanguarda da investigação
sobre a malária” (RTP).
Procedeu-se ainda a uma análise da distribuição dos temas
pelas principais organizações de media, o que poderá ajudar
a compreender diferenças entre os órgãos de comunicação
social na cobertura de temas relacionados com as doenças
tropicais. O Grupo RTP, que inclui a RTP1, RTP Informa-
ção, RTP África, RDP África e RTP Online foi o que pro-
duziu mais conteúdos noticiosos sobre doenças tropicais, no
período em análise, com um total de 22 emissões, sendo que,
em alguns casos, a mesma peça jornalística passou em canais
diferentes do grupo ou repetiu-se em horários e dias dife-
rentes no mesmo canal. Seguiu-se o Grupo Controlinveste
(DN, DN Online, JN, DN Madeira, DN Madeira Online e
TSF Online), com 12 peças, o Jornal i – com um total de
seis artigos, e, por fim, com quatro peças jornalísticas cada, a
Media Capital (TVI eTVI Online), o Público (inclui a versão
em papel e online) e o Grupo Cofina (jornais Correio da
Manhã e Destak e o canal de televisão CMtv).
Discussão e conclusões
Um estudo que analisou a cobertura mediática internacional
na área das doenças tropicais negligenciadas em órgãos de co-
municação social como a BBC, The Guardian e
The NewYorkTimes, identificou uma média de
10 artigos por organização de media num perío-
do superior a quatro anos. [8] Na presente análi-
se, tendo em conta um período de 24 dias con-
secutivos, foi identificada quase uma centena de
peças noticiosas sobre doenças tropicais. Porém,
o estudo referido incidiu numa análise de cober-
tura mediática aleatória e não numa análise do
impacto de intervenções de comunicação con-
cretas para promover a cobertura mediática de
temáticas relacionadas com as doenças tropicais,
como é o objetivo da análise aqui apresentada.
No que concerne à distribuição das diferentes peças jorna-
lísticas por tipo de media, verifica-se que a maioria estão
concentradas na internet, o que seria expectável, uma vez
que atualmente a internet é um meio aglutinador de todos
os outros: praticamente todas as rádios, canais de televisão
ou imprensa escrita têm também uma presença virtual. À
internet segue-se a imprensa escrita, o que será também re-
lativamente esperado, já que determinado tipo de imprensa,
onde se inclui a designada “de referência”, mas também a
imprensa regional, mantém um papel importante na abor-
dagem de temáticas complexas, como é o caso das doenças
tropicais. Contudo, nesta análise, a imprensa é seguida de
muito perto pela televisão no que diz respeito ao número to-
tal de peças jornalísticas difundidas. Este facto causa alguma
surpresa, uma vez que a televisão, na generalidade, tende a
focar a sua cobertura noticiosa mais em aspetos de entrete-
nimento e
fait-divers
do que em temáticas complexas. Não
será, no entanto, irrelevante o facto de a quase totalidade
das peças televisivas sobre doenças tropicais pertencerem ao
Grupo RTP, a estação televisiva que ainda mantém uma cul-
tura de serviço público. Em contrapartida, o pouco interesse
da rádio pela difusão do congresso e de conteúdos relacio-
nados com as doenças tropicais talvez possa ser explicado
pela carência de pessoal dentro das redações, em especial de
jornalistas especializados em temáticas de saúde.
O Grupo Controlinveste é o segundo com mais peças jorna-
lísticas dedicadas às doenças tropicais, no período analisado,
mas isso pode explicar-se pelo elevado número de órgãos de
comunicação que este grupo abrange, no qual se inclui tam-
bém o jornal mais lido na Madeira, região onde se detetou
um surto de dengue, em 2012.
No que diz respeito às subtemáticas identificadas na análise
de conteúdo, o facto de a maioria das notícias ter focado o
surto de dengue emAngola vai ao encontro do que seria ex-
pectável dentro do que já é conhecido das práticas e cultura
jornalística: as doenças tropicais terão interesse para um país
não-endémico se existir um acontecimento com magnitude
(surto ou epidemia) e que possa eventualmente constituir
um risco para a população local (receios de transmissão da
dengue em Portugal continental com a “importação” de ca-
sos não- autóctones).
Organização de Media
Temas
Total
Congresso
Surto
Plataforma
Outros
Grupo RTP
4
6
0
12
22
Media Capital
1
3
0
0
4
Público
1
3
0
0
4
Grupo Controlinveste
5
5
2
0
12
Grupo Cofina
1
3
0
0
4
Jornal i
3
1
2
0
6
Total
15
21
4
12
52
Tabela 2 -
Número de peças jornalísticas das principais organizações deMedia classificadas por tema