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dar origem a um surto com mais de 300 casos

notificados (Rezza

et al.

, 2007).

Em Portugal, até recentemente, o vírus do Nilo

Ocidental (WNV) era dos poucos arbovírus com

atividade registada. Estudos seroepidemiológicos

realizados até 1990 (Filipe e Andrade, 1990; Filipe

et al.

, 1973) sugeriram um baixo nível de

transmissão deste vírus, tendo este sido

laboratorialmente isolado, pela primeira vez, no

início da década de 1970, a partir de mosquitos da

espécie

Anopheles maculipennis

s.l. colhidos no

Alentejo. No entanto, durante o verão de 2004, na

sequência de dois casos de infeção humana, como

resultado de uma colaboração entre as Unidades de

Ensino e Investigação de Virologia e de

Entomologia Médica do IHMT, o vírus volta a ser

isolado no nosso país, desta vez a partir de

mosquitos

Culex pipiens

s.l. e

Cx. Univittatus

,

colhidos junto a Almancil, no Algarve (Esteves

et

al.

, 2005). A caracterização genética da sequência

genómica completa obtida para dosi isolados

laboratoriais, e quase completa para outros dois,

revelou tratar-se de vírus da linhagem 1a, distinto

da estirpe isolada cerca de 30 anos antes em

Portugal e geneticamente semelhante às estirpes

virais circulantes na bacia mediterrânica durante os

anos de 2003 e 2004 (Parreira

et al.

, 2007).

Curiosamente, apesar da circulação do WNV na

bacia mediterrânica se ter mantido regular deste o

início da década de 2000 e da deteção de anticorpos

anti-WNV em cavalos e aves no período de 2004-

2010, incluindo cavalos sintomáticos (Barros

et al.

,

2011), não foram notificados outros casos de

infeção humana no nosso país.

Se, em Portugal, até hoje, fora registada apenas

a circulação limitada do WNV, o ano de 2012

ficará assinalado como aquele em que se

registaram, pela primeira vez, casos de transmissão

autóctone

do

vírus

da

dengue

(

http://ecdc.europa.eu/en/publications/Publication

s/Dengue-Madeira-Portugal-risk-assessment.pdf),

possível devido ao estabelecimento, na ilha da

Madeira, desde 2004, de um dos mais importantes

vetores de arbovírus, o mosquito

Aedes aegypti

(Almeida

et al.

, 2007). Porém, a entrada de

Ae.

aegypti

no território português tornará possível não

só a ocorrência de casos de infeção pelo vírus da

dengue, como também por outros flavivírus e

alfavírus que usam este mosquito como vetor,

sendo um deles o já mencionado vírus

Chikungunya. À medida que a Europa e o Novo

Mundo se expõem à entrada de vírus originalmente

associados a regiões tropicais/subtropicais remotas

do planeta, vai-se tornando cada vez mais premente

a pesquisa de fármacos antivirais específicos

(nenhum dos quais se encontra atualmente

disponível), bem como de potenciais vacinas. É

também nesse objetivo que incide um projeto

presentemente implementado na Unidade de

Ensino e Investigação de Microbiologia Médica do

IHMT.

AGRADECIMENTOS

O trabalho aqui apresentado foi parcialmente

financiado

pela

FCT/MEC

através

de

financiamento plurianual.