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superiores às da técnica de Kato-Katz e quatro

vezes superiores às das técnicas imunológicas.

Igualmente, podem permitir o diagnóstico

simultâneo de várias espécies de

Schistosoma

spp.,

particularmente útil em estudos epidemiológicos.

O controlo da schistosomose depende da

quimioterapia com praziquantel (PZQ). O

tratamento em massa tem sido implementado como

estratégia de controlo, visando redução da

morbilidade e da transmissão da parasitose. A sua

implementação em vários países de África, Médio

Oriente, América do Sul e Ásia tem tido um

impacte significativo na redução da prevalência e

da morbilidade (Koukounari

et al

., 2007).

Com exceção de Cabo Verde, a schistosomose é

endémica em todos os países africanos de

expressão portuguesa. O IHMT sempre contribuiu

significativamente para o conhecimento epidemio-

lógico e controlo da parasitose nestes países. Em

Moçambique, foi realizada uma missão chefiada

pelo Professor Fraga de Azevedo em 1952, o que

permitiu, pela primeira vez, não só conhecer a

epidemiologia, distribuição e incidência da

schistosomose vesical (61,5%) e da schistosomose

intestinal (11,85%) no país e respetivos

hospedeiros intermediários, mas também efetuar os

primeiros ensaios coordenados na luta contra esta

parasitose (Azevedo

et al.

, 1954)

.

Em Angola, desde 1896 até aos anos 70, o

IHMT esteve envolvido emnumerosos estudos que

permitiram conhecer a distribuição e morbilidade

da schistosomose vesical e intestinal no país

(Ferreira, 1953; Grácio 1977/1978a). Na Guiné-

Bissau, a identificação dos primeiros focos de

schistosomose vesical, a sua distribuição e

prevalência datam de 1949, sendo o conhecimento

atual da situação epidemiológica resultante de

estudos efetuados na década de 1990, tendo-se

descrito, pela primeira vez, a ocorrência de

S.

mansoni

na região leste do país, identificado os

hospedeiros intermediários e registado os

primeiros focos de schistosomose vesical na área

suburbana de Bissau (Grácio 1992; Grácio 1995).

Em S. Tomé e Príncipe, os estudos realizados em

1988 contribuíram significativamente para o

conhecimento e clarificação da epidemiologia de

S.

intercalatum

(Grácio, 1988).

Apesar das atividades de controlo resultarem no

declínio da prevalência, as mudanças ambientais

ligadas ao desenvolvimento e manuseamento de

recursos hídricos, o aumento dos movimentos

populacionais e as alterações climáticas, incluindo

o aquecimento global, têm levado à disseminação

da parasitose em regiões de baixa ou nenhuma

endemicidade,

particularmente

na

África

subsaariana (Mangal

et al

., 2008). O uso

sistemático de PZQ começa a apresentar algumas

limitações na ação terapêutica. Casos de fármaco-

resistência ou aumento da tolerância têm sido

relatados.

A investigação atual no IHMT pretende

clarificar os mecanismos genéticos que poderão

estar envolvidos nesta fármaco-resistência Nos

últimos dois anos, conseguimos selecionar, por

pressão de fármaco, uma linha de

S. mansoni

derivada da linha BH, seis vezes resistente à dose

terapêutica recomendada em humanos (40 mg/kg),

a qual se mantém após passagem por molusco

hospedeiro intermediário. No âmbito desta linha de

investigação, propomos: i) avaliar potenciais

reversores do fenótipo de resistência; ii) comparar

os parasitas sensíveis e resistentes a nível

genómico e proteómico; iii) inferir a influência do

fármaco na expressão génica; iv) clarificar o

mecanismo genético de resistência ao PZQ, em

modelo experimental e em amostras de campo de

doentes infetados. Estes estudos contribuirão para

avaliar novos fármacos ou novas combinações

terapêuticas, o que deverá maximizar a utilização

dos poucos fármacos disponíveis para controlo

desta patologia.